O megainvestidor americano Sam Zell deu ontem mais uma demonstração de seu apetite pelo mercado imobiliário brasileiro. A sua empresa de investimentos Equity International comprou 8,52% de participação na Brazilian Finance & Real Estate (BRRE), especializada em financiamento imobiliário para pessoas físicas e empresas. Trata-se da sexta empresa brasileira do setor no portfólio de Zell. O investidor já era acionista relevante na Gafisa, Tenda, BRMalls, Bracor e AGV.

(Foto: Fred Houser/Reuters)

(Foto: Fred Houser/Reuters)

Há quatro meses, o sócio de Zell, Gary Garrabant, já havia antecipado ao Estado a existência de negociações com uma empresa de financiamento imobiliário. A ideia era aproveitar o possível boom do crédito no País, com a queda na taxa básica de juros (Selic), e do crescimento da demanda por imóveis populares.

Essa operação é estratégica para ambos, de acordo com o diretor-geral da BFRE, Fabio Nogueira. Por um lado, representa a entrada da Equity no mercado brasileiro de financiamento imobiliário, que “está só começando”, segundo o executivo. Para a BFRE, o novo sócio pode trazer investidores internacionais, por exemplo, para os fundos administrados pela Brazilian Capital, e contribuir para uma futura colocação de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) no mercado internacional.

A BFRE não divulga o valor pago por Sam Zell. Os recursos serão aplicados na companhia. Com a operação, a participação da Ourinvest Real Estate cai de 50,5% do total para 46,2%, enquanto a do fundo internacional TPG-Axon passa de 49,5% para 45,28%. A Equity International tem a opção de comprar, até janeiro, mais 12,2% da BFRE. Se a opção for exercida, essa fatia será adquirida da Ourinvest Real Estate, que receberá os recursos da venda.

Segundo Nogueira, os executivos da BFRE conversam com Sam Zell e Gary Garrabrant há dez anos. Mas, se o namoro é antigo, o noivado teria começado após a desistência da abertura de capital da BFRE.

O executivo garante que a intenção de fazer o lançamento inicial de ações (IPO) está mantida, mesmo com o aporte da Equity International na companhia. Segundo ele, a entrada de Sam Zell na empresa não foi a razão da suspensão da oferta pública de distribuição primária de units (certificados de depósito de ações), anunciada no dia 27 de novembro. “Foi uma feliz coincidência”, afirmou.

Nogueira conta que a empresa considerou mais adequado adiar o IPO para que os resultados auditados do quarto trimestre pudessem ser mostrados aos potenciais investidores, pois o desempenho no período será uma fotografia da empresa “mais fiel”. Questionado se o IPO será realizado no primeiro semestre de 2010, o executivo limitou-se a responder que “se existirem condições de mercado, por que não?”.

A BRFE atua por meio de quatro subsidiárias operacionais: Brazilian Mortgages, BM Sua Casa, Brazilian Securities e Brazilian Capital. O financiamento à produção para incorporadoras e construtoras é oferecido pela Brazilian Mortgages, empresa que concede ainda crédito imobiliário para pessoas físicas, área de atuação também da BM Sua Casa. A Brazilian Mortgages é responsável pela estruturação de fundos de investimento imobiliário (FIIs), enquanto a Brazilian Securities é focada na compra de recebíveis imobiliários e emissão de CRIs. A Brazilian Capital atua na gestão de portfólio para clientes locais e internacionais. O coinvestimento em fundos é feito pela própria BFRE.