Para lojistas e associação, demora no cumprimento da norma se deve à falta de orientação por parte da prefeitura. Prefeitura não comenta críticas; prazo para adequação à nova lei foi prorrogado até o dia 10 de setembro Enquanto no centro de Ribeirão Preto comerciantes correm para adequar suas fachadas à lei Cidade Limpa, com trabalhos à noite e aos fins de semana, em outros corredores comerciais do município os efeitos da nova legislação são bem mais lentos. A Folha apurou que o problema ocorre porque a fiscalização nas regiões distantes do comércio central é menos intensa. Procurada, a prefeitura não respondeu à crítica. Além da fiscalização menor, os comerciantes alegam que as adequações não ocorreram por falta de capital e dificuldade de contratar empresas que fazem o trabalho. O período inicial para a retirada de fachadas irregulares era de 30 dias contados desde 11 de julho, mas o governo Dárcy Vera (PSD) -candidata à reeleição- ampliou o prazo até 10 de setembro, após conversa com representantes do comércio. O presidente da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), José Carlos Carvalho, disse considerar "natural" que a adequação "vá migrando" mais lentamente da região central para a periferia. Segundo ele, isso ocorre devido ao perfil do comerciante do centro, que em geral tem mais pressa de resolver essas questões. Ele atribui a situação também a "uma certa deficiência" da Prefeitura de Ribeirão para orientar os donos de estabelecimentos na periferia. "Acredito que o trabalho poderia ser realizado de uma forma mais eficiente desde o início. Faltou divulgar as novas regras de maneira mais didática, com cartilhas e outras formas de publicidade", afirmou Carvalho. Além disso, conforme o presidente da Acirp, faltam empresas que façam o serviço de retirada das fachadas em Ribeirão Preto. A vantagem dos lojistas fora do centro é a possibilidade de eles contratarem esse trabalho durante o dia, já que o movimento é menor, afirma Renata Martins, 42, gerente de loja da avenida Dom Pedro 1º, no Ipiranga. SEM RECURSOS O empresário Ronaldo da Silva Azize, 59, dono de uma revenda de baterias automotivas no corredor comercial da avenida Fernando Mendes Garcia, no Ribeirão Verde, disse que ainda não fez a mudança em sua fachada porque aguarda recursos da empresa que "patrocina" a pintura de sua loja. Ele afirma que na periferia a adequação é mais demorada devido à característica do comércio. "Falta dinheiro mesmo. A realidade aqui [fora do centro] é diferente." Segundo a Acirp, a retirada dos painéis e fachadas pode custar até R$ 2.000. Renata Martins, gerente da loja no Ipiranga, afirma que a mudança nas fachadas de fato começou depois do centro, mas que "muita gente já está se movimentando". Para ela, o início tardio das adequações pode ter ocorrido porque muitos comerciantes "não acreditaram que a lei ia pegar". "Depois que a fiscalização veio pela segunda vez, acho que o pessoal despertou", afirmou. OUTRO LADO Prefeitura não comenta crítica à orientação da lei A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto não respondeu às perguntas enviadas pela Folha sobre a fiscalização da lei Cidade Limpa e limitou-se a passar, por e-mail, dados referentes à primeira semana de vistorias. Nenhum funcionário da prefeitura foi autorizado a dar entrevista sobre o assunto. Questionada especificamente sobre a crítica de que há "deficiência" do governo municipal em orientar sobre as nova regras, a assessoria de imprensa não respondeu à reportagem.
