Ambiente e urbanismo Pesquisa aponta a Nove de Julho e Independência como os pontos com maior poluição visual em Ribeirão.

Uma pesquisa que está prestes a ser publicada detectou os principais pontos de poluição visual e desconforto urbanístico de Ribeirão Preto. O trabalho, feito pelo arquiteto urbanista Chico Morais, analisou 98 pontos ao longo dos últimos 16 anos, comparando passado e presente, e encontrou pelo menos três pontos de intensa poluição visual e dois de extrema poluição.

Os de intensa poluição estão nas Avenidas João Fiúsa (entre a Caramuru e a Presidente Vargas), Presidente Vargas e todo o quadrilátero central. Já a extrema poluição é encontrada na Avenida Independência (no lado direito do sentido Meira Júnior, entre as ruas Florêncio de Abreu e Prudente de Morais e a Nove de Julho.

Para definir a pesquisa, de caráter científico, o urbanista criou o Índice de Conforto Ambiental Urbano (Ical), com dez itens que nortearam o trabalho. Entre os itens estão existência de calçadas, pontos de ônibus com bancos, lixeiras, sinalização, arborização, paisagismo e nível de limpeza do local. “Porque se os locais estão sujos, as pessoas tendem a se acostumar depois de determinado período. É uma coisa cultural”, diz.

Antes da definição do Ical, explica Morais, não havia parâmetros de comparação para saber como deveriam ser os pontos. “Foi um trabalho demorado, porque as pesquisas urbanísticas têm essa característica de observação a longo prazo, para efeito de comparação.” Mas agora o livro está em fase de edição para ser publicado, com o patrocínio do Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP).

A existência dos pontos de poluição visual é uma decorrência da falta de controle. “Não há legislação para regular. A Lei complementar do Mobiliário Urbano (que integra o Plano Diretor) está pronta há mais de dez anos, mas nunca foi votada. Não vejo culpa nos empresários que poluem, porque não há uma orientação”, analisa.

Segundo Nabil Bonduki, relator do Plano Diretor de São Paulo, há dois tipos de poluição visual: as placas indicativas e as de publicidade. “Em São Paulo os outdoors foram proibidos e o tamanho das placas indicativas limitadas a um metro quadrado.” Ele afirma que a lei é fundamental. “Parte das pessoas não percebe esse tipo de poluição, mas a prova de que incomoda está no alívio sentido após a retirada das placas.”

O secretário de Planejamento de Ribeirão, Ivo Colichio, diz que a lei é necessária para que ninguém exceda o limite. O secretário disse que a lei volta para Câmara neste segundo semestre com a lei de revisão de ação complementar do Plano Diretor.

Ordenamento ajuda comércio

Fernando Freire, presidente do Conselho Municipal de Urbanismo de Ribeirão Preto (Comur) diz que o problema da poluição visual vai além do desconforto visual. “Com a paisagem urbana limpa é possível preservar a própria cultura, a história da cidade”, disse. Freire afirma que o objetivo dos estabelecimentos comerciais em se comunicar algo muitas vezes não é atingido porque o número de informação passado é muito grande. “A ânsia de se levar ao consumidor uma mensagem é tão grande que se deixa de cumprir o desejado, as pessoas não lembram o que leem. As regras ajudam a própria comunicação.” A enfermeira Suzana Silveira, 50 anos, que quatro vezes por semana caminha pela Avenida Nove de Julho, disse que Ribeirão se tornou uma cidade visualmente poluída. “Nos últimos anjos a cidade ficou feia e com exceço de informações.” Mas Chico Morais, responsável pela pesquisa, também destaca pontos positivos, como as Avenidas Costábile Romano e 13 de Maio e o Parque Luiz Roberto Jábali (Curupira). “O parque é uma referência mundial de recuperação de pedreira. Mérito do Abranche (Fuad Abdo, hoje secretário de Obras Públicas), que o projetou.” (GS e MCF)