Ambiente e urbanismo Praceiro é atividade quase em extinção no governo municipal.
Eles são responsáveis por manter as praças públicas em ordem, levando eventuais queixas da população à administração pública e até tentando coibir atos de vandalismo. A figura do praceiro, entretanto, vem diminuindo ao longo dos anos com a terceirização dos serviços essenciais, como de limpeza e poda de árvores, e hoje existe um deficit de 120 desses profissionais, de acordo com levantamento feito pela Divisão de Praças e Parques Públicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Na última semana, foram publicadas as aposentadorias de dois praceiros no Diário Oficial do Município (DOM). De acordo com Carlos Henrique Alonso Toldo, chefe da divisão, hoje a cidade possui 37 praceiros —há um total de 200 praças urbanizadas. “A maioria deles está com idade avançada. Há os que apresentam licença médica, outros entram de férias ou tiram os três meses de licença-prêmio a cada cinco anos. Claro que algumas praças não têm a necessidade de ter um praceiro, porque são pequenas. No Sumarezinho, por exemplo, haveria a necessidade de ter apenas um jardineiro para atender três praças”, disse.
O último concurso público para a contratação de praceiros foi em 1997, quando cinco foram contratados —um deles, Laercio Maniero, já se aposentou este ano. Com a idade avançada e sozinho, um praceiro que cuida das praças Francisco Schimidt e Prestes Maia, na Vila Tibério, já não consegue mantê-las em ordem.
Há 18 anos, antes do início das terceirizações, os praceiros eram os responsáveis por toda a manutenção das praças, o que garantia a preservação maior de todas elas, como lembra o praceiro Elcio da Silva Castro, 44 anos, que junto com Fábio Celestino, 35, cuidam das praças XV de Novembro e Carlos Gomes, no Centro.
“Na década de 80, trabalhavam oito praceiros aqui. Hoje, estamos só nós dois para tomar conta de tudo isso. Claro que a gente dá conta, mas se houvesse pelo menos mais dois, estaria melhor”, afirmou Castro, que mantém um vínculo grande de amizade com frequentadores da praça. “Contribuir para que a população tenha uma praça melhor. Não existe emprego melhor”, disse.
FRASE
“Na década de 80 tinham oito praceiros aqui. Agora são só dois. A gente dá conta, mas se tivesse mais seria melhor.”
Elcio da Silva Castro
Cuida das praças XV e C. Gomes
Praceiros são contratados da Prefeitura atualmente
A Divisão de Praças e Parques Públicos apresentou um estudo para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente onde aponta o deficit de praceiros e equipamentos materiais. Não há previsão para a abertura de concurso público para a contratação de novos profissionais, embora seja uma bandeira defendida pela divisão.
“Além de manter a praça em ordem, o praceiro cria um vínculo com os moradores da região. Os problemas de cada praça chegam mais rápido à administração porque o praceiro leva a informação”, afirmou Carlos Henrique Alonso Toldo, chefe da divisão. Para a manutenção de espaços de lazer públicos em Ribeirão, a secretaria busca parcerias e terceirizações: pelo menos cinco praças e 95% dos canteiros de avenidas estão inseridas no programa Verde Cidade e sete parques públicos são terceirizados, todos por meio da iniciativa privada. (GY)
O NÚMERO
37 praceiros são contratados da Prefeitura atualmente.
Presença inibe vandalismo
A presença do praceiro pode ser importante para evitar atos de vandalismo nas praças. “Claro que inibe, porque estamos sempre presentes. O vandalismo acaba acontecendo durante a noite e madrugada. Mas aqui, nosso problema é com moradores de rua, que dormem nos bancos”, afirmou Elcio da Silva Castro, 44 anos, que cuida das praças XV de Novembro e Carlos Gomes. (GY)
Praceiro da Camões lamenta mudança de perfil de gerações
“Eu nasci e fui criado na lavoura. Hoje, mexo com terra aqui na praça e é aqui onde quero me aposentar”. Se depender do praceiro Baltazar de Almeida, 55 anos, as plantas da Praça Luís de Camões, no Centro, estarão sempre verdes e não haverá lixo que possa atrapalhar a paisagem do local.
Os praceiros trabalham entre 7h e 17h, de segunda a sexta-feira. Ao longo de dez anos, Almeida percebe a mudança de comportamento das gerações e aponta para o que mais preocupa as famílias brasileiras: o consumo de drogas. “Infelizmente, chego de manhã e encontro maconha, cápsulas de cocaína jogadas. Já achei até uma droga enrolada em um saco preto”, afirmou.
Ele diz que, vez ou outra, chega a ser maltratado por pessoas que reclamam de eventuais problemas na praça. “Mas a amizade que eu fiz com os moradores daqui acaba compensando. No final de ano, por exemplo, eu sempre sou lembrado com presentes, me sinto querido”, afirmou. (GY)