Nada de festas ruidosas e degradantes nos apartamentos alugados por estudantes de ensino superior na cidade de São Paulo. Ao contrário, a realidade dos graduandos é de muito estudo, pouca farra e de pontualidade na hora de pagar o aluguel, contam os administradores de imóveis próximos aos centros universitários.

"O público estudantil viabiliza 35% dos meus negócios", conta Manoel Virgínio do Carmo Neto, proprietário há dez anos da Lions Imóveis, que atua nas proximidades da Universidade de São Paulo (USP) --em bairros da zona sul como Butantã, Pinheiros, Rio Pequeno e Jardim Bonfiglioli.

É o mesmo percentual dos contratos intermediados pela Predifel, empresa do setor imobiliário estabelecida há 46 anos na região central da cidade, onde a procura fica por conta dos estudantes da Santa Casa e da Universidade Mackenzie, afirma a gerente de locação da empresa, Elisa Michelin.

"Eles procuram apartamentos, de preferência de um dormitório. Mas como existem poucos imóveis deste tipo, acabam alugando pequenas casas", diz Carmo Neto. Segundo ele, o perfil de empreendimento mais procurado é o um-dormitório com quatro unidades por andar. "É um mercado líquido e certo entre os alunos da USP."

"Os valores brutos das locações giram em média em torno de 800 reais. Nós alugamos muitos apartamentos de um dormitório para esse público. Eles têm em geral de 18 a 23 anos de idade e são residentes de medicina da Santa Casa ou cursam a Mackenzie", explica Elisa.

Imóvel intacto

Segundo o dono da Lions, estudante é o tipo de inquilino que não dá nenhum trabalho. "O pagamento dos aluguéis não atrasa e quase não há danos à residência, uma vez que os estudantes ficam muito pouco tempo dentro de casa e ainda viajam para suas cidades de origem nos fins de semana", diz.

"Os estudantes, notadamente, os residentes de medicina, fica pouquíssimo em casa. Eles próprios costumam dizer que são sugados ao máximo durante a residência médica", lembra Michelin.

Segundo ela, além disso, os estudantes não têm filhos --o que garante a boa conservação do imóvel--, o pai ou um tio que mora em São Paulo são sempre os fiadores, e, em função da duração de seus cursos, a locação é feita por um período médio de quatro ou cinco anos.

Mas, se a esse tempo for somada a pós-graduação, a locação pode chegar a sete anos, observa Carmo Neto.