Meu condomínio é seguro? A pergunta contagiou moradores de prédios depois dos casos de arrastão em São Paulo.

Para respondê-la, um bom começo é prestar atenção a alguns sinais, elaborado pelo especialista em segurança Hugo Tisaka, diretor-executivo da NSA Brasil (National Security Academy).

Essas perguntas dão uma pista sobre o grau de proteção do condomínio -o teste completo está no portal SindicoNet (www.sindico.com.br/folhasp/testedeseguranca).

"Os projetos de segurança têm três subsistemas: equipamentos, infra-estrutura e procedimentos. Este é o mais barato, mas também é o mais crítico", formula Tisaka.

Segundo ele, os preços variam muito, mas as opções nem sempre agradam. "O índice de recusa dos projetos nas assembléias dos condomínios chega a 80%, principalmente por questões de gosto." Muitos vetam sugestões como célula de confinamento e cachorros (usados em condomínios de casas).

Mas não adianta apenas espalhar câmeras e portões pelo prédio. O treinamento de moradores, funcionários domésticos e profissionais do condomínio é crucial. Tanto que a NSA Brasil costuma fazer um "teste de intrusão". Nos seis meses posteriores à implantação do sistema, alguém tenta invadir o condomínio sem uso da força.

"Se o morador não obedece a algum procedimento de segurança, enfraquece o conjunto", explica Edgard de Souza Leite Neto, diretor de tecnologia e novos negócios da Fort Knox.

Leite Neto recomenda colocar empresas especializadas na portaria. "Elas dão treinamento. Já os funcionários contratados pelo condomínio não serão necessariamente treinados."

O prédio onde Miro Figueiredo é síndico, no Morumbi (zona oeste), implantou o sistema da Fort Knox. "Os porteiros tinham vícios e não aceitavam uma série de recomendações."

Hoje, o condomínio é monitorado por áudio e vídeo em uma central da empresa; há uma senha para os condôminos indicarem aos funcionários se está tudo bem. "Os moradores estão bem mais tranqüilos."

"Corrida armamentista"

O auge da "corrida armamentista" para aumentar a proteção ocorreu em 2004, quando São Paulo registrou dez assaltos a condomínios por mês, em média. De lá para cá, o número de casos caiu, segundo Fernando Fornícola, diretor administrativo da Aabic (associação das administradoras). Em 2006, até agora, foram dois casos mensais, em média.

Apesar disso, o gasto dos condomínios com segurança cresceu. Segundo a Aabic, representa 3,8% das despesas, contra uma quantia inexpressiva há cinco anos. Para Fornícola, as administradoras estão preparadas para dar cursos. A Aabic e o Secovi-SP (sindicato do setor) têm várias opções de treinamento de segurança para funcionários de condomínio.

Folha de S.Paulo - 04/06/2006