25 de julho de 2012
Em maio, foram alugadas 3.352 casas e apartamentos, 4,38% a mais que em abril. Com isso, o mercado de locação voltou a crescer após três meses seguidos de queda São Paulo - A locação de imóveis residenciais usados cresceu em maio no Estado de São Paulo, enquanto as vendas recuaram. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, em pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP) feita com 1.440 imobiliárias de 37 cidades paulistas. Em maio, foram alugadas 3.352 casas e apartamentos, 4,38% a mais que em abril. Com isso, o mercado de locação voltou a crescer após três meses seguidos de queda. Nos primeiros cinco meses do ano, porém, esse segmento avançou 10,75%. Já as vendas de imóveis residenciais usados apresentaram movimento contrário ao de locação. Em maio, as vendas caíram 4,91% em comparação com abril, após três meses seguidos de crescimento. No acumulado do ano, houve queda de 4,86%. As oscilações nos dois mercados foram consideradas naturais pelo presidente da Creci-SP, José Augusto Viana Neto, mesmo após a mudança na direção dos resultados mensais. Segundo afirmou em nota, o ciclo de queda de juros e a perda da rentabilidade de outras aplicações financeiras continuarão a manter o interesse pelos investimentos em imóveis. "Comprar um imóvel usado, mais barato que um novo, e alugá-lo para ter renda mensal continua sendo um investimento seguro", afirma. "É até possível que o interesse por imóveis usados aumente à medida que fique mais clara a perda de rentabilidade das aplicações financeiras". Locações Os imóveis mais alugados em maio no Estado de São Paulo foram os de valor mensal de até R$ 800, que representaram 51,3% do total de contratos assinados nas imobiliárias pesquisadas pela entidade. Na capital paulista, a predominância é daqueles imóveis com aluguel de até R$ 1,2 mil, respondendo por 58,7% dos contratos. Em maio, o volume de novos contratos de aluguel cresceu na capital paulista (19,5%) e no interior (3,1%), mas caiu no litoral (-3,4%) e na região metropolitana (-11,6%). A inadimplência aumentou 2,82% de abril para maio ao passar de 3,54% para 3,64% do total dos contratos em vigor
19 de julho de 2012
Regulamentação sobre paineis e megalights será votado em agosto, depois do recesso. A intransigência dos vereadores Walter Gomes (PR) e Nilton Gaiola (PSC) em relação à prorrogação do prazo para a Lei Cidade Limpa, empurrou a regulamentação de outdoors e megalights (tipo de painéis luminosos) para agosto. Os parlamentares propuseram emendas, que não têm a ver com a regulamentação, ampliando o prazo para adequação das fachadas das lojas. Com a insistência na manutenção das "emendas da bondade", a prefeita Dárcy Vera (PSD) decidiu não convocar sessão extraordinária e aguardar o fim do recesso parlamentar para apreciação da proposta do Executivo. Apresentadas dois dias após a Lei Cidade Limpa entrar em vigor, e três meses antes da eleição municipal, as propostas seriam fruto do "clamor de empresários", segundo os autores. Com maioria na Câmara, a bancada governista poderia derrubar as emendas. Porém, o ato poderia jogar comerciantes contra os parlamentares. O adiamento da votação dá margem para tentativas nos bastidores de convencer os autores das emendas a retirá-las. Porém, não deve influenciar no planejamento feito pelas empresas do setor de mídia exterior para adequação das peças publicitárias às novas medidas. Impasses Nesta sexta-feira (13), o secretário de Governo, Jamil Albuquerque, voltou a destacar que a administração não prorrogará o prazo, que oficialmente terminou no dia 10 de julho. A prefeitura ainda promove campanha educativa - com orientações e sem multas - até 10 de setembro. "Não compactuamos com as emendas", diz. Walter Gomes afirma que retira sua emenda se a prefeita se comprometer a atender seu requerimento que pede o "estabelecimento de prazo indeterminado" e a "rediscussão" do tempo. "Vou conversar com o governo", destacou. Gaiola também diz que retira sua emenda se Dárcy garantir que os comerciantes não serão multados em menos de dois anos. "Caso contrário, o plenário decide, votando a favor ou contra a emenda. Vou lutar até o fim", afirma.
16 de julho de 2012
Projeto de lei aprovado no Senado simplifica troca do financiamento de imóvel de um banco para outro. Processo também deve ficar mais rápido; nova regra ainda depende de regulamentação para entrar em vigor. Quando entrar em vigor, a nova regra para a transferência de financiamento imobiliário de um banco a outro deve reduzir em cerca de 60% os custos ao consumidor, segundo estimativas de consultores ouvidos pela Folha. A chamada portabilidade é um instrumento que permite mudar o empréstimo de um banco para outro que ofereça condições mais vantajosas, como juros menores e prazos maiores. Hoje, no entanto, as despesas com cartórios para fazer essa migração, assim como a demora do processo, desestimulam os consumidores. Os custos totais para o tomador do crédito ficam em cerca de 1% do valor do imóvel, segundo estimativas de mercado, e precisam ser pagos à vista. Com a nova norma aprovada na última semana pelo Senado, os custos cairão para 0,4%, em média. A alteração, inserida na mesma medida provisória que reduziu a remuneração da poupança, depende de regulamentação do CMN (Conselho Monetário Nacional) para começar a valer. PONTOS ALTERADOS Em linhas gerais, a regra elimina a necessidade de quitação do empréstimo vigente -feita com recursos da nova instituição financeira- e de registro de novo contrato, tudo isso em cartório. O financiamento será simplesmente transferido de um banco para outro, assim como a alienação do bem. Isso será feito por meio de uma averbação (um tipo de declaração) no cartório, que poderá ser feita eletronicamente. Esse procedimento mais simplificado já é adotado na migração de financiamentos de veículos. A nova regra não impede, no entanto, que a instituição financeira para a qual o empréstimo será transferido solicite certidões atualizadas do imóvel ou mesmo uma nova vistoria -procedimentos pagos pelo tomador do crédito. Na avaliação de Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site que funciona como buscador de taxas em diferentes bancos, a redução de custos e prazos favorece a portabilidade, mas há pontos que devem ser discutidos com os bancos. "Uma questão a ser debatida é se será estipulado um período mínimo a partir do qual a portabilidade será permitida", diz Prata. "É preciso que as medidas sejam positivas para consumidores e bancos, para que as instituições financeiras permaneçam estimuladas a conceder crédito." O executivo destaca ainda que tonar a portabilidade mais fácil e barata pode incentivar as instituições financeiras a melhor as condições dos empréstimos para manter os clientes. "O crédito imobiliário é um produto que ajuda o banco a fidelizar o cliente por um longo período", afirma.
16 de julho de 2012
O preço do metro quadrado de apartamentos novos já não sobe no mesmo ritmo acelerado do ano passado. Levantamento feito pelo Secovi-SP (sindicato da habitação) mostra que o valor desses imóveis aumentou 6,3% entre janeiro e maio deste ano --no mesmo período de 2011, a alta foi de 10%. Ainda que a curva seja descendente, os preços dos novos permanecem altos --o valor médio do metro quadrado em São Paulo é de R$ 6.700, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). Os estoques continuam elevados, o que reduz a oferta de lançamentos. Nesse cenário, os usados entram para competir. Apartamentos desse tipo são mais baratos -a diferença de preço pode chegar a 50% se o prédio tiver mais de 50 anos, segundo Luiz Paulo Pompeia, diretor da Embraesp. Essa economia se reflete nas vendas: unidades usadas tiveram crescimento de 14% entre janeiro e maio, ante o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Lello Imóveis. Por outro lado, imóveis novos têm uma vantagem: quando em construção, permitem parcelar a entrada, que pode chegar a 30% do valor. "Também é mais fácil e rápido conseguir financiamento", diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho dos Corretores de Imóveis). Isso acontece porque, quando as incorporadoras lançam um empreendimento, o fazem em parceria com um banco, que agiliza a papelada referente à obra e à incorporadora. Ficam faltando apenas as comprovações de renda do comprador. Em alguns casos, o financiamento é aprovado rapidamente. Já para os usados, é preciso conseguir os certificados do proprietário do imóvel, o que torna o processo mais lento. "O melhor negócio é encontrar um imóvel usado que tenha um defeito para os outros, mas não para você", diz Luiz Gambi, diretor de marketing do Secovi-SP (sindicato da habitação). "Minha tia comprou um apartamento em uma rua onde acontece uma feira. O imóvel estava desvalorizado por conta disso, mas ela adora a feira", conta. ESCOLHA Diante das condições, sobretudo no que diz respeito às facilidades de financiamento, muitas vezes o comprador termina comprando um apartamento novo, ainda que mais caro. Foi a facilidade de poder parcelar a entrada que fez com que a professora Michela Totri, 31, e seu namorado, Bruno Skortzaru, 31, comprassem um apartamento na planta. Em agosto de 2009, eles adquiriram um imóvel de dois quartos na Aclimação (zona sul de São Paulo) e parcelaram a entrada por dois anos. "A possibilidade de parcelar foi decisiva para nós", diz Michela. Agora, eles enfrentam um problema que costuma ocorrer com compradores de apartamentos na planta: o atraso na entrega das chaves. "A previsão inicial era dezembro de 2011 e, até agora, nada". Há outro fator que pesa contra: apartamentos novos são entregues incompletos --sem pisos, gabinetes e armários. Por isso, Michela e Bruno terão de esperar ainda mais --demorarão cerca de dois meses para fazer acabamento e comprar móveis. MUDANÇA IMEDIATA Compradores apressados ou que pagam aluguel devem considerar adquirir um usado. Dependendo do estado do imóvel, a mudança pode ser imediata. "Mesmo que seja necessária uma reforma, essas obras vão ser mais rápidas do que os três anos que a incorporadora demora para construir um prédio novo", analisa Luiz Fernando Gambi, do Secovi-SP. Uma boa reforma pode transformar o apartamento usado no imóvel dos seus sonhos. Mas é preciso fazer uma mudança racional, sem excessos, modismos e personalizações. "Deve-se ter cuidado ao fazer uma reforma cara demais, pois isso pode inviabilizar a venda do apartamento no futuro", diz Gambi. Reformas, como se sabe, podem ser sempre mais demoradas e caras do que se imagina inicialmente. "Minha reforma empacou por conta de um problema do prédio", conta a diretora de arte Adriana Lago, 38. Em 2009, ela comprou com o marido um apartamento em Higienópolis (região central) em um prédio antigo, construído há cerca de 50 anos. "Me apaixonei pelos janelões e pelo banheiro, que é enorme e tem uma banheira linda", diz. Eles optaram por reformar o mínimo e restaurar o máximo. Mantiveram o piso de taco, mas precisaram renovar as partes elétrica e hidráulica. O apartamento é amplo, com 115 metros quadrados, mas não tem área comum. O que ela lamenta, no entanto, é o valor do condomínio. "Pagamos R$ 900. Acho caro, pois não temos área de lazer." Para o arquiteto Lorenz Meili, 43, que mora em um apartamento antigo, a diferença no estilo entre novos e usados reflete uma mudança na maneira como as pessoas se relacionam com a cidade. "As pessoas se viraram para dentro, estão cada vez mais de costas para a cidade, vivendo em apartamentos menores e com as opções de lazer no próprio prédio." Já apartamentos antigos, diz ele, são maiores, mais espaçosos e sem área de lazer --o que faz com que seus moradores aproveitem mais as opções que a cidade oferece.
12 de julho de 2012
Alto valor praticado em Ribeirão Preto faz investidor preferir comprar em cidades como Jardinópolis e Brodowski Por causa da migração, Jardinópolis baixou decreto vetando o surgimento de novos loteamentos na cidade O alto valor imobiliário e a perda de características de cidades tipicamente interioranas, como a segurança, estão fazendo com que ribeirão-pretanos se mudem para cidades vizinhas. Enquanto em Ribeirão Preto o preço do metro quadrado chega a R$ 5.000 na zona sul, área de expansão, nas cidades da região o valor médio de área construída nos bairros mais procurados por moradores de Ribeirão gira em torno de R$ 2.800. Esse movimento é registrado em cidades como Jardinópolis, Brodowski e Cravinhos. O êxodo de ribeirão-pretanos para Jardinópolis fez com que o prefeito José Antônio Jacomini (PPS) proibisse, por decreto, novos loteamentos na cidade no ano passado. "Em cinco anos, o número de loteamentos aumentou 30%, mas não temos infraestrutura para tanto", afirmou o secretário de Obras da cidade, Jorge Saquy Sobrinho. A liberação de novos loteamentos somente será feita após a construção de uma estação de tratamento de esgoto, no ano que vem. Na cidade, o valor médio do metro quadrado em terrenos é de R$ 80 -em Ribeirão, o preço é de cerca de R$ 1.500. Segundo o secretário, há quatro pedidos oficiais de loteamento sem aprovação, todos na vicinal Arthur Costa Curta, que liga Jardinópolis à rodovia Anhanguera, via de acesso para Ribeirão Preto. Em Jurucê, distrito do município, há ainda outros dois pedidos, também sem aprovação por conta da falta de infraestrutura. Mas, a psicóloga Vanessa Tubeto, 38, encontrou um terreno disponível no bairro Acácias e, depois de pesquisar o preço em Ribeirão, decidiu se mudar para Jurucê. Ela e o marido tinham R$ 180 mil para investir na construção da casa própria -mas o valor foi insuficiente para erguer o imóvel em Ribeirão. "Minha casa tem três quartos, área de lazer, garagem para dois carros. Não conseguiríamos construir igual em Ribeirão", afirmou. Ela disse ainda que fica segura com o fato de o filho brincar na rua onde moram, por não ser movimentada. Já em Brodowski, 80% dos compradores dos lotes no Parque Residencial Verona são de Ribeirão Preto, segundo a WP Construtora. A consultora de imóveis Sueli Machado, de Brodowski, confirma a tendência e diz que 90% de seus clientes são ribeirão-pretanos. Em junho, o dono de uma agência dos Correios se mudou da avenida João Fiúsa, área nobre de Ribeirão, para a pacata Brodowski. "Essa migração demonstra que Ribeirão não é mais a sede urbana da região", disse José Antônio Lanchoti, arquiteto e urbanista da Secretaria do Planejamento de Ribeirão e morador de Brodowski. Segundo ele, a qualidade de vida é maior, além de o clima ser mais agradável e de não existir pedágio entre a cidade e Ribeirão. A migração também ocorre em Cravinhos, especialmente para os novos condomínios no bairro Acácias. O representante comercial Ricardo Scozzafave, 56, construiu há oito meses a casa onde mora no Acácias Village. "Na época em que construí, a diferença dos gastos que eu teria em Ribeirão chegava a 25%." Hoje, o seu imóvel é avaliado em R$ 700 mil. Ex-moradores ainda dependem de Ribeirão Embora tenham optado por se mudar para as cidades vizinhas, moradores de Ribeirão Preto dizem que ainda dependem da cidade, principalmente para fazer compras e para o lazer. "Gosto de sair à noite com meu marido, principalmente para restaurantes, e sempre optamos por Ribeirão", diz a dentista Fabíola Pereira Mattos, 32, que se mudou para Jardinópolis. Ela diz que ainda mantém o consultório em Ribeirão, por conta do fluxo de pacientes que atende. "Não acredito que eu teria mais sucesso na minha profissão em Jardinópolis. Lá é meu descanso", afirma. No ano passado, o casal decidiu se mudar de Ribeirão em busca de segurança e contenção de gastos -o antigo apartamento respondia por quase toda a renda mensal dela. Situação semelhante acontece com a psicóloga Vanessa Tubeto, 38, que se mudou para Jurucê. A sede da empresa dela, voltada para eventos, continua em Ribeirão, assim como a escola do filho e os médicos da família. Já a professora Heloísa Scozzafave, 54, até tentou, mas não conseguiu encontrar outra manicure em Cravinhos, onde mora há oito meses com o marido. "Shoppings, restaurantes, barzinhos. Não há como negar, ainda há essa dependência [de Ribeirão]", disse o representante comercial Ricardo Scozzafave, 56, marido da professora. METROPOLITANA Para o pesquisador de mercado e consultor de empresas Dirceu Tornavoi de Carvalho, diretor técnico da Mercadotecnia, a região de Ribeirão tem se caracterizado por ser metropolitana. "O benefício é morar em um lugar mais tranquilo e desfrutar do que Ribeirão oferece e as outras cidades menores não têm", afirmou. O arquiteto e urbanista José Antônio Lanchoti, da Secretaria do Planejamento e Gestão Pública, tem a mesma opinião. "Tudo está caminhando para que se crie a região metropolitana." Setor em Ribeirão diz que migração ainda é 'pequena' Representantes do setor de imóveis em Ribeirão Preto confirmam a existência da migração para a região, mas defendem a existência maior de um movimento contrário. "No ano passado, 35% do total das minhas vendas foram para moradores da região", afirmou João Paulo Fortes Guimarães, um dos donos da imobiliária que leva seu sobrenome. Geralmente, segundo ele, os moradores da região procuram imóveis na zona sul de Ribeirão, onde há casas que podem valer até R$ 5 milhões. Antonio Marcos de Melo, delegado do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) em Ribeirão, considera as migrações existentes como "casos isolados". "Os ricos não saem de Ribeirão, que tem gastronomia, vida noturna", afirmou o delegado a Folha. Dirceu Tornavoi de Carvalho, da Mercadotecnia, também diz que a migração se dá por uma "pequena parcela" de moradores de Ribeirão.
10 de julho de 2012
Trabalhador pode sacar dinheiro do fundo, mas bancos que fazem intermediação cobram taxas de até R$ 1.900. Prazo para liberação pode chegar a 60 dias e algumas instituições ainda se aproveitam para vender produtos Os bancos cobram taxas de até R$ 1.900 dos trabalhadores que pretendem comprar um imóvel à vista com o dinheiro depositado na conta do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Pelas regras, o saque só vale para moradias avaliadas até R$ 500 mil e deve ser intermediado pelas instituições financeiras. O Banco do Brasil é o único que não faz esse tipo de negócio, entre os seis maiores pesquisados pela Folha. O problema é que os valores cobrados pelos bancos são elevados e, segundo consultores, alguns se aproveitam da intermediação para oferecer seus produtos. De acordo com o advogado Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário, é preciso ficar atento a pressões para a abertura de conta, por exemplo, com a promessa de agilizar o negócio. "O fundo é um direito do trabalhador e a sua liberação não pode estar vinculada a produtos", diz. Além disso, a liberação dos recursos segue um trâmite de até dois meses, prazo considerado longo para esse tipo de transação. Entre os bancos consultados, a maior taxa foi encontrada no HSBC -R$ 1.900 independentemente do valor do imóvel. Os demais cobram R$ 1.600 e um valor menor para imóveis até R$ 170 mil. Segundo as instituições financeiras, a arrecadação é feita para cobrir custos envolvidos no processo. Um deles é a avaliação da moradia. O FGTS exige um laudo que mostre que o imóvel custa, no máximo, R$ 500 mil. Também entram na conta os custos operacionais dos bancos envolvidos, como as análises jurídicas dos contratos necessários para que o negócio seja fechado. "Imóveis que não estão com a documentação regular lideram os casos de recusa na liberação do fundo", afirma Henrique José Santana, gerente nacional do FGTS. "Os contratos de gaveta [sem formalização oficial] ainda são comuns e, nesses casos, a liberação do FGTS é vetada", afirma a gerente de negócios da Lello Imóveis, Gilmara dos Santos. O fundo também poderá barrar o saque se o condomínio ou o IPTU estiver atrasado. "Não deve haver qualquer restrição que traga risco ao negócio." REQUISITOS O interessado em sacar o FGTS deverá atender a uma série de requisitos, como possuir pelo menos três anos de trabalho com carteira assinada, na mesma ou em empresas diferentes. Em um primeiro momento, será necessário reunir a documentação, como certidão do imóvel e declaração do Imposto de Renda. O agente financeiro encaminhará a documentação e será feita a avaliação. Depois, o valor ficará bloqueado esperando o registro da nova escritura da moradia. Após a vistoria e entrega do documento, o FGTS tem prazo de cinco dias para creditar o banco, que fará o repasse ao vendedor do imóvel. Fundo pode ser usado na construção Os trabalhadores que vão construir a casa própria também podem solicitar o saque do FGTS. O valor é disponibilizado conforme um cronograma de obras, que tem o acompanhamento da Caixa Econômica Federal. "O procedimento, no entanto, é pouco comum por causa da dificuldade operacional", afirma o economista José Pereira Gonçalves, especialista em mercado imobiliário. Segundo ele, o principal problema é que os recursos são liberados por etapas, conforme o andamento da construção. "Periodicamente um engenheiro credenciado ou uma empresa de engenharia deve fazer um laudo da obra", explica. Como o pagamento dessas avaliações é feito pelo trabalhador, isso acaba onerando o processo. De acordo com a Caixa, o recurso referente a cada fase da obra é depositado na conta do construtor, que pode ser uma empresa ou pessoa física. Os pré-requisitos para a utilização do dinheiro do fundo são os mesmos de quem compra o imóvel pronto à vista (veja quadro). Entre eles, não ser proprietário de outro imóvel residencial localizado no mesmo município ou região metropolitana onde mora ou trabalha.
02 de julho de 2012
Imóveis de um e dois dormitórios puxaram a alta em maio em São Paulo. Para os contratos em andamento, reajustados pelo IGP-M, o acréscimo será bem menor, de 4,3% Os contratos novos de aluguel residencial na cidade de São Paulo tiveram um aumento médio de 14,1% nos 12 meses encerrados em maio. Em relação a abril, a alta foi de 1,5%. Apesar de se manterem em patamar elevado, os reajustes vêm desacelerando desde dezembro (veja quadro). "O recorde de aumento foi em novembro [alta de 19,8%]. A partir daí a tendência tem sido de redução do ritmo porque os preços estão em um patamar elevado", diz Roberto Akazawa, gerente do departamento de economia e estatística do Secovi-SP (sindicato da habitação), que divulgou a pesquisa ontem. De acordo com Akazawa, o problema de escassez na oferta de unidades em algumas regiões é o que ainda mantém aumentos superiores à inflação. "A tendência é que essa distância diminua." O reajuste do aluguel no mês passado ficou 9,1 pontos percentuais acima do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação. Em novembro, era 13,2 pontos percentuais acima do índice. Desde dezembro, foram cinco quedas consecutivas na variação em 12 meses. A primeira alta, considerado um "ajuste", ocorreu no mês passado. "O país passa por um momento de desaceleração generalizada, reflexo da crise mundial. As pessoas estão receosas com o comprometimento de renda a longo prazo, seja para comprar, seja para alugar um imóvel mais caro", afirma Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para os contratos em andamento, com aniversário em junho e corrigidos pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), da FGV, a alta será bem menor, de 4,3%. DORMITÓRIOS O aumento de preços da locação no mês passado foi puxado pelos imóveis menores. O valor do aluguel das unidades de um e dois dormitórios subiu, respectivamente, 1,5% e 1,7% no mês passado em relação a abril. As casas e apartamentos de três quartos tiveram aumento médio de 1% no custo da locação. "Cresceu a procura por os imóveis menores como resultado da alta no preço do metro quadrado na cidade", diz a especialista da FGV. Entre os bairros com maior preço do metro quadrado em São Paulo estão os Jardins, Pinheiros e Vila Leopoldina. Imóveis com 100 m² nesses locais, em bom estado e vaga na garagem, têm aluguel médio entre R$ 3.000 e R$ 3.700. A pesquisa mostra ainda que casas e sobrados foram locados mais rapidamente, levando de 12 a 30 dias, ante um período de 18 a 37 dias para apartamentos. No mês passado, o tipo de garantia mais usado foi fiador (47,5%), seguido dos depósitos de até três meses de aluguel (32%) e, por último, do seguro-fiança, usado em 20,5% dos casos.
26 de junho de 2012