Abertura de capital e investimentos estrangeiros devem aumentar velocidade de negociações no Brasil.
Um novo mercado imobiliário vem aí. Com a abertura do capital das empresas do setor na bolsa de valores - incluindo na Bolsa de Nova York -, e grandes conglomerados internacionais olhando com bons olhos para o mercado brasileiro, da mesma forma que olharam para a Espanha, há 15 anos, e para o México, há seis, a tendência é que haja uma série de mudanças.
Incorporadoras e imobiliárias precisam se adequar, afirma Elbio Fernández Mera, vice-presidente da Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais de São Paulo) e ex-presidente da unidade brasileira da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias. Ele estará em Ribeirão no próximo dia 25 para a palestra de lançamento do curso de pós-graduação em Negócios Imobiliários da Faap.
"O investimento em imóveis no Brasil vai passar por um processo de valorização muito grande, devido ao volume de capital estrangeiro que está entrando." Segundo ele, em 12 anos os investimentos na Espanha passaram de 11 bilhões de euros para 400 bilhões, enquanto que no México, em seis anos, o capital mais que dobrou.
Alguns dos fatores que estão tornando o mercado brasileiro atraente para incorporadoras estrangeiras é a estabilidade econômica, desvalorização do dólar frente ao real e baixo risco-país. Por outro lado, a redução de juros e maior disponibilidade de financiamento - com vários bancos com mesmo patamar de juros da Caixa Econômica Federal - também colaboram para o aquecimento do setor, ao tornar os imóveis mais acessíveis. Com juros menores, cai o valor das prestações e as pessoas podem comprar num prazo maior.
"Esses fatores vão provocar uma velocidade de oferta de imóveis e de venda muito maior", antecipa Mera.
Com a possível aceleração do mercado, as empresas vão ter que mudar seu posicionamento, na visão do empresário. As incorporadoras, por exemplo, terão que ser ainda mais seletivas em seus negócios - procurar atender o mercado, com apartamentos de dois dormitórios, loteamentos e casas de boa localização - e unir-se a grandes grupos para oferecerem empreendimentos de grande porte. Já as imobiliárias precisarão ampliar sua rede de contatos, inclusive fazendo parcerias com outras do mesmo Estado. Além disso, deverão investir em tecnologia para ter bom cadastro de clientes, prestação de contas clara e rápida e um serviço ágil de informações.
Uma forte tendência hoje no Brasil para acompanhar a velocidade do mercado são as redes de imobiliárias - existem ao menos dez no país. A rede Secov, por exemplo, tem 35 imobiliárias associadas em São Paulo, que atendem todas as regiões da cidade. Há pelo menos 3.000 registros, com preços que variam de R$ 46 mil, cobrados por um apartamento na Barra Funda, até R$ 4,9 milhões, por uma cobertura no Panamby. Em Campinas, a mesma rede conecta 26 imobiliárias, e a idéia é trazer o serviço para Ribeirão.
"A rede estabelece o valor correto para o imóvel. O preço é o mesmo, não muda nada. A vantagem é que o coloca à venda em dez, 15 imobiliárias, que ganham pelo volume de negociações", afirmou Elbio Fernández Mera.
Segundo ele, por meio da rede imóveis semi-novos e usados vão vender muito mais rápido. "Se antes a espera ultrapassava um ano, agora será de cinco, seis meses em média", disse.
ANA LÍGIA VASCONCELLOS