Ao contrário do que muitos imaginam a vida em condomínios não é recente e não começou por causa da violência urbana. De acordo com especialistas no assunto, a idéia de aglutinação de habitações nasceu no Egito no século 30 a.C.
O advogado Sérgio Roxo da Fonseca, especializado em Direito Público e estudioso do Direito Urbanístico, explica que tudo começou com a necessidade de o homem querer se desvincular da participação de todos da comunidade naquilo que se fazia ou construía particularmente.
As necessidades de se viver em pequenos grupos foram mudando. “Naquela época, a propriedade era de todos. As mulheres eram de todos. Os filhos eram de todos. Os homens eram nômades, tinham muitos deuses. Quando o homem passa de caçador para agricultor, começa a existir a necessidade de se criarem propriedades privadas”, explica Roxo da Fonseca.
Foi na Mesopotâmia que surgiram as três principais religiões e seus seguidores (judeus, cristãos e mulçumanos). Os homens começam a delimitar suas propriedades e iniciam o processo de estabelecimento de regras.
Mas é na antiguidade greco-romana que surgiram as primeiras cidades. “A cidade foi o primeiro ‘condomínio’ a ser construído, surgindo depois a Cidade-Estado. O primeiro povo a pensar o Estado foi o romano, criando burocracias e legislação. A Grécia começou a ver a cidade como território com Alexandre, O Grande”, afirma o advogado. O objetivo era delimitar território para garantir as conquistas de cada povo.
Quando estes objetivos mudaram, as construções de condomínios começaram a ser feitas para ostentar luxo e riqueza. “No século 20, podemos ver que a América do Norte começou a construir seus arranha-céus”, salienta Roxo da Fonseca.
Na África do Sul os condomínios serviram para separar brancos e negros. “Construíram locais que podiam ser transitados apenas por brancos. Em Cuba, por volta de 1955, foram construídos vários condomínios. As pessoas queriam se proteger da Revolução”, explica o estudioso do Direito Urbanístico.

ACESSO
Também para a classe média

Uma evolução segundo Márcio Nogueira, gerente regional da Chemin Incorporadora, é o acesso da classe média aos condomínios. “Antigamente somente a classe mais alta poderia viver em condomínios. Hoje a realidade é outra”, conta.
Para o arquiteto e urbanista Silvio Contart, um dos profissionais responsáveis pelo projeto do Village de France, uma das necessidades da construção de condomínios se deu por conta do grande fenômeno do último século, que foi o uso indiscriminado dos automóveis, aliado à questão da segurança.
“O número de automóveis aumentou e as cidades foram se adaptando a eles”, explica. Segundo ele a atual volta à preferência pela vida em condomínios é natural do ser humano e se deu como resgate da convivência com comunidades locais.
Futuro
Embora sejam muitas as vantagens dos condomínios para seus moradores, a cidade pode ser prejudicada se não houver controle. “Muitos condomínios aglomerados representariam fachadas totalmente muradas. Isso torna a cidade mais feia e desumana”, explica Silvio.
A solução é a mescla de condomínios a outros imóveis, promovendo alternância e preservando a diversidade visual da cidade.

EVOLUÇÃO
Condomínios nos dias de hoje

Atualmente, as necessidades mais latentes para a sociedade são a proteção e o conforto. Por isso, a cada dia as construções estão mais voltadas para a busca de alternativas que mantenham os condôminos protegidos e bem alojados.
Para Márcio Nogueira, gerente regional da Chemin Incorporadora, “as cidades estão ficando cada vez mais perigosas. As pessoas querem proteger a família e alcançar, sobretudo, mais tranqüilidade”. Para ele, os condomínios, sejam verticais ou horizontais, preenchem as necessidades da vida moderna.
Outra vantagem dos condomínios é o aproveitamento dos diferenciais coletivamente. Muitas pessoas podem aproveitar diferenciais como o projeto de arquitetos renomados ou áreas de lazer muito bem planejadas, gastando menos. “Os condomínios devem ser sempre focados na coletividade”, explica Márcio.
Um dos exemplos é o Doppio Spazio, que será o primeiro condomínio vertical dúplex com quatro suítes de Ribeirão Preto. O empreendimento leva as assinaturas do arquiteto Roberto Candusso, do decorador Sig Bergamin e do paisagista Benedito Abud. Outro exemplo citado por ele é o condomínio Villa D’Itália, onde os moradores podem aproveitar o lago da propriedade para pescar. Foi a busca por maior segurança e qualidade de vida que fez André Ackel, analista de sistemas, mudar de uma casa nos Campos Elísios para o Villa D’Itália. “Consegui uma qualidade de vida que não