O poder público deve intervir para remover barreiras ao desenvolvimento? Claro que deve. O menos possível, mas deve.
O sistema capitalista depende, para funcionar bem, de um Estado forte, isto é, dotado de instituições que estimulem o investimento, a competição e a inovação.
Na esfera municipal a ação do poder público, sempre como exceção, pode ser muito útil à expansão correta, do ponto de vista urbanístico, de uma cidade.
Fiquemos com Ribeirão Preto.
Vocês já notaram e nós já comentamos que o desenvolvimento urbano natural, isto é, sem influência e sem fomento do poder público, tem sido no sentido norte sul, muito mais do que no sentido leste oeste.
No sentido norte sul houve sempre a presença firme do poder público municipal, abrindo vias de acesso a lugares, então, não ligados territorialmente à parte já urbanizada.
Vejam o traçado da avenida Independência, com construção iniciada pelo prefeito José Costa, em 1955.
Depois, no rumo da zona norte, a avenida Meira Júnior. Quem rompeu o impedimento do morro do Bosque foi a seqüência da avenida Meira Júnior, obra executada ainda no primeiro governo do prefeito Welson Gasparini (1964/1968).

Ineficiência
A destruição criadora, espécie de darwinismo aplicado à sociedade humana, afirma que empresas morrem por serem ineficientes, destruídas por novos empreendedores, mais eficientes.
O que vale para as empresas, vale para os diversos bairros das cidades. Estes não raro começam a decair. E até partem – muitas vezes – para um processo de necrose urbana.
Este é o caminho para o qual seguia rapidamente o Centro de Ribeirão Preto, não fossem medidas tomadas pelos setores público e privado, que chegaram já não sem tempo.
Mas o urbanismo de Ribeirão Preto está mesmo reclamando uma ação mais eficaz do poder público no sentido de direcionar os investimentos no rumo leste oeste.

Área do Educandário
De um lado encontramos, o campus do CUML (Centro Universitário “Moura Lacerda”), a área do educandário “Quito Junqueira” mais o terreno da CPFL, que limitam a expansão urbana.
De outro, no extremo oposto, o campus da USP e a fazenda da Estação Experimental, da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, fazem o mesmo serviço.
A saída indicada, a medicação urbanísticamente correta, é o traçado de uma artéria que permita que a cidade volte a se expandir após estas propriedades.
Não se deve tocar nelas. Elas devem ser mantidas intactas, preservando-se sua integridade. Mas a cidade precisa começar a se expandir atrás delas.
A cidade abraçaria estas propriedades e prosseguiria sua vida.
É preciso repetir José Ortega y Gasset: “nem política de idéias e nem política sem idéias. O que cabe é política com idéias”.

VICENTE GOLFETO