Novo Fórum deverá aquecer o mercadoMATHEUS URENHA  CIDADE JUDICIÁRIA Região já abriga o Fórum de Ribeirão Preto e o Ministério Público Estadual, o que atrai grande número de profissionais

A notícia da construção do novo Fórum Trabalhista de Ribeirão Preto já colocou em alerta o mercado imobiliário da cidade. O prédio, que terá cinco mil metros quadrados, vai abrigar as atuais seis varas trabalhistas do município e deverá aquecer o comércio de serviços em torno da Cidade Judiciária, na Nova Ribeirânia.
O bairro, que antes se chamava Jardim Paratodos, ganhou vocação comercial somente com a chegada dos prédios da Justiça, na parte alta do bairro, além do Novo Shopping, na avenida Presidente Kennedy. O aumento no número de escritórios jurídicos e de contabilidade, bares, restaurantes, estacionamentos e pequenas lojas deverá acompanhar o fluxo de pessoas que circularão pelo novo Fórum Trabalhista, que, por sua natureza, será muito movimentado.

Oferta e procura
Para o advogado Edson Enéas Haendchen, que já prestou serviços para o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), a valorização dos imóveis ocorrerá de acordo com a lei de oferta e procura. “Há 25 anos, naquela região, não havia quase nada. No bairro, existiam apenas algumas poucas residências na parte baixa, próximas à avenida Costábile Romano. Na época, era possível comprar lotes de 15 x 30 metros pagando apenas R$ 8 mil. Com a instalação dos prédios do Judiciário, a procura aumentou muito. Houve uma nítida valorização imobiliária. Hoje, terrenos do mesmo tamanho, são negociados por R$ 80 mil a R$ 100 mil”, diz.
Já o diretor da imobiliária Piramid, Adair Porfírio da Silva, não acredita numa valorização muito grande dos imóveis da Nova Ribeirânia, mas afirma que o comércio no entorno da Cidade Judiciária certamente crescerá. “Creio que a valorização daquela área já alcançou um patamar alto, tanto por conta dos atuais prédios da Justiça como pela proximidade com o Novo Shopping”, explica.
O empresário Antônio Carlos Maçonetto, especialista no mercado imobiliário de Ribeirão Preto, também afirma que a valorização do bairro também chegou ao seu limite. Segundo ele, será possível perceber o aumento da procura por escritórios de advocacia e pontos comerciais. “O aumento de circulação de pessoas deverá atrair o comércio, o que já vem acontecendo nos últimos anos”, avalia.
O advogado criminalista Carim José Boutros Júnior trabalha a duas quadras do atual Fórum, onde vai pelo menos três vezes por dia acompanhar processos de clientes. “Trabalhar próximo ao Fórum garante agilidade e economia. Guardo o carro na garagem e faço tudo a pé. Outra grande vantagem são as agências bancárias que ficam no Fórum”, conta.
Carim e mais dois colegas de escritório dividem, há sete anos, o aluguel de uma casa no valor de R$ 850,00. “E ainda existe espaço na casa para mais dois advogados”, diz. Os valores para locação imobiliária na Nova Ribeirânia variam de R$ 600,00, para imóveis residenciais mais simples, a R$ 2,5 mil, referentes a pontos comerciais de maior porte localizados próximos de avenidas ou do prórprio Fórum.

Doação
Na última sexta-feira, dia 27, o prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini, formalizou a doação de um terreno de 4,7 mil metros quadrados para a construção do novo prédio do Fórum Trabalhista. O projeto também prevê uma possível expansão das atividades. A solenidade foi realizada na Casa do Advogado e contou com a participação do presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, Luiz Carlos Araújo.
O juiz já havia visitado a área doada em maio, quando anunciou a liberação de R$ 6,5 milhões, recurso oriundo da Caixa Econômica Federal (CEF), necessários para a construção da obra. Na ocasião, o magistrado manifestou o desejo de transformar Ribeirão Preto numa espécie de regional da Justiça do Trabalho. As obras devem começar ainda este ano.

Judiciário busca verba para ampliação do atual prédio
Na Cidade Judiciária, nem tudo vai bem. O atual prédio do Fórum de Ribeirão Preto necessita de reformas para poder abrigar cartórios, gabinetes e adequações de segurança. A construção de novas alas pode custar R$ 2,5 milhões.
Porém, como Ribeirão Preto ficou de fora do Plano de Obras do Governo do Estado, o Judiciário tentará conquistar verbas por vias políticas.
Segundo o diretor interino do Fórum, juiz Paulo César Gentile, há necessidade urgente de novas Varas judiciais, porém, “mesmo que sejam criadas, a estrutura do prédio não tem como alojá-las”. O prédio necessita de seis novas Varas, com salas de audiência e gabinetes para os juízes e cartórios, além da construção de mais três celas para abrigar réus condenados, elevadores para carga e descarga e uma escada externa para saída de emergência, exigência feita pelo Corpo de Bombeiros.
Segundo a diretora de administração do Fórum, Luci Helena Baltazar Duarte, outra necessidade urgente é a construção de entrada e saída para o público, pelo lado externo do prédio, do salão do júri. Atualmente, para acessar as sessões do júri, o público passa pelo corredor onde ficam os gabinetes e salas de audiência.

ALEXANDRE CAROLO
ESPECIAL PARA A ACIDADE