Quem percorre o centro de Ribeirão Preto se depara com prédios desocupados e muitos deles estão abandonados, principalmente na área da Baixada da cidade.
Segundo o chefe da Fiscalização Geral da Prefeitura, Mário Gallo, a grande maioria dos prédios da antiga construtora Encol que estão no centro da cidade está abandonada e com processo junto ao Ministério Público. “Por isto a Fiscalização tem dificuldade de agir e notificar o proprietário”, afirma.
Gallo diz que no centro devem ter 10 prédios abandonados e quando esta situação é verificada o proprietário é notificado. “Estamos fazendo uma parceria com o Creci porque muitos destes imóveis estão nas mãos da imobiliária, o proprietário é de fora. Com a parceria poderíamos entrar e verificar a real situação. Os agentes de controle de vetores também poderiam fazer o trabalho deles em relação ao mosquito da dengue”.
Gallo diz que o proprietário do imóvel abandonado primeiro é notificado e se ele não toma providências é multado em R$ 170.
“Se continuar desocupado a multa vai dobrando”.
Para Onésimo Carvalho de Lima, presidente do Instituto de Arquiteto do Brasil, núcleo de Ribeirão Preto, os proprietários dos imóveis do centro da cidade estão esperando que eles recuperem a valorização. “O centro da cidade atraía o capital no início da metade do século passado e está passando por um momento de desvalorização e em breve pode estes imóveis podem recuperar o seu valor”.
Como exemplo da recuperação das áreas centrais das grandes cidades Onésimo cita o programa “Viva São Paulo”. “Vários locais da capital paulista estão tendo os prédios recuperados. Um exemplo é a estação da Luz”.
O arquiteto explica que o abandono do centro coincide com o surgimento da indústria automobilística.
“Com o automóvel e o transporte coletivo urbano as pessoas viram que as distâncias podem ser percorridas com mais facilidade. Foram surgindo novos ideais de moradia em bairros afastados, residenciais e agora chega no extremo dos condomínios.
O centro fica abandonado. Mas estamos vivendo uma época em que estão surgindo movimentos que visam recuperar a área central da cidade”.
Um desses movimentos está sendo promovido pela ONG Cauim que está reabrindo o Cine Bristol que ficou fechado durante 1 ano.
Lima critica a decisão do prefeito Gilberto Maggioni de criar um centro administrativo fora da área central. “Sou contrário porque ajuda a esvaziar o centro.
A retirada de departamentos da prefeitura da área central pode beneficiar alguns aspectos, mas prejudica a área central que se isto acontecer vai ficar mais vazia ainda”.
Lima acrescenta que o centro da cidade está abandonado principalmente no período noturno. “Aqui tem muita atividade durante o dia. Depois do horário do comércio tudo fica vazio”.
Para o arquiteto estes prédios vazios têm redes de eletricidade e telefonia de qualidade que poderiam ser melhores aproveitados.
“ Têm grandes áreas na cidade servida de infra-estrutura e que estão abandonadas e a cidade cresce em outros lugares. Esta infra-estrutura deve ser reutilizada”.
O arquiteto diz que nem todo o prédio da área central precisa ser reformado. “Muitos podem ser demolidos para se construir coisas novas. Mas para isto acontecer vai demorar porque falta vontade política.
O poder público troca o piso, coloca a luz, mas não altera a qualidade. O usuário não chega a ver que o espaço tem qualidade maior, existem apenas ações de embelezamento. É preciso intervenções estruturais que requalifiquem o local”.