Imóveis usados conquistaram a preferência de compradores desde que os bancos passaram a conceder mais crédito --em 2005, as negociações cresceram 14,58% no Estado, segundo o Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo).
Mas, na hora de fechar o negócio, o que os olhos não vêem o bolso sente. Problemas estruturais, falhas em instalações elétrica e hidráulica e acabamentos desgastados pedem reformas que encarecerão a compra de quem não souber dimensionar o gasto. Ou podem dar mais força para pedir abatimento de preço.
Quem pode ajudar nessa tarefa é um profissional especializado em vistorias. Geralmente são engenheiros ou arquitetos que seguem as normas técnicas do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia). Os peritos judiciais são obrigados a fazer um curso específico.
Eles fazem uma check-list dos itens que estão em ordem e dos que pediriam reformas e registram tudo com fotos.
Além de avaliar a segurança estrutural, a conservação de instalações prediais e a qualidade das vedações, também dizem se os acabamentos foram bem-feitos, com material de boa qualidade.
O preço do serviço depende de uma série de fatores, como o valor e o tamanho, mas, em média, a vistoria custa a partir de R$ 1.000.
"Na maioria das vezes, somos contratados somente por bancos para a aprovação de financiamentos. Eles querem saber se o valor do contrato é real e se obterão a mesma quantia dada pelo imóvel caso precisem vendê-lo no futuro", declara a arquiteta e perita Ana Maria Fernandes Cooke, 25.
Estado do prédio
Cooke explica que o próprio comprador pode detectar problemas que são visíveis a olho nu, sem nenhum tipo de instrumento de medição. "Ele pode encontrar defeitos e fazer uma checagem, mas, às vezes, não reconhece a profundidade do problema."
No laudo do perito, é discriminado tudo o que está quebrado e deve ser trocado. Os profissionais também podem fazer um orçamento das reformas necessárias.
A vistoria também se estende às condições do condomínio e serve até para saber se a mensalidade está alta demais.
Segundo o arquiteto e perito Heleno Santos, 53, "só a idade do prédio já diz muito sobre ele". Santos conta que até a marca do elevador pode valorizar o imóvel.
O estado de conservação da garagem, problemas na estrutura do prédio ou a presença de infiltrações são fatores que encarecem a taxa de condomínio.
GIOVANNY GEROLLA
Folha de S.Paulo - 23/04/06