Mas a dação em pagamento, operação em que um imóvel de valor inferior é usado para quitar parte do preço, corresponde a 20% das transações intermediadas por imobiliárias e consultorias, segundo estimativa do Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis).
A FGi Negócios Imobiliários colocou no ar neste mês o site www.permutimovel.com.br. Inédito no Brasil, o serviço faz "casamentos de interesse" entre pessoas e construtoras em busca de trocas imobiliárias.
O cadastro, válido para todo o país, é gratuito, e a FGi intermedeia negociações. "Há quem ignore que algumas construtoras aceitam a prática", avalia o diretor, Feliciano Giachetta, 51.
As permutas, porém, vêm diminuindo devido às facilidades de financiamento, além de não serem o melhor dos negócios.
"[Com o financiamento] ganha-se um prazo para vender o imóvel pelo preço de mercado, já que, na permuta, costuma-se receber menos do que ele vale", explica o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva, 55.
As construtoras contabilizam o "imóvel-moeda" a um valor de 10% a 20% inferior ao de mercado para compensar gastos, como transferência de escritura e comissões, e revendê-lo rapidamente -sem lucro, mantendo a desvalorização.
O diretor de marketing do Secovi-SP (sindicato da habitação) e da imobiliária Itaplan, Fábio Rossi, 40, diz considerar 10% um preço alto a se pagar por comodidade e, em razão disso, desaconselha a permuta. "Financie a compra, venda o seu e aplique o dinheiro, que pode render mais que os juros do financiamento", sugere.
Construtoras e incorporadoras se dividem quanto à prática de aceitar uma moeda feita de cimento e ferro.
A Tecnisa, por exemplo, não adota a permuta. "Imóvel não é capital de giro. Teríamos que arcar com condomínio e impostos", justifica o corretor André Luiz dos Santos, 23.
Troco
Já a Lider mantém há dez anos o programa "Troque as Chaves". Transações com troca representam 30% das vendas da construtora, e, de acordo com o superintendente de negócios, Marcus Vinícius Campos Duarte, 44, o estoque de usados da empresa é baixo. "Uma consultoria avalia os imóveis, e só aceitamos os que têm liquidez", ressalta.
Construtoras aceitam usados como pagamento de lançamentos, de imóveis de alto padrão e de unidades "encalhadas". Em todos os casos, desde que o "troco", parte em dinheiro, seja de ao menos 60% --o mais comum é que o usado corresponda a 20% do preço do novo.
"Dependendo da condição de pagamento desse troco, aceitamos imóvel cujo valor seja de até 70% do preço", afirma José Carlos Anitablian, 32, diretor da construtora Cáucaso, cadastrada no site Permutimovel.
DÉBORA FANTINI