Carla Monique Bigatto

A preferência pela vida em condomínio fez aumentar significativamente o número desses empreendimentos na cidade. Tanto que há opção para quase todos os bolsos. A zona leste, por exemplo, oferece imóveis de ótimo padrão a preços reduzidos.
O problema, segundo empreendedores da região, é o acesso. O dono de construtora Hugo Brandani Filho diz que muitos clientes perdem o interesse quando percebem que o acesso é feito somente por meio de rodovia. “As pessoas demonstram uma certa resistência quando precisam passar para o lado de lá da Anhanguera”, conta.
Mas em breve os empecilhos para alcançar a zona leste diminuirão muito. Novas marginais de acesso construídas pela concessionária responsável pelo trecho ribeirão-pretano da Anhanguera, a Autovias, prometem facilitar a chegada de quem vem do centro. São 14 quilômetros de marginais, cujas obras deverão ficar prontas em agosto do próximo ano.
“Quando a marginal ficar pronta será mais seguro chegar ao condomínio, já que não será mais necessário utilizar a rodovia”, afirma Hugo. Sua construtora possui na região um condomínio de casas e um loteamento.
Condomínio
O condomínio Ouro Verde, localizado na zona leste, espera pelas obras da marginal de acesso desde seu planejamento. Hugo Brandani, dono da construtora, conta que atrelou a construção do empreendimento ao novo acesso. “Esperava que a obra terminasse mais cedo”, afirma. A assessoria de imprensa da concessionária Autovias informa que as obras estão dentro do prazo previsto e são feitas por etapas.
Seu empreendimento é uma das opções mais acessíveis em condomínio horizontal. São 67 unidades construídas e apenas vinte ocupadas.
As casas, de mesmo padrão, possuem 74 metros quadrados de área. Hugo conta que a construtora entregou todas as unidades com acabamento completo. “Azulejo do chão ao teto da cozinha, maçanetas escovadas e três dormitórios com uma suíte. O padrão é ótimo”, afirma Hugo.
Para ele, o espaço é uma das vantagens. “O quintal dos fundos permite até mesmo a construção de uma piscina infantil”, explica Brandani.
Ele diz que esses imóveis têm sido negociados abaixo do valor real. “Pelo padrão essas casas estão em um valor muito baixo”, conta ele mostrando os imóveis vendidos a R$ 89 mil.
Investimento
Para Brandani Filho, condomínios em locais afastados são ótimos investimentos para o futuro. Ele diz que o término da marginal de acesso da Autovias deve aumentar o valor de comercialização dos imóveis do condomínio.
“Locais mais afastados valorizam conforme o progresso vai chegando”, diz.

ZONA LESTE
Construtor quer mais atenção para a região

Sempre envolvido com projetos na zona leste o presidente de construtora José Batista Ferreira reclama do descaso do governo para com a região. Segundo ele, a ocupação planejada foi muito maior do que a que realmente aconteceu.
Um exemplo disso foi a instalação da estação de tratamento de esgoto, suficiente para lidar com dejetos de 5 a 7% da população da cidade. “A expectativa de crescimento era muito grande, mas não aconteceu dessa forma”, diz Batista, que completa: “como é que uma região pode crescer sem vias de acesso?”.
A falta de vias que levem a população a esses trechos induz aos vazios urbanos em áreas que, segundo Batista Ferreira, possuem infra-estrutura adequada. “O sistema de esgoto daqui é correto, diferente do que acontece na zona sul”, afirma.
Acesso
Batista diz ter sido responsável, pelo menos em parte, pela construção de quatro condomínios na zona leste. Ele diz que a passagem que dá acesso às instalações desses locais tem mais de 50 anos. “Isso deveria ser renovado”, diz.
Ele diz que há projetos de melhoria de vias como a passarela que liga a avenida Guadalajara à Henri Nestlé. “Ele teve um trecho duplicado, mas deve ser toda restaurada”, diz.
A responsabilidade dessas obras é do governo do Estado, e Batista explica que há propostas entregues à Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) que atendam a população moradora dessas áreas.
Agravante
Um agravante para o crescimento habitacional na zona leste é a preocupação com o aqüífero Guarani, lençol subterrâneo de água que corta o Brasil e é responsável por boa parte do abastecimento de água da cidade.
Batista, que também é diretor regional do Sinduscom (Sindicato da Indústria da Construção Civil) diz que há métodos capazes de equilibrar o crescimento da região sem agravar o quadro de impermeabilização e afetar o aqüífero. “O Sinduscon, juntamente com profissionais da prefeitura, está planejado uma solução inteligente para entregar à promotoria”, afirma o presidente.