Com a temporada de chuvas, não é raro que algumas surpresas apareçam dentro de casa. Mas, em vez de serem encaradas como vilãs, manchas, bolhas e goteiras podem ajudar a descobrir o que não vai bem com a estrutura e a corrigir defeitos na impermeabilização, evitando incômodos na próxima temporada.

Segundo o engenheiro Paulo Sérgio de Oliveira, gerente da divisão de construção da Sika Brasil (fabricante de impermeabilizantes), quanto mais cedo o problema for notado, menos prejuízo causará. "O custo de correção dos problemas evolui bastante, por isso não faz sentido adiar o reparo."

A cobertura (laje ou telhado) ocupa o topo da preocupação de quem mora em casa. Exposta a vento, chuva e grande variação de temperatura, será a porta de entrada da água se houver falhas na impermeabilização ou se telhas e estruturas do telhado tiverem sido danificadas por temporais.

Se o problema estiver na laje, a recomendação é que a impermeabilização seja refeita, com troca e proteção da manta asfáltica.

Os sinais do problema e a solução são iguais para quem tem terraço ou sacada. Kurt Amann, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário da FEI, chama a atenção para um detalhe que melhora a eficácia da proteção. "A manta deve entrar no ralo, não ficar na beirada."

Reformas recentes (no próprio imóvel ou no do vizinho) também podem danificar a impermeabilização ou o sistema de escoamento da água. O publicitário Renato Borges fez alterações há quatro meses e já sente os efeitos do aumento das chuvas. "Uma parede na entrada da casa, que faz divisa com a do vizinho, está com manchas, bolhas e descascando."

Borges acredita que a construção de uma varanda coberta no andar superior tenha modificado o rumo da água que desce da calha da casa vizinha.

Olho no telhado

Em casas que possuem telhado, a primeira inspeção deve ser visual: subir lá e ver se o vento ou a chuva removeram ou danificaram as telhas. As danificadas são substituídas, mas, se a infiltração persistir, deve-se colocar uma manta, que funciona como subcobertura, por baixo das telhas. Essa tática soluciona também falhas como inadequação da inclinação do telhado às telhas.

Outro ponto que merece atenção é a cumeeira (peça de cerâmica no topo do telhado), que pode se deslocar com vento e chuva.

Árvores por perto também pedem inspeção das calhas, pois folhas levadas pela água entopem o sistema de escoamento, causando vazamentos dentro de casa.

Nas paredes, a causa da maioria das infiltrações é impermeabilização malfeita --ou a falta dela-- dos alicerces ou da parede externa. Se a falha for nos alicerces, surgirão manchas ou descascamento do rodapé a até 40 cm do chão. A seguir, especialistas ensinam o que significa cada sinal trazido pela chuva e como corrigir os problemas.

Folha São Paulo - 09/01/06