Orestes Moquenco

Uma avenida que viveu dias de glória, contando com importante clube associativo e que em dado momento, intra muros, percebeu que seus associados, moradores da 9 de Julho, mudaram daquela importante via, deixando enorme espaço para o comércio. Este não fez a menor cerimônia e chegou para ficar.
Foi a grande transformação da avenida. As grandes casas que abrigavam famílias famosas e detentoras de grandes fortunas transformaram-se em lojas, escritórios, bancos etc. As famílias buscaram outros lugares, não menos confortáveis. A escolha recaiu principalmente sobre os condomínios verticais e horizontais, mais para cima de onde habitaram por anos a fio.
As flores das árvores de sibipiruna, aquelas que dividem suas duas mãos de direção, acompanham o desenvolvimento daquele importante corredor comercial. Uma verdadeira revolução em termos de instalação de empresas de todos os segmentos. Do lado central, antes da Avenida Independência, a ‘Nove’ recebeu grande número de instituições financeiras.
Além dos bancos, muito do que o consumidor precisa ele encontra na ‘Nove’. Marcas mais ou menos famosas, não importam, elas convivem em perfeita harmonia e tornam aquele corredor comercial um dos mais procurados da cidade.
Na parte entre as avenidas Independência e Portugal, um comércio forte, mas com outra ‘cara’. Diversificado sim, com maior incidência de clínicas médicas, laboratórios e farmácias de manipulação, entre esses, alguns ramos de negócio fortes em seus segmentos, convivendo pacificamente.
No início da avenida, perto do entroncamento com a Santa Luzia e rua Amador Bueno, existem prédios a serem alugados. São imóveis que esperam comerciantes e não moradores. São poucas as habitações que ainda resistem ao avanço do comércio da ‘Nove’. São imóveis considerados caros e que seus donos não pretendem transformá-los em empresas de quaisquer que sejam os segmentos.
Fernando Rangel Neto, empresário no ramo de ótica, conta que “viemos para a ‘Nove’ porque é um ponto excelente. Era onde havia um nicho de mercado a ser explorado, por falta do meu segmento no local. Escolhemos a 9 de Julho por ser a mais bonita da cidade”, comenta.
Fora com as sibipirunas
Em dado momento, alguns comerciantes cogitaram em retirar as sibipirunas dos canteiros da Avenida 9 de Julho. Idéia imediatamente descartada por outros. “Aquelas árvores são o grande charme da avenida. Quem deu essa idéia não tinha coisa melhor para pensar?”, pergunta Aurélio Pereira, que faz caminhada na avenida, todos os dias pela manhã.
Antes das caminhadas, a 9 de Julho era palco de muitas manifestações populares e hoje perdeu espaço para outras mais novas, que chegaram e tomaram muitos eventos da avenida da ‘recra’. Exemplos de grande permanência em ruas que cortam aquele corredor comercial, a presença do carrinho de lanches mais famoso de Ribeirão Preto, há 28 anos, localizado na esquina da ‘Nove’ com a Rua Visconde de Inhaúma, fazendo parte da ‘paisagem’ daquela via pública.
Hoje, quem olha a Avenida 9 de Julho, sente aquela saudade dos passeios de todos os dias e aos finais de semana, uma enxurrada de automóveis e pessoas, todos querendo mostrar que havia comprado roupa nova, equipado o automóvel com algum acessório novo e onde a paquera rolava solta. Infelizmente para estes, os tempos são outros e não voltam jamais.

Nome homenageia a Revolução Constitucionalista

A denominação da avenida 9 de Julho remete à data oficial do início do movimento político conhecido como Revolução Constitucionalista. No ano de 1932, insatisfeitos com os rumos do governo de Getúlio Vargas, que havia tomado o poder num golpe militar dois anos antes, os paulistas se rebelaram, deflagrando uma guerra civil.
Sem contar com a esperada ajuda de outros Estados (Rio Grande do Sul e Minas Gerais), os paulistas enfrentaram sozinhos e foram derrotados pelas forças do governo federal. Ribeirão Preto, por sua localização estratégica, perto da fronteira sul de Minas Gerais, foi declarada “praça de guerra”. Centenas de moradores de Ribeirão Preto se alistaram em batalhões de voluntários. O jornal A CIDADE teve papel de destaque, funcionando como uma espécie de porta-voz do movimento em nível local e enviando três de seus redatores para o “front”.
Ribeirão Preto presta homenagens à epopéia de 32 com o monumento localizado na praça XV de Novembro, defronte ao Theatro Pedro II; com a avenida Nove de Julho (que ao ter seu primeiro trecho inaugurado em 1922 chamava-se Avenida Independência); e com as ruas Comandante Marcondes Salgado, Nélio Guimarães e Ayrton Roxo.
O coronel Júlio Marcondes Salgado, comandante da Força Pública do Estado, morreu em um acidente – a explosão de um tipo novo de morteiro que estava sendo testado. Os jovens Nélio Guimarães, acadêmico de Direito, e Ayrton Roxo, negociante de café e diretor do Comercial F.C., foram voluntários que morreram nas batalhas.