Tempo livre de sobra e dedicação integral ao condomínio. Essas não são mais características predominantes do síndico da Grande São Paulo, de acordo com pesquisa da imobiliária Lello concluída em março deste ano. Ele agora "trabalha fora" e tem de otimizar o processo de gestão do prédio.

A maior parcela (23%) dos síndicos é de empresários, comerciantes e industriais; muitos são profissionais liberais. Cobrados por performance e agilidade na vida profissional, eles literalmente fazem a lição de casa depois do expediente.

"O empresário é bom síndico porque resolve as coisas como se estivesse na empresa", raciocina Fernando Fornícola, 30, diretor administrativo da Aabic (associação das administradoras).

"Quem fica só por conta do prédio cuida dele como se fosse sua casa, implica com detalhes. O menor problema vira um barril de pólvora", opina.

Para ele, o síndico que é um empresário tem uma qualidade imprescindível no mundo executivo: delegar. O zelador tem autonomia para resolver problemas corriqueiros, o que nem sempre acontece em gestões mais amadoras.

Na administração atual, lidar com uma legislação mais complexa e novas tecnologias exige um preparo muito maior, lembra Ana Paula Pellegrino, 35, diretora da imobiliária Adbens. "O síndico precisa ser dinâmico."

"E deve se preocupar em valorizar o patrimônio", completa Maria Lúcia Abdalla, diretora da administradora Oma.

Presença virtual

Não estar no prédio o tempo todo não significa menos dedicação. "O síndico hoje trabalha pela internet", observa Vânia Dal Maso, 40, gerente de condomínios da administradora Itambé.
Além disso, dispõe de uma equipe de apoio mais qualificada. "O "porteiro Zé" virou gestor predial", diz Dal Maso. "O conselho é mais atuante", pontua Pellegrino.

A eleição do síndico adquiriu ares de processo de seleção empresarial. "Os condôminos exigem alguém com conhecimento", avalia Angélica Arbex, 29, supervisora de marketing da Lello.

"E muitos se candidatam para o posto como se fossem políticos", compara Dal Maso. Há quem relate seu perfil, sua plataforma e seu projeto de "governo".

No entanto, o jeito tradicional de administrar ainda existe. "Em prédios de menor padrão, o síndico visa sobretudo à isenção da taxa de condomínio para incrementar a renda", afirma Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária do Secovi-SP (sindicato da habitação).