Redecorar a casa não precisa ser sinônimo de descartar móveis antigos, comprar tudo novo. Reformar e restaurar peças pode valorizar móveis com história na família e de grande valia afetiva. A transformação das peças pode trazer resultados surpreendentes e muita economia.
Para a arquiteta Gê Carolo, que tem uma oficina de restauro na sua loja, um móvel com boa estrutura vale a pena reformar, o custo sai em torno de 50% de um novo, além de ser uma atitude politicamente correta.
“Peças fabricadas com madeira de qualidade, uma boa base e molas e cintas em boas condições podem ser restauradas ou reformadas com um excelente resultado estético. Reformar é sempre uma boa idéia”, comenta.
Peças de estilo, como Luís XV e XVI, Barroco mineiro, Art Decor, Art Nuveau, Império, produzidas em madeira nobre, podem ser recuperadas e inseridas num contexto mais moderna, dando um efeito na decoração.
“Nos meus projetos gosto de misturar peças de época com design a outras atuais”, fala.
Depois de avaliadas esses móveis passam por uma limpeza na oficina de restauro, são raspadas e depois recebem um novo verniz. Na seqüência é hora de procurar peças para reposição, como puxadores.

Cara nova
Reformar braços imprimindo um estilo diferente, modificar as costas do estofado aumentando o seu enchimento, tornar o assento mais profundo com a adição de um complemento na frente são algumas das interferências que podem transformar a peça, deixá-la completamente de cara nova.
Um móvel de estilo pode ganhar ares mais modernos. E a recíproca é verdadeira. Numa peça de linhas contemporâneas e retas pode-se imprimir um estilo.
“Se a pessoa tem um armário reto, desenhamos cantoneiras e aplicamos, modificamos o desenho do pé. O móvel moderno é a essência de uso, é criado para responder à sua função, por isso permite criar novas formas. Juntando um arcabouço ele ganha um toque mais clássico”, cita a arquiteta.
Mas é preciso que a estrutura permita e ter o auxílio de um profissional especializado para evitar que a peça renovada fique sem equilíbrio.
“Sem proporção ela vai agredir ao olhar”, comenta.
A interferência pode ser tão perfeita e bem sucedida que nem é possível perceber que o móvel foi reformado. “O importante é criar um peça com equilíbrio e com charme”, declara.

Nova função
E se a peça não se aplica mais ao seu uso na decoração atual da casa, ela pode ser transformada e ganhar uma nova função.
Que tal a antiga escrivaninha grande de escritório passar a cumprir o papel de bar da sala?
O aparador da sala de jantar pode se tornar uma peça de apoio na varanda ou num quarto.
Uma poltrona pode se unir ao um pufe e se transformar numa chaise para home.
“Tudo se transforma desde que a pessoa tenha a assessoria de um bom marceneiro ou tapeceiro”, afirma a arquiteta.
Ela cita que uma antiga cômoda pode se adequar a um ambiente jovem.
“Pintando de branco e trocando os puxadores dourados por outros de murano pode ser colocado num quato de adolescente”, cita Gê.

Super atual
Sabe aquela penteadeira que foi presente de casamento de alguém muito querido há 40 anos? Ela pode se tornar um móvel super atual.
Uma idéia seria eliminar o espelho, dar um banho de tinta preta ou de algum tom forte e colocar puxadores mais modernos.
“Ela pode virar uma cômoda, um apoio de televisão em um quarto, mas sempre irá acomodar objetos por conta das suas gavetas”, sugere.

Dois pés
Em um dos seus projetos a arquiteta aproveitou os dois pés para uma mesa retangular e depois de recortados ao meio eles se adaptaram a mesa redonda.
Na oficina do empresário Daniel Baleia, que trabalha há mais de 20 anos com reforma e produção de móveis sob encomenda, o divã de uma cliente vai perder os braços laterais, ganhará um tecido mais moderno e passará a ser um pufe como peseira de uma cama de casal. A transformação ficará em torno de R$ 480.

Contemporâneo
Um sofá de mais de vinte anos, tecido xadrez e cinco lugares será transformado em um móvel menor e mais contemporâneo.
Os pés de cebola em mogno serão substituídos e os braços arrendodados ganharam uma linha mais reta.
“O trabalho sairá por R$ 2.800. Uma peça nova igual custaria cerca de R$ 5.800”, explica o empresário de Ribeirão Preto.
Peças assim, que seriam descartadas, depois de transformadas podem ocupar um local até mesmo de destaque na decoração de qualquer residência.

Jornal A Cidade - 20/01/08