Albergues de Ribeirão e Rio Preto são procurados por empresas, que buscam recrutar pedreiros e serventes. Segundo empresário, dos 150 funcionários de sua empreiteira, 60% são do Cetrem; para ele, recrutamento é filão.

A falta de mão de obra na construção civil tem levado as empresas a procurarem operários em albergues noturnos e centros de migrantes, frequentados principalmente por moradores de rua.
Com a escassez de trabalhadores, cerca de 20 empresas já procuraram a Cetrem (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante de Ribeirão). Em São José do Rio Preto, acontece o mesmo.
O empresário Denis da Silva Gonçalves, que terceiriza mão de obra para construtoras de São Paulo, Taboão da Serra e Ribeirão Preto, afirma que 60% dos 150 funcionários de sua empresa são recrutados nesses locais.
Ele diz que passou a fazer esse recrutamento há três meses, depois que ficou sabendo que havia muita gente qualificada em albergues.
Segundo ele, algumas empresas têm atraído nos últimos anos mão de obra de outros Estados e, ao fim do serviço, esses funcionários optam por ficar na cidade em busca de novos empregos.
"Foi assim que descobrimos esse filão nos albergues", afirmou Gonçalves.
A assistente social do Cetrem, Ana Luiza Gouveia, disse que 90% das pessoas que chegam ao alojamento são encaminhadas para a construção civil.
"São cerca de 90 pessoas por mês em média para as obras", contou.

RAPIDEZ
O servente de pedreiro Jaílson Rodrigues de Castro, 20, veio de Uberlândia (Minas Gerais) para Ribeirão Preto para tentar conseguir uma vaga na construção civil.
Antes mesmo de procurar as empresas que terceirizam a mão de obra, acabou recrutado no próprio albergue. "Melhor porque, na verdade, eu tinha vergonha de dizer que residia em um albergue por temer preconceito."
Hoje ele atua como servente de pedreiro em uma obra no conjunto habitacional Paulo Gomes Romeu e projeta retornar à sua cidade após o término da obra.
Seu colega Delton Sales Barbosa, 24, também veio de Uberlândia acompanhado pela mulher, que está grávida de quatro meses.
Ele continua morando no alojamento da Cetrem, mas foi informado de que a empresa está procurando uma casa de aluguel para o casal.
A coordenadora da Cetrem, Cleide Cerqueira Mantovani, 44, vê essa procura com otimismo. "Eles recuperam a cidadania e ganham autoestima", conta.
Em São José do Rio Preto, a psicóloga Soraia Sanches, da Fundação Riopretense de Assistência Social, conta que uma construtora procurou o albergue da entidade e selecionou dez pessoas em busca de mão de obra.
"Mas, em geral, nem dá tempo para isso, pois todas as pessoas que procuram vagas na construção civil conseguem emprego na mesma hora", afirma.

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