Os seres humanos dos dias de hoje têm pressa. Pelo menos os normais, que são os neuróticos da ansiedade. Os anormais não têm pressa. Verifique isto na fila de caixa de um supermercado. Ou nas filas que antecedem a fila do caixa. Digamos, por exemplo, a parte de frios. Ou a padaria. Qualquer demora no atendimento já nos deixa nervosos. É estresse, dirá alguém. Mas estresse é nervosismo.
Saia agora do supermercado e vá para o trânsito. Imagine-se num dos pontos de maior estrangulamento aqui em Ribeirão Preto. Onde há fila. São muitos os locais onde há fila, não é mesmo? Como estamos sempre com pressa – exatamente porque somos normais – aumenta nossa ansiedade. Mais adrenalina. Menos endorfina.
Quando a APAS – Associação Paulista de Supermercados – fez pesquisa em nível estadual para medir o grau de satisfação do consumidor nas lojas dos supermercados, identificou alguns pontos interessantes. Que mediam insatisfação. São eles: falta de mercadorias nas gôndolas, o preço dos produtos, o atendimento, dentre outros. Mas o que disparou à frente foi fila nos caixas, principalmente. Mas não só nos caixa. É que aí dispara a ansiedade, que nos ataca mais do que o aborrecimento de não encontrar o produto desejado. Ou a contrariedade causada pelo preço elevado. A fila gera mais contrariedade porque, quando falta o produto, podemos mudar de loja. Mas a fila é um K, uma constante na equação dos supermarcados.
Este K se repete no trânsito. Numas cidades mais do que em outras. Mas, dentro de uma cidade, também nuns bairros mais do que noutros. E em determinadas artérias – ruas, avenidas – igualmente mais do que em outras.
Quem tem imóvel próximo de pontos de engarrafamento deve ficar satisfeito com administrações ineptas. Porque, com administrações municipais dinâmicas, que tentem resolver os problemas urbanos a partir de um trânsito onde os veículos fluam mais rapidamente, vale dizer, mais no ritmo nos dias de hoje, possivelmente se terá intervenções neste pontos. E intervenções, muitas vezes, passam por desapropriação de imóveis próximos.
Estas desapropriações ocorrem para o desenho e o traçado de rotatórias, a construção de elevados, de viadutos. Podem, por conseguinte, atingir imóveis destes munícipes.
Estas observações vêm a propósito de cautela que você deverá tomar quando for adquirir um imóvel. Tanto para morar, usar como dependência de empresa como para locar a terceiros. Analise se ele, no presente ou no futuro, não poderá ser objeto de decreto declaratório de utilidade pública para fins de desapropriações. Você será ressarcido financeiramente. Mas muitas vezes a desapropriação entrará no seu inventário, no inventário de seus bens. E os bisnetos é que poderão receber algo.

VICENTE GOLFETO