A venda de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo caiu 13,4% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2011, e teve retração de 9,7% em relação a março, aponta pesquisa do Secovi-SP.
O recrudescimento da crise europeia e a perspectiva de que a economia brasileira cresça pouco enfraqueceram o mercado no mês passado, apesar do esforço do governo para cortar juros.

“Normalmente, abril tende a ser mais fraco do que março”, observa o gerente do Departamento de Economia do Secovi-SP, Roberto Akazawa.
Apesar da contração no mês, as vendas de imóveis residenciais na capital paulista aumentaram 12,5% neste ano até abril, na comparação com o mesmo período de 2011. Entre janeiro e abril, foram vendidas 7.407 unidades.

O resultado do primeiro quadrimestre indica que a tendência é fechar o ano com crescimento de 10% nas vendas, diz Akazawa. No ano inteiro de 2011, por exemplo, foram comercializados 28 mil imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo, um volume 20% menor do que no ano anterior. “Neste ano, não vamos atingir as mesmas quantidades vendidas de 2010 (35 mil unidades), mas a perspectiva é chegar a 31 mil imóveis”, diz o gerente.

“O mercado imobiliário da cidade de São Paulo deve manter a tendência de crescimento no mês de maio, refletindo, principalmente, o movimento do feirão da Caixa”, prevê o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. Akazawa lembra que, desde ontem, o prazo máximo mais dilatado oferecido pela Caixa para a compra de imóveis é de 35 anos, com juro menor, de 8,85% ao ano. Ele acha que essas condições de financiamento devem ter reflexos no volumes de negócios fechados neste mês.

Mais da metade (52,4%) do número de unidades vendidas na cidade de São Paulo em abril foi de apartamento de dois dormitórios. A vice-liderança do ranking de vendas ficou com os apartamentos de três dormitórios (33,2%), seguidos pelos imóveis de quatro (9,3%) e um dormitório (5,1%).

 Ajuste

Akazawa observa que o mercado imobiliário na capital paulista passa hoje por um processo de ajuste. Essa mudança ganha contornos mais nítidos quando se observa o recuo no número de lançamentos. Em abril, foram lançadas 1.622 unidades residenciais na cidade. Esse número é quase 24% menor que o registrado no mesmo mês de 2011. No primeiro quadrimestre deste ano, o total de lançamentos foi de 5.257 moradias, com recuo de 27,6% em relação ao mesmo período de 2011.

A redução do número de lançamentos significa que as vendas estão sendo em boa parte feitas para desova de estoques antigos. Tanto é que, recentemente, várias construtoras e imobiliárias lançaram campanhas publicitárias relâmpago, com duração prevista de um fim de semana apenas, na quais eram oferecidos descontos generosos.
“O período de euforia do mercado imobiliário vivido em 2010 passou, e hoje a perspectiva é de crescimento moderado”, diz Akazawa.

 Velocidade

Essa moderação também pode ser observada no indicador de velocidade de vendas sobre a oferta. Em abril deste ano, 10,2% dos imóveis novos ofertados na cidade de São Paulo foram vendidos, um resultado ligeiramente menor do que o registrado no mês anterior (11%).

Já em relação a abril de anos anteriores, a diferença é bem maior. Em abril do ano passado, o indicador de velocidade de vendas sobre oferta estava em 16%, e em abril de 2010, ano que foi espetacular para o mercado imobiliário, a velocidade de vendas sobre a oferta atingiu 25,3%.
O gerente do Departamento de Economia do Secovi-SP pondera, no entanto, que o indicador acumulado em 12 meses está em expansão.

Em dezembro do ano passado, o índice de velocidade de vendas sobre oferta acumulado em 12 meses fechou o ano em 56%, subiu para 57,9% em janeiro, foi para 59,1% em fevereiro e atingiu 60,4% em abril.