EDSON VALENTE
Em tempos de abundância de crédito e de revigoramento das vendas, paulistanos fazem fila para negociar o imóvel que desejam. Mas, ao contrário do que o cenário indica, essa lista de espera não é para comprar, e sim para alugar nos bairros mais cobiçados da cidade.

Cansados de bater perna e encontrar imóveis malconservados ou sem requisitos que vão desde vagas de garagem até armários embutidos, candidatos a inquilino começam a deixar seus nomes nas listas de espera das imobiliárias.

Os melhores mal ficam vagos quando acaba o contrato de aluguel. "Às vezes há interessados antes de serem desocupados", descreve Ana Paula Pellegrino, 35, diretora da imobiliária Adbens e de locações da Aabic (associação das administradoras de condomínios).

Em Perdizes, Jardins (ambos na zona oeste) e Moema (zona sul), faltam apartamentos de dois quartos e com vagas de garagem. Por serem bairros de padrão alto, inquilinos exigem bom estado de conservação.

Já em Santana (zona norte), Mooca e Tatuapé (ambos na zona leste), o que mais falta são imóveis de dois ou três dormitórios, com vaga de garagem e na faixa de R$ 700 mensais.

Lá, outro diferencial valorizado, segundo a corretora Soraia Reis, é o armário embutido nos quartos.

"O inquilino deseja investir pouco em mobiliário e não pretende comprar um guarda-roupa que não caiba em outro imóvel", explica Roseli Hernandes, 44, gerente de locação e vendas da imobiliária Lello.

Garagem em falta

Falta de vaga de garagem é outro problema que emperra negociações. "Ter uma só muitas vezes inviabiliza propostas", comenta Fabio Cunha Bueno, 25, diretor da imobiliária que leva seu nome.

Essa limitação é percebida sobretudo nos bairros em que predominam prédios velhos, que possuem menos vagas.

Que o diga a produtora cultural Isabel Brandão Teixeira, 25, que quer morar nos Jardins com o namorado gastando cerca de R$ 3.000 por mês -mas com uma condição básica: abrigo para os dois carros do casal.

"Há poucos imóveis com o perfil que buscamos, a maioria só tem uma vaga. E vários estão "detonados", lamenta.