Construtoras especializadas em imóvel para baixa renda já registram um aumento significativo no número de consumidores nos plantões de vendas e nas lojas. Os prováveis clientes estão a procura de informações mais detalhadas sobre as facilidades oferecidas pelo pacote habitacional do governo para a compra da casa própria, anunciado na quarta-feira. 

"O nosso movimento na loja do shopping Itaquera triplicou na noite de quarta-feira, após o anúncio do pacote", conta Fábio Cury, presidente da Cury Construtora e Incorporadora. A empresa é resultado de uma joint venture com a Cyrela para produção de imóveis no segmento econômico.

Por enquanto, o empresário diz que está apenas cadastrando pelo perfil de renda as pessoas que procuram a empresa. O próximo passo será entrar em contato com esses consumidores para oferecer os produtos, quando a construtora estiver operando dentro do plano habitacional do governo.

Até hoje, a Cury produziu imóveis para famílias com renda média mensal entre R$ 1.850 e R$ 2.500. Com o pacote, Cury avalia a possibilidade de ampliar a faixa de atuação da companhia para as famílias com renda de R$ 1.300. "Com isso, vamos dobrar o número de clientes", prevê. Hoje a companhia tem cerca de cinco mil clientes.

Na Rodobens Negócios Imobiliários, que atua principalmente em empreendimentos para faixa de renda entre R$ 2.325 e R$ 4.650, a recepção do pacote foi positiva. Segundo o presidente, Eduardo Gorayeb, o movimento de clientes nos plantões de venda, os telefonemas e as consultas no site da empresa aumentaram após a divulgação do pacote. "O fluxo está acima do normal, principalmente para um dia de semana."

Segundo o executivo, muitas das pessoas que procuraram a empresa já são clientes, e querem saber se seu imóvel pode ser enquadrado no programa e, com isso, receber os subsídios do governo. Outra parcela de interessados está pela primeira vez buscando comprar um empreendimento. "São pessoas que já foram a nosso plantão de vendas e não conseguiram comprar. Agora, voltam querendo entender as condições para obter o subsídio."

Renato Diniz, diretor do segmento econômico da Rossi, confirma o aumento da procura nos 15 plantões de vendas da companhia. "Mas o grande reflexo do pacote deverá ser sentido no fim de semana." Nos últimos anos, a companhia ampliou a participação do segmento econômico no total de lançamentos. Em 2007, representou 13%; em 2008 foi 30% e, neste ano, será 50%. "Depois do pacote de quarta-feira, essa plano está consolidado."

Leonardo Corrêa, vice-presidente da MRV, que tem foco na baixa renda, diz que a companhia está revendo os planos. Pretende destinar 20% dos projetos para famílias com renda média mensal de até R$ 1.395.


TIRA-DÚVIDAS - Confira algumas das principais perguntas e respostas sobre como vai funcionar o programa Minha Casa, Minha Vida. O governo federal deve divulgar todas as regras do programa no dia 13 de abril.

Quais são as pessoas mais beneficiadas pelo pacote?

As famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 4.650,00).

Quem vai poder comprar a casa com prestações de R$ 50 por mês?

Só as famílias com renda de até 3 salários mínimos (R$ 1.395,00).

Como se inscrever no programa?

O candidato a mutuário deve procurar a prefeitura, o governo do Estado ou movimentos sociais para se cadastrar . Após a seleção, ele é convocado para apresentação de documentação pessoal na Caixa, no correspondente imobiliário, prefeitura ou outros agentes credenciados.

Quais as condições a serem cumpridas?

Não ter sido beneficiado anteriormente em programas de habitação social do governo e não possuir casa própria ou financiamento em qualquer Estado.

E para quem tem renda superior a 3 mínimos?

O candidato deve procurar a construtora que lançou o imóvel com supervisão da Caixa.

Quais as condições a serem cumpridas por essa faixa de renda?

Não ter financiamento do SFH, nem ter usado o FGTS em financiamento desde 1º de maio de 2005 . O candidato também não pode possuir casa própria.

E os mutuários com renda superior a 10 mínimos (classe média)?

Essas famílias não fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida, mas também foram beneficiadas. Hoje, elas podem financiar imóveis de até R$ 350 mil. A partir de agora, o valor do imóvel a ser financiado com recursos do FGTS sobe para até R$ 500 mil.

A classe média foi beneficiada com mais alguma medida?

Sim, também aumentou a fatia do valor do imóvel a ser financiado pelo SBPE (de 80% para 90%) e pelo FGTS (de 90% para 100%).