foto: WEBER SIAN
A perspectiva de solução para a falta de tratamento de 40% do esgoto no município de Ribeirão Preto deve afetar diretamente o processo de expansão da Zona Sul do município, “freada” por falta de infra-estrutura.
No ano passado, um acordo firmado entre prefeitura, Departamento de Águas e Esgoto (Daerp), Cetesb e Ministério Público brecou a aprovação de empreendimentos naquela região. “Firmamos um acordo em 2006, mas acredito que com a solução desse problema a gente possa assinar um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] e isso se resolva. O problema vai ser resolvido não só na Zona Sul, mas em toda a cidade, inclusive prevendo futuras expansões”, declarou o superintendente do Daerp, Darvin José Alves.
Atualmente, apenas 60% do esgoto produzido no município são tratados. O restante, por falta de emissários que levem o esgoto até as duas estações de tratamento, é jogado in natura nos córregos.

Zona Sul é mais carente
Faltam emissários em todas as regiões de Ribeirão Preto. No caso da Zona Sul , onde nos últimos dez anos ocorreu um verdadeiro “boom” imobiliário, a situação é mais crítica porque, sendo uma área de expansão da cidade, ela é mais carente de infra-estrutura.
“Isso [a extensão da rede de emissários de esgoto] vai resolver não só para aqueles que querem construir, como vai regularizar a situação dos condomínios já existentes”, declarou José Aníbal Laguna, diretor do Departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Planejamento. A proposta da prefeitura, que já está quase fechada [ainda depende de aprovação da Câmara dos Vereadores], é ampliar o prazo do contrato com a empresa. Em troca, a Ambient, responsável pelo tratamento, estende em cerca de 40 quilômetros a rede de emissários, projeto que demanda investimentos de cerca de R$ 35 milhões. Se aprovada a proposta ainda este mês, as obras já devem começar em junho.

Cerca de 2,5 mil lotes ‘aguardam’ acordo
Até quando a Zona Sul ainda poderá ser expandida? Na opinião de José Aníbal Laguna, por muitos anos ainda. “Na região do Anel Viário Sul caberia uma outra Ribeirão Preto tranqüilamente, com índices de densidade demográfica aceitáveis”, declarou o diretor do Departamento de Urbanismo do município.
Neste momento, de acordo com Laguna, existem cerca de seis novos empreendimentos voltados à classe média alta aguardando a definição sobre o tratamento do esgoto. “São aproximadamente 2.500 lotes para casas. Se calcularmos quatro pessoas em média por lote, teremos a previsão de 10 mil pessoas a mais na Zona Sul”, declarou.
Mas Laguna faz uma ressalva. “Não vamos pensar que esses empreendimentos saiam todos de uma vez, o impacto desse acordo não deve ser imediato. Nem dá para pensar que todos decidam se mudar. Muitos compram por investimento, outros compram pensando em construir no futuro”, disse.
Segundo ele, não havia acontecido em Ribeirão Preto um processo de expansão imobiliária tão intenso como o que vem ocorrendo na Zona Sul.
“A classe média sempre sonhou com a Zona Sul, em crescer, em morar melhor. O shopping atraiu muita gente, o modo de vida, os terrenos maiores. A cidade convencional ficou mais perigosa e os condomínios passaram a ser referência”, afirmou Laguna.

Jornal A Cidade - 06/05/07