O engenheiro Abilio Borges, conselheiro do CREA-RJ, esclarece as questões dos leitores do site do Globo que estão planejando fazer mudanças estruturais na casa ou construir um imóvel.  
Os cuidados na reforma e construção de um imóvel são fundamentais para a segurança do morador. Antes de fazer um puxadinho ou alterar a fachada da casa, o engenheiro Abílio Borges, conselheiro do Crea-RJ, alerta para a necessidade de encaminhamento do projeto para aprovação da prefeitura e do acompanhamento da obra por um profissional de engenharia ou arquitetura. A manutenção do imóvel também deve receber atenção especial para que não haja problemas recorrentes de infiltração, quedas de vigas e pastilhas de revestimento externo do imóvel. No caso de casas e prédios antigos, rachaduras são problemas recorrentes.Além dos cuidados com a parte estrutural do imóvel, há também os receios do morador quanto ao acabamento da casa que envolve a pintura, o sinteco e as instalações elétrica e hidráulica, observa o engenheiro do Crea-RJ que, abaixo responde a algumas perguntas frequentes sobre o assunto. E, até o fim de abril, Abilio Borges esclarece as dúvidas dos leitores do site do Globo que estão planejando fazer mudanças estruturais na casa ou construir um imóvel (envie aqui a sua pergunta).

Que tipo de obra e reforma num apartamento ou numa casa requer aprovação na Prefeitura?
Qualquer obra nova, projeto de ampliação ou alteração de fachada do imóvel deve ser encaminhada para a aprovação da prefeitura para que seja certificado se está tudo dentro da legislação do município. Para isso, é preciso que seja apresentado um projeto devidamente assinado pelo projetista e pelo futuro responsável pela obra junto ao registro de imóveis ou projeto de loteamento, a cópia da carteira do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) do profissional responsável e comprovante de pagamento do Documento de Arrecadação do Município do Rio de Janeiro (DARM - RJ) e do IPTU.

De quanto em quanto tempo é preciso fazer manutenção do imóvel?
Normalmente, de cinco em cinco anos, o morador deve ter a preocupação com a manutenção da casa. Na parte externa do imóvel, os problemas mais recorrentes são os relacionados ao revestimento da fachada. Na cobertura, há problemas de vazamentos de telhas ou até de infiltrações na laje. Agora, os mofos se dão por defeitos de projeto. Isso eu aprendi na própria pele. Não é bom colocar armários, por exemplo, junto às paredes externas ou à do banheiro, pois a alteração de temperatura desses ambientes acaba gerando mofos no mobiliário e na parede.

Quais são os problemas que mais ocorrem nas obras sem a supervisão de um profissional?
Se não houver o acompanhamento de um profissional durante toda a obra, o prédio pode sofrer fissuras ou até cair. Cabe ao engenheiro, primeiramente, verificar toda a ferragem que vai ser usada antes da preparação do concreto, da argamassa. Prédios revestidos com cerâmica podem trazer muitos problemas, por exemplo. A massa utilizada para segurar as pastilhas na parede externa do imóvel sofre uma reação química, e, portanto, não pode ficar muito tempo sem uso. Por falta de uma devida orientação, o operário, quando volta do almoço, joga água na massa que estava usando pela manhã. Isso faz com que ela não tenha rigidez suficiente para segurar o azulejo, ou seja, a cerâmica, com o tempo, começa a cair. Não se pode também ter pressa para acabar uma obra, pois isso causa quedas de marquises, vigas e até de prédios inteiros. O profissional deve acompanhar e supervisionar todo processo dando as devidas orientações à equipe envolvida na obra para que não haja problemas futuros como esses.

Numa reforma que inclui pintura de parede e sinteco, qual deve ser realizada primeiro?
A pintura deve ser feita antes do sinteco. O profissional que faz geralmente está preparado para isso. Se você for pintar depois, a tinta vai cair no chão e assim, estragar o sinteco. No entanto, muitas vezes, a última mão da pintura do rodapé do imóvel é deixada para depois do sinteco, pois se finalizado antes, a pintura pode ser estragada na hora de fazer a finalização do sinteco.