O risco de queda aumenta na terceira idade. As pernas, sem a mesma firmeza de antes, e a dificuldade de locomoção tornam-se um obstáculo perigoso, justamente quando os ossos estão mais frágeis. O eixo de sustentação do corpo se desloca à medida que a coluna vertebral se curva e o equilíbrio é afetado. O resultado dessa confluência de fatores perversos é revelado pelas estatísticas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia: um em cada quatro idosos cai dentro de casa pelo menos uma vez por ano. Em 34% dos tombos ocorre algum tipo de fratura. Se esses acidentes já são por si só angustiantes, o que vem depois pode ser pior. A recuperação e o período de convalescença nessa fase da vida se tornam difíceis. Ficar inativo por longo tempo leva quase sempre a uma piora no estado geral de saúde do idoso, às vezes colocando sua vida em risco. Quando se permanece deitado por muito tempo, há o perigo de desenvolver pneumonia. Se a fratura for no fêmur, faz-se necessária uma cirurgia ortopédica, o que pode ser mais arriscado num organismo debilitado. Evitar acidentes, quando chega a terceira idade, é mais que se poupar de transtorno. É não correr risco de vida. A principal causa de queda em casa é a baixa súbita de pressão arterial ao levantar da cama, responsável por 22% dos tombos. Vem seguida da dificuldade de enxergar objetos que possam ocasionar escorregões (19%), do enfraquecimento de ossos e músculos (18%), do uso de calçados inadequados (14%) e de obstáculos no caminho dentro de casa, como tapetes mal colocados (11%). O uso freqüente de remédios provoca algumas vertigens e também afeta o equilíbrio. Todas essas causas podem ser combatidas com a adoção de equipamentos de segurança domésticos (veja quadro) já encontrados com facilidade em lojas especializadas. São coisas simples, como corrimão e carrinho, ou adaptações mais trabalhosas, como adequação da altura de pias e vasos sanitários. Esses cuidados são importantes não apenas para evitar escorregões mas também para garantir que as articulações sejam menos sacrificadas. O organismo é como uma máquina: tem sua durabilidade prolongada quanto melhor for a manutenção e menor o desgaste. Boa parte dos cuidados vem ainda de uma alimentação mais bem planejada desde a juventude. Uma dieta rica em cálcio pode ajudar a combater a osteoporose, mal que afeta grande número de mulheres na terceira idade. O nutriente é encontrado no leite, nos frutos do mar e em frutas secas. O banho de sol é igualmente importante, pois favorece a produção de vitamina D pelo organismo, substância essencial para o fortalecimento dos ossos. A ginástica é também recomendável, porque, além de regular as funções cardiorrespiratórias, fortalece a musculatura e dá mais equilíbrio ao corpo. Veja no quadro abaixo os conselhos dos geriatras e ortopedistas para uma velhice sem susto. UMA RECEITA PARA A TERCEIRA IDADE Uma dieta rica em cálcio e vitamina D ajuda a evitar a osteoporose, doença que fragiliza os ossos. O problema atinge principalmente as mulheres. Uma em cada quatro tem osteoporose após a menopausa Leite e derivados, frutas secas, peixes e frutos do mar são alguns dos alimentos que fornecem a quantidade de cálcio necessária para prevenir a osteoporose após os 45 anos (1,2 grama diário para homens e 1,6 grama para mulheres) Atividade física regular, como uma hora de caminhada por dia, contribui para manter a rigidez muscular e aumentar as chances de uma velhice saudável Na terceira idade, é importante ter um hobby e dedicar-se a atividades prazerosas. Pessoas inativas não estimulam o cérebro e ficam mais vulneráveis Estão mais predispostas a tombos pessoas que não têm o hábito de leitura. Essa atividade exige atenção, concentração e acompanhamento da seqüência das idéias, o que melhora o intelecto e o equilíbrio corpóreo Idosos com histórico de fraturas estão sete vezes mais sujeitos a tombos. As quedas não podem ser negligenciadas. É aconselhável consultar um geriatra para que ele investigue a causa Inúmeras doenças podem levar idosos a cair, desde a desidratação, que provoca tontura, até o descontrole de pressão, infecções urinárias, isquemia cerebral e artrose O corredor entre o quarto e o banheiro costuma ser o trajeto mais perigoso para a pessoa idosa, segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia O maior número de quedas acontece à noite, quando as pessoas se levantam para ir ao banheiro Leva mais tombos quem não enxerga bem ou tem dificuldade para exercer atividades diárias como tomar banho, vestir-se, andar, subir escada e levantar-se da cama Os ferimentos mais comuns em idosos quando caem são fraturas de punho e quadril. Essas últimas são muito mais graves. Exigem cirurgia para a colocação de prótese ou de placa com pinos FAMOSOS QUE CAÍRAM Rainha-mãe Em novembro do ano passado, meses após completar 100 anos, Elizabeth, a rainha-mãe da Inglaterra, caiu ao tropeçar em sua casa. Ela fraturou a clavícula. O acidente poderia ter sido evitado com o uso de tapetes antiderrapantes. Agatha Christie A escritora inglesa Agatha Christie quebrou uma perna, aos 82 anos, depois de uma queda sofrida em sua casa em Wallingford, na Inglaterra. Se tivesse providenciado a iluminação adequada do ambiente, ela poderia ter evitado o acidente. Papa João Paulo II O papa João Paulo II já levou dois tombos de graves conseqüências. Em uma das vezes, machucou-se dentro da residência oficial. O acidente ocorreu no banheiro. O chão liso e a água são uma combinação temerária para os idosos.