Depois de atrair moradores em busca de áreas verdes, planejamento urbano e baixa densidade populacional, a região de Alphaville, em Barueri (SP), agora desperta o interesse de incorporadoras e construtoras de São Paulo. A área é conhecida tradicionalmente por seus condomínios de casas, mas, nos últimos anos, tem passado por um processo de verticalização na área residencial.

Segundo estudos da Associação Residencial e Comercial de Alphaville (Area), até o final do ano que vem, a região deve ganhar cerca de mil novos apartamentos. Entre 2000 e 2007, foram construídas apenas 500 unidades - no total, há hoje cerca de 3 mil apartamentos na região.

"Alphaville está virando uma das coqueluches do mercado imobiliário de São Paulo", diz o superintendente de incorporação da construtora Brascan, Leon Bensoussan. Segundo ele, a redução de oferta de terrenos em bairros de alto padrão da capital paulista impulsiona o avanço das construtoras pela região. A maioria delas, turbinada após abertura de capital na Bolsa de Valores, investe nos empreendimentos de médio e alto padrão.

A construtora Brascan adquiriu este ano pelo menos 30 terrenos em Alphaville, num total de 280 mil metros quadrados. A previsão é usá-los para construir 25 empreendimentos, a maioria residenciais. O primeiro lançamento, um conjunto de duas torres de apartamentos com quatro suítes, teve 30% das unidades vendidas no pré-lançamento. O valor geral de vendas (VGV) do condomínio soma R$ 195 milhões. "Estimamos que 20% das vendas sejam para a população local, que quer mudar de imóvel, e o restante venha do fluxo migratório da capital", afirma Bensoussan.

VERTICALIZAÇÃO

Para Paulo Silveira de Toledo, presidente da Area e morador de Alphaville há 20 anos, 2007 foi o ano da explosão da verticalização na região. Segundo ele, a área, que nasceu na década de 70 para alocar escritórios de empresas dos Estados Unidos e, com o tempo, ganhou vocação residencial, ainda oferece grandes áreas disponíveis para compra. "Além disso, temos áreas verdes preservadas e boa infra-estrutura de comércio e serviços, como em qualquer bairro nobre de São Paulo."

A relativa facilidade de acesso ao local virou outro motivo de atração para os investidores imobiliários. Com a duplicação da Rodovia Castelo Branco - a principal via de acesso ao bairro - o tempo necessário para chegar à capital paulista, que antes podia passar de uma hora, agora é feito num tempo curto para os padrões paulistanos.

A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) decidiu apostar na cidade vizinha em busca dessas características. "O acesso melhorou muito. Além disso, não se encontra mais terrenos na capital que permitam desenvolver grandes áreas de lazer como lá", diz o diretor-superintendente da CCDI, Roberto Perroni. Por isso, a empresa estima lançar, ainda este ano, 150 apartamentos, com valor entre R$ 300 mil a R$ 500 mil e VGV de R$ 70 milhões.

Além disso, segundo Perroni, o investimento vai atender à demanda de uma população flutuante de 150 mil pessoas. São funcionários de empresas com sede no centro empresarial de Alphaville, mas que moram na capital paulista. Após adquirir 90 mil metros quadrados de terrenos na região, a previsão da CCDI é fazer outros lançamentos nos próximos três anos.

Outra construtora de porte nacional, a Odebrecht, também prepara empreendimentos residenciais na região. A empresa começa a construir em fevereiro do ano que vem um projeto com apartamentos de alto padrão de 88 a 213 metros quadrados, em projeto que inclui a construção de um shopping e de um centro comercial.