Site Reclame Aqui recebe 615 protestos por vendas dentro do Minha Casa, Minha Vida com preço acima do permitido.
Em casos de valor acima do teto, Caixa não libera financiamento com juros menores e subsídios do programa
Disparou, nos últimos 12 meses, o número de queixas feitas no site Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br) contra construtoras que teriam vendido indevidamente imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Os registros contra as cinco empresas com o maior número de reclamações desse tipo, de acordo com o site
-MRV, Goldfarb (comprada pela PDG), Tenda, Direcional e Altana-, triplicaram nos últimos 12 meses, saltando de 205 para 615.
Segundo as reclamações, as empresas negociaram imóveis na planta informando aos compradores que as unidades obedeciam aos critérios do Minha Casa, Minha Vida -como valor máximo.
Mas, na hora de abrir o financiamento, os consumidores descobriram que os imóveis não eram aprovados pela Caixa Econômica Federal.
Algumas dessas queixas virtuais resultaram em processos na Justiça.
Um deles foi movido por compradores do empreendimento Alphaview, da Goldfarb, em Barueri (SP), por "propaganda enganosa".
"Os imóveis custavam um pouco mais que o permitido no Minha Casa, Minha Vida, mas os vendedores nos disseram que, como a diferença seria paga na entrada, o financiamento estaria dentro do limite e não haveria problema", afirma Fernando Alves, 26, que adquiriu uma das 300 unidades de 58 m².
Ainda de acordo com o assistente administrativo, os apartamentos custavam entre R$ 134 mil e R$ 136 mil em 2009 -quando o valor máximo contemplado pelo programa habitacional do governo na região era R$ 130 mil.
"Já paguei R$ 27 mil em prestações à construtora e R$ 5.000 de corretagem e não tenho condição de financiar o resto fora do programa."
PRESTAÇÕES
De acordo com Alves, que tem renda familiar de R$ 2.300 ao mês, as prestações do imóvel pelo Minha Casa, Minha Vida, em razão dos juros menores e dos subsídios do governo, ficariam em torno de R$ 690 -bem menores que as de R$ 1.230 de um financiamento tradicional.
Marcelo Tapai, advogado do assistente administrativo e de outros sete compradores, diz que, hoje, os apartamentos estão avaliados pela Caixa em R$ 175 mil e continuam fora do teto do programa, que subiu para R$ 170 mil neste ano na região.
"Esses imóveis sempre custaram mais que o máximo permitido pelo Minha Casa", afirma. Ainda não houve decisão judicial.
A Folha procurou as cinco construtoras citadas pela equipe do Reclame Aqui e também a Caixa Econômica Federal.
Todas, exceto Tenda e Altana, prestaram esclarecimentos por e-mail.