Plantas de apartamentos, maquetes e tabelas de preços deixaram de ser acompanhadas apenas pelo tradicional cafezinho nos estandes de vendas de imóveis. Agora, quem vai conhecer um novo empreendimento é recebido com comes e bebes cada vez mais variados. As incorporadoras oferecem chocolates, sorvetes, promovem brunches e festivais gastronômicos, com risotos ou pizzas. Não faltam nem feijoada e churrasco nos menus.

Os apartamentos decorados deixaram de ser as únicas atrações. O sonho da casa própria agora é embalado por um clima de festa, em espaços amplos, com mesas e sofás. Quem foi no último fim de semana conhecer o residencial Casa das Caldeiras, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, encontrou uma farta mesa de sanduíches, doces da Cristallo, cascata de chocolate para acompanhar frutas, além de refrigerantes e chá gelado.

Enquanto o marido conversava com um corretor, Carla Rabinovich brincava com o filho Felipe, de 1 ano e 10 meses, no espaço infantil, equipado com vários brinquedos, onde um monitor fazia esculturas com bolas de bexiga. “É a primeira vez que venho e não sabia que tinha toda essa estrutura. Achei interessante.”

“O evento é pano de fundo, a intenção é tornar o ambiente mais agradável. Ao se sentir mais confortável, o comprador fica disposto a ver o empreendimento com mais atenção”, afirma João Mendes Silveira de Almeida, diretor comercial da Setin, responsável pela obra. No começo do mês, o festival do risoto no empreendimento atraiu 400 visitas no fim de semana. “Considerando que cada visita estava acompanhada de pelo menos mais uma pessoa, é um retorno interessante”, diz o diretor.

Segundo ele, os festivais gastronômicos promovidos pela empresa se intensificaram desde o ano passado. No caso do Casa das Caldeiras, já foram vendidas todas as 535 salas comerciais e a empresa se prepara para lançar os 384 apartamentos residenciais. A Setin planeja fazer degustações em outros dois empreendimentos, que serão lançados em breve, nas cidades de Diadema, no ABC paulista, e em Campinas, no interior.

Eventos. No Rio, o chef Olivier Anquier foi a estrela do lançamento de um residencial da Gafisa na Barra da Tijuca, zona oeste. Além de fazer uma salada e um sanduíche, ele distribuiu um livro com dicas e receitas. “Eventos como esses geram uma curiosidade no público”, afirma o diretor de marketing e vendas da empresa, Luiz Carlos Siciliano . “Estamos sempre procurando fórmulas novas para que as promoções não se tornem repetitivas.”

Em São Paulo, a Yuny fez um coquetel com finger food (canapés quentes e frios), pratos quentes, espumante, uísque Johnnie Walker Black Label, além de sucos especiais, como tangerina com pimenta rosa. Tudo isso para reunir cerca de 200 pessoas e lançar o empreendimento Marquise Ibirapuera, com imóveis a partir de R$ 5 milhões. “Os eventos são diferenciados e moldados de acordo com o perfil de cada público”, explica o diretor de incorporação da empresa, Fábio Romano. A empresa já fez festivais de pizza e de massas, petiscos de boteco e até churrasco.

Para a apresentação do apartamento decorado de um empreendimento na Chácara Santo Antônio, na zona sul, a Gafisa levou uma mestre cervejeira, que explicava que tipo de bebida mais se adequava às comidinhas que estavam sendo servidas. Também houve degustação de cervejas gourmets artesanais.

Decisão. Romano, da construtora Yuny, diz que as empresas sabem que os clientes não vão decidir pela compra do imóvel apenas por conta do evento. “É um fator motivador, para que o pessoal de vendas traga um maior número de clientes para o estande”, afirma.

Nick Dagan, diretor de incorporação da Esser, concorda que as promoções não são fatores decisivos para o cliente fechar negócio. “Mas se durante a degustação o cliente tiver acesso a um empreendimento que se encaixa na sua busca, conseguimos alcançar o resultado esperado”, diz.

Tanta fartura pode acabar levando para os estandes visitantes que só estão interessados em comer de graça. “Isso é um risco. O que fazemos é sempre colocar nos convites que é indispensável apresentar o folheto, válido apenas para uma família e que é obrigatório ser atendido por um corretor”, diz Rubens Júnior, diretor da regional São Paulo da construtora Rossi. publicado em 28/09/2010 | Fonte: O Estado de São Paulo