EDSON VALENTE
A administradora de empresas Zuleica Tanaka conta que se surpreendeu com a rapidez da aprovação de crédito para o financiamento da compra de seu novo apartamento, no Brooklin (zona oeste de São Paulo).

"Fui de manhã ao banco e, à tarde, o crédito já estava aprovado", relata. "A imobiliária cuidou de toda a parte burocrática. Eu não tinha tempo de providenciar nada e nem precisei me deslocar", conta.

A velocidade acelerada da negociação de Tanaka aconteceu graças a uma nova tendência na compra de imóvel novo ou usado que requer contratação de financiamento: a de parcerias entre bancos e imobiliárias.

No recém-firmado acordo entre Itaplan e Caixa Econômica Federal, por exemplo, o comprador não precisa ir ao banco. "Sentamos com o cliente, definimos o imóvel que mais se adapta à sua renda, analisamos taxas, prazo, uso do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e verificamos toda a documentação", lista Fábio Filho, 41, diretor da Itaplan.

Mas a comodidade tem preço: a imobiliária cobra pela consultoria. "Custa de R$ 300 a R$ 3.000, dependendo do tipo de financiamento e do valor do imóvel", dimensiona Filho.

Não há diferença nas condições de financiamento --como taxa de juros-- entre a contratação de crédito diretamente na agência do banco ou no escritório da imobiliária.

Ao optar por uma ou por outra alternativa, o comprador deve pesar a economia de tempo e de pesquisa versus o eventual encarecimento dos trâmites burocráticos.

No caso de financiamento pela Caixa, correr atrás de toda a papelada para dar a entrada do processo no banco pode significar uma economia de pelo menos 25% (R$ 75), já que as tarifas cobradas quando o primeiro passo da busca por crédito é feito diretamente na agência somam, no máximo, R$ 215.

Na parceria entre Unibanco e imobiliárias filiadas ao Secovi-SP (sindicato de empresas do setor), estabelecida no final de 2006, pode-se até simular o valor das parcelas que serão pagas. Para Tanaka, o dispêndio adicional -"não chegou a R$ 300"- foi bem empregado.

De acordo com Luiz Eduardo Veloso, 39, diretor de crédito imobiliário do Unibanco, não há qualquer diferença de valor entre contratar o financiamento em uma imobiliária parceira ou no próprio banco.

Ganhos de escala

Para essas duas partes envolvidas, o negócio é vantajoso. "Um dos aspectos que dificultam o mercado é achar o imóvel desejado e ao mesmo tempo ter financiamento. Essa dificuldade faz com que vendas sejam perdidas", reflete Veloso.

"O objetivo da parceria é apresentar o financiamento no momento da decisão de compra", sentencia.

Em termos do custo do processo, que pede o envolvimento de várias áreas, como cartórios, a negociação é melhor tanto para a imobiliária como para o banco, pois há ganhos de escala.

"Mas essa vantagem não chega ao usuário final. Não é esse o propósito da parceria, e sim o de facilitar o acesso a informações e o de acelerar a liberação de crédito."

Não há contrato de exclusividade com imobiliárias parceiras -o cliente pode optar por outro banco, se preferir.