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Uma questão de sorte

Ser contemplado no primeiro terço do prazo contratual é fundamental em um consórcio.



O número de brasileiros que optaram pelo consórcio para comprar a casa própria este ano aumentou 21% em relação a 2006: já são 456 mil, de acordo com instituições de crédito. Mas, com tantas ofertas de financiamento no mercado, é preciso fazer as contas direitinho antes de se decidir. Além disso, especialistas afirmam que, nessa modalidade, ter sorte é fundamental.


A ausência de taxas de juros (as parcelas são fixas) é apresentada como um grande atrativo dos consórcios. Mas isso não quer dizer que as despesa será sempre a mesma ao longo do prazo estabelecido no contrato de adesão.


— As empresas que oferecem consórcios trabalham com taxas de administração, fundos de reserva e seguros. Esse montante adicional pode chegar a 25% do valor do imóvel — alerta o economista Paulo César Dias, especialista em crédito imobiliário.


Mas Dias também aponta importantes vantagens da modalidade:


—Algumas empresas já oferecem a possibilidade de pagamento de parcelas menores enquanto o cliente não for contemplado. Ou seja, o valor do consórcio só aumenta quando ele se mudar para uma casa nova e ficar livre do aluguel. Outras vantagens são a opção de uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para fazer lances e a ausência de restrições em relação à localização do imóvel.


Riscos avaliados


De acordo com o professor de finanças Jorge Nilmar, para quem pensar em entrar num consórcio, fazer contas não é tudo. Ele diz que é preciso considerar os riscos, principalmente o de ser o último sorteado do grupo.


— Assim como haverá o primeiro, alguém terá de ser o último. O problema é que, ao assinar um contrato, ninguém se considera um azarado. E, em muitos casos, quem fica no bloco final de um grupo passa dez anos pagando não só o consórcio, mas também o aluguel — lembra Nilmar.


Segundo o especialista, para um consórcio valer a pena, é preciso ser sorteado no primeiro terço do prazo contratual: assim, o total pago a título de taxas de administração e seguros fica, em média, 15% menor do que o gasto pelos últimos contemplados.





Jornal Extra - 05/12/2007