Carla Monique Bigatto

foto: F.L.Piton/A CIDADE
É muito difícil para uma empresa encontrar o imóvel perfeito e com localização ideal para desenvolver sua atividade. Por isso muitos empresários que pretendem se instalar em Ribeirão procuram construtoras para adequar imóveis de acordo com suas necessidades.
Uma das principais construtoras que trabalham com esse tipo de adequação na cidade hoje é a CBN, de Marcelo Calil de Oliveira. Segundo ele atualmente mais de dez obras de adequação de grande porte estão sendo feitas, em Ribeirão Preto, simultaneamente. “Isso sem contar as pequenas. Esse número é impossível de se obter”. A tendência de instalação das novas empresas são os bairros do Boulevard e Alto da Boa Vista. A localização abrange clientela de padrão financeiro mais elevado, pretendido por essas empresas. Embora esses locais apresentem construções mais amplas, dificilmente um imóvel possui as medidas adequadas para as empresas.
Segundo Marcelo Calil, essas empresas precisam de locais muito amplos, praticamente sem paredes, onde podem ser instaladas diversas formas de divisão do ambiente. Mas ele diz que quebrar paredes é uma das maiores dificuldades encontradas nesse tipo de obra, já que esses imóveis são quase todos da mesma época, erguidos com a mesma técnica de construção.
Alvenaria auto-portante
A técnica de construção mais utilizada na época em que tais imóveis foram levantados era a alvenaria auto-portante. Nela, a carga da construção é dividida entre as paredes, vigas e pilares, ou seja; para que uma parede seja quebrada para ampliar um cômodo, são necessários muitos cálculos, ou todo o imóvel pode vir abaixo. Um dos exemplos citados por Marcelo foi a obra de readequação que sofreu o edifício onde hoje funciona a lan house ‘Monkey Games’, na Presidente Vargas. “Tivemos que escorar o segundo andar e demolimos todas as paredes do andar de baixo. Um erro e todo o imóvel cairia”, explica o empresário.
Para segurar a estrutura, a construtora utilizou vigas metálicas. Hoje o prédio possui um amplo salão onde ficam dispostos os computadores. O espaço onde havia piscina e jardim foi coberto e uma nova sala foi montada.

REMODELAÇÃO: Apenas estrutura de clínica foi mantida

A clínica e academia de ginástica Corpore é um dos exemplos mais claros de adequação de imóveis. O proprietário não tinha herdeiros e o imóvel foi comprado por um investidor, fato muito comum no mercado de imóveis comerciais atualmente.
A construtora de Marcelo trabalhou por cerca de quatro meses na casa, que teve conservada apenas sua estrutura e uma pequena parte do piso externo. Também construído em alvenaria auto-portante, o imóvel teve alguns espaços ampliados com a ajuda de vigas metálicas e de concreto. “Transformamos um ambiente antigo em arquitetura atual adaptando para a atividade da empresa e em pouquíssimo tempo”, conta Marcelo Calil.
A clínica e academia, original de São José do Rio Preto, mudou-se quando a obra ficou pronta, há cerca de um ano e meio. O imóvel teve também novos espaços criados, como a sala de ginástica e de fisioterapia, construídas sobre um antigo jardim.
Esse novo galpão foi estruturado com pé direito duplo, para aumentar a ventilação do ambiente. “Só aqui dá para notar a emenda entre antigo e novo porque dificilmente se nota essa diferença”, explica Calil.
J. Safra
Outro exemplo de reestruturação é o endereço do banco J. Safra, novo em Ribeirão. A estrutura era de uma antiga revenda de carros na avenida Presidente Vargas. Depois de quase todo remontado, o imóvel promete abrigar a mais luxuosa agência bancária da cidade.
Marcelo explica que a tendência de adequações de ambientes comerciais deve obrigatoriamente agregar estacionamento. “O estacionamento é um dos principais diferenciais buscados por grandes empresas. Deve-se prestar atenção também nas exigências de pessoas com necessidades especiais, como banheiros adaptados e rampas de acesso”, conta.
O processo é relativamente rápido. Obras como a do futuro J. Safra precisam de três meses para ficar prontas. A previsão é de que o banco inicie suas atividades ainda neste mês.
Aluguel
Quase todos os imóveis comerciais adequados para novas atividades são alugados. Marcelo Calil explica que não é o proprietário, e sim quem aluga, que normalmente arca com as despesas da obra e combina abatimentos ao longo dos contratos de aluguel, mais longos que os residenciais.

MUDANÇA: Casa recebeu vigas de concreto

O antigo imóvel no Boulevard, depois de uma abrangente reforma, se transformou em loja, e agora acumula novas atividades. Os proprietários e idealizadores da Gili Design, Patrícia Borges e Pedro Crispin, tiveram de contratar outro engenheiro porque a obra parecia inexecutável. “As pessoas diziam que era melhor demolir e construir um lugar novo”, conta Pedro.
A casa com quase 50 anos de idade teve de receber quatro vigas de concreto para que as paredes agüentassem a nova estrutura sem desmoronar. Muitos cômodos tiveram paredes extraídas para ampliar o espaço que serve como mostruários para as peças de decoração.
O jardim original tinha piso pavimentado com cacos de piso vermelho, retirados e substituídos por tábuas espaçadas de madeira. No fim do antigo quintal foi instalado um espaço bangalô, muito utilizado como lounge nos recentes eventos produzidos no espaço.
A principal adequação, que possibilita o uso da Gili Design como espaço Bistrô, é a transformação da área de serviço em bar. A versátil loja pode receber até 150 pessoas.
Patrícia Borges explica que a otimização da utilização do espaço, existente depois da reforma e não tão explorado, serve como meio de promover a própria loja