Algumas informações úteis para quem quer investir em imóveis. É bom estar atento a uma mudança sensível que vem acontecendo no mercado de imóveis. Eles continuam sendo uma aplicação conservadora, do tipo que rende pouco a cada mês, na comparação com algumas alternativas oferecidas pelo mercado financeiro. Em compensação, o dinheiro investido num apartamento ou numa loja não corre o risco de virar pó diante das oscilações das bolsas. E, ao contrário do que ocorria na época da inflação, eles deixaram de ser vistos apenas como reserva de valor. Com a economia estável, a renda com o aluguel não sofre desvalorizações mensais e os contratos não precisam mais passar pelas desgastantes renegociações que infernizavam a vida dos proprietários e dos inquilinos antes do real. "A situação para quem quer investir em imóveis é a melhor em quarenta anos", diz o economista Cicero Yagi, que presta consultoria ao Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis de São Paulo e à Universidade de São Paulo. "Os rendimentos com um imóvel alugado no decorrer de um ano são hoje duas vezes maiores que em 1993." Longo prazo — O preço dos imóveis caiu nos últimos anos e o dos aluguéis também. O valor das locações residenciais na cidade de São Paulo, por exemplo, teve redução de 13% em média entre o final de 1997 e dezembro do ano passado, conforme levantamento da Hubert Imóveis e Administração, uma firma de São Paulo que acompanha esse segmento. A previsão do mercado, no entanto, é que os preços fiquem estáveis daqui por diante. "Quem comprar um imóvel hoje encontrará dificuldade para alugá-lo por um valor elevado", diz Hubert Gebara, diretor da empresa. "Mas é preciso ter em mente que o imóvel é um investimento que dá retorno a longo prazo." O que comprar? — O proprietário de um imóvel de aluguel deve levar em conta que terá despesas de manutenção caso não consiga um locador disposto a ocupá-lo. Nesse caso, o bem acabará consumindo recursos em vez de gerá-los. Por essa razão, a escolha de um imóvel para aluguel deve obedecer a critérios diferentes dos que orientam a compra da casa própria. "Apartamentos de um ou dois quartos perto de uma universidade são sempre uma boa opção", explica o consultor Lincoln Marques, que trabalha para construtoras e dá aula em universidades de São Paulo e Belo Horizonte. "A possibilidade de ficar com o espaço desocupado é relativamente pequena." Os flats constituem também uma solução para contornar o problema da falta de inquilinos. Neles, os donos dos apartamentos podem reunir-se numa espécie de associação na qual a soma dos aluguéis recebidos no mês é rateada pelo número de integrantes do grupo. Inadimplência — Outro risco a ser considerado é o da inadimplência. A sugestão dos especialistas, além de selecionar bem os candidatos, é não concentrar todas as economias num só imóvel. "Para quem tem 120.000 reais, é mais negócio comprar três apartamentos de 40.000 reais do que investir todo o dinheiro num maior, de três dormitórios", diz José Roberto Graiche, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo.