RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
Um dos problemas crônicos de segurança da zona oeste de São Paulo é o furto de carros. Em uma pequena parte da região, porém, essa ocorrência caiu 70% de 2005 para cá.

O segredo foi a mobilização dos moradores, que, com o Núcleo de Ação Local Viva Sumaré, criaram um projeto batizado de Prédios Antenados.
Munidos de radiotransmissores, nove condomínios comunicam-se entre si e trocam informações sobre tudo o que acontece no perímetro.

"Qualquer movimento suspeito é comunicado aos colegas da rede", conta o porteiro de um dos prédios, Eduardo Rebouças da Silva. Segundo ele, carros parados ao redor do edifício sem que os ocupantes se identifiquem têm o número da placa anotado e transmitido.

Tudo é feito via códigos, e alguns dos parceiros ficam responsáveis por entrar em contato com a polícia da região. "Depois que implantamos o projeto, houve um incidente interno no condomínio, e a polícia, acionada, chegou em quatro minutos", comemora a síndica do prédio, Neyde Trevisan.

O programa fez tanto sucesso que foi encampado pelo Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) Perdizes-Pacaembu. Criados em 1985, os Consegs existem em todo o Estado --já são mais de 800-- e seu objetivo é aproximar comunidade e autoridades estaduais.

O delegado do distrito e o comandante da Polícia Militar das redondezas participam, pelo menos uma vez por mês, das reuniões dos Consegs.
"Essa parceria é a base de tudo. A participação da polícia é importante por causa da visão estratégica que ela traz", afirma a socióloga Elizete Fabri, presidente do Conseg Perdizes-Pacaembu, que engloba os bairros

Água Branca, Barra Funda, Pacaembu, Perdizes, Vila Pompéia e Sumaré.
Além disso, conta ela, os policiais passam a conhecer os funcionários e moradores dos prédios e, numa ronda, têm mais condições de identificar situações anormais.

Pelo rádio

Os operadores de rádio do projeto receberam orientação da polícia sobre como utilizar o equipamento e aprenderam técnicas de observação. "É importante que os funcionários levem o equipamento a sério, não usando o rádio para fazer brincadeiras", adverte Paulo Oliveira, segurança de um dos condomínios participantes.

Além desse, o único outro Conseg que conta com iniciativa parecida é o Cambuci-Chácara Klabin, com 15 prédios. Nesse caso, porém, foi contratada uma empresa de segurança para fazer a ronda. Custa R$ 500 mensais por condomínio.

Já no Prédios Antenados, os custos foram o da compra de aparelhos de rádio de longo alcance (cerca de R$ 900) e o da licença da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações; R$ 400), válida por dez anos.
O Secovi-SP (sindicato da habitação) apóia a idéia.

"Divulgamos esse projeto para que todas as administradoras se empenhem em implantar", afirma Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios.