foto: Renato Lopes/A CIDADE
Nicola Tornatore

Os mutirantes da mais recente etapa do Jardim Paiva, que cumpriram com suas obrigações e estão com as casas prontas, continuam sem ter a mínima idéia de quando poderão finalmente se mudar. A Cohab (Companhia Habitacional de Ribeirão Preto) está sonegando à imprensa informações sobre o que falta para que as casas possam ser entregues à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para que esta proceda a inauguração oficial.
Construído em regime de mutirão, com financiamento da CHDU (governo estadual), o Jardim Paiva vem tendo etapas entregues desde 2000. A primeira teve 569 unidades; a segunda, 187; e a terceira, 365 casas.
A quarta etapa, com 264 casas, é a que está gerando polêmica agora. A maioria dos mutirantes cumpriu os prazos previamente estabelecidos, estão com suas casas prontas mas não têm a menor idéia de quando vão recebê-las oficialmente, podendo então providenciar a mudança. É que uma minoria dos mutirantes está com as obras atrasadas - falta pintura, instalações elétricas, louça sanitária.
A responsabilidade por acompanhar o andamento da obra é da Cohab. O contrato da CDHU é com a Prefeitura Municipal, que designou a Cohab para a parceria. É a Cohab que possui informações sobre o que falta ser concluído para que a etapa possa finalmente ser entregue. É a Cohab quem tem a obrigação de “correr atrás” dos mutirantes relapsos para que estes finalizem suas unidades. E essas informações, de interesse de dezenas de mutirantes que respeitaram o cronograma e concluíram suas casas, estão sendo sonegadas pela Cohab.
A reportagem de A CIDADE tentou durante todo o dia de ontem contato com o presidente da Cohab, Marcelo Roselino. Depois de várias tentativas a assessoria da presidência da Cohab informou que Roselino não falará com a imprensa sobre o Jardim Paiva “enquanto não tiver uma resposta a ofício encaminhado à CDHU”. Indagada, a assessoria da Cohab não esclareceu o conteúdo do ofício.
O assunto é outro...
O escritório regional de Ribeirão Preto da CDHU informou ontem ter recebido, da Cohab, um ofício assinado pelo presidente Marcelo Roselino. Segundo a CDHU, o documento em questão é apenas uma resposta a outro ofício, encaminhado à Prefeitura pela própria CDHU, pedindo o apoio da Cohab no processo de abertura de inscrições de candidatos a unidades em dois empreendimentos verticais (conjuntos de predinhos) em fase final de conclusão.

CDHU só inaugura etapa após recebê-la da Cohab
Em entrevista ontem, o gerente regional da CDHU Milton de Souza Vieira Leite disse que não tem como estimar a data de entrega da etapa de 294 unidades do Jardim Paiva. “Não tem como fazer uma previsão, já que não é atribuição da CDHU acompanhar o andamento das obras. Minha equipe de vistoria vai lá quando a Cohab nos comunicar oficialmente que as casas estão prontas. Aí nosso pessoal vai lá e pode registrar que na unidade x falta uma fechadura, que na unidade y o vitrô está quebrado, solicitando os reparos. Antes, não. O acompanhamento continua sendo da Cohab”, explica.
O gerente regional da CDHU destaca que a construção sob o regime de mutirão tem um acompanhamento muito mais complicado. “Se é no regime de empreitada, você tem uma única pessoa, ou empresa, para cobrar. No regime de mutirão você tem de cobrar de cada mutirante, e o ritmo das obras nunca é o mesmo. Por isso é perfeitamente normal que todas as unidades não sejam concluídas ao mesmo tempo”, comenta.
O Jardim Paiva I é fruto de um convênio entre o governo estadual e a Prefeitura, que cedeu a área, após desapropriar a Fazenda Baixadão. O convênio original previa dois conjuntos (Paiva I e Paiva II), com 2.095 casas cada um. O Jardim Paiva I já teve 1.121 unidades entregues (etapas de 569, 187 e 365 casas). Agora é a vez da quarta etapa, com 294 unidades, cuja entrega ninguém sabe quando será, uma vez que a Cohab não fornece informações sobre o andamento das obras. Para completar o convênio de 2.095 unidades ficam faltando 680 casas, sem previsão de início de obras.