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Gastos extras custam até 8% do valor do imóvel.

Taxas de juros que caem, oferta de crédito que aumenta. Na empolgação de obter financiamento para comprar a casa própria, é preciso abrir o olho para que gastos "secundários" não surpreendam o bolso com um peso maior que o esperado.Despesas como as de certidões, de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e com taxas administrativas cobradas pelos bancos devem entrar no planejamento inicial para a aquisição do imóvel --o orçamento costuma crescer, em média, 8% (veja cálculos no exemplo da tabela).Na compra de um usado, a lista de "gastos ordinários" começa com a avaliação do bem."Se há pedido de crédito para um imóvel de R$ 200 mil, o banco manda um perito para checar se esse é realmente o seu valor", explica Fernando Fornícola, 31, diretor administrativo da Aabic (associação de administradoras)."Quem paga pela avaliação é o mutuário, que desembolsa cerca de R$ 300", calcula.O caminho dos dispêndios passa em seguida pela checagem do "nome limpo" do pretendente. "Quando entrega sua documentação no banco, o solicitante gasta, em média, R$ 400 para obter a aprovação de seu cadastro", pontua Fornícola.As taxas administrativas, previstas no contrato, podem surpreender quem não ler com atenção todas as cláusulas."Alguns bancos cobram até uma taxa de risco de crédito", observa Elaine Macedo Shioya, 25, consultora jurídica da Associação Nacional dos Mutuários."Como o imóvel hipotecado já é garantia contra inadimplência, essa tarifa não deveria existir. O mutuário pode pedir que o banco a retire", orienta.CertidõesA analista de pessoal Luciana Kiss, 32, conta que financiou um apartamento em janeiro deste ano, mas ainda não pôde se mudar. Motivo: despesas inesperadas "comeram" o capital guardado para mobiliá-lo."Gastei muito com certidões, pois seu prazo de validade é de 30 dias, e, como a construtora do apartamento demorou muito para liberar outros documentos necessários para fechar o contrato, eu tinha de tirá-las de novo à medida que iam vencendo", relata.Além disso, afirma, a demora no processo fez com que a construtora aumentasse o preço do apartamento, dizendo que ele havia se valorizado.Esse incremento, somado aos R$ 30 "de certidão em certidão", fez com que o "imprevisto" batesse nos R$ 6.000, contabiliza Kiss.Antônio Malaquias, 48, gerente de crédito imobiliário do Banco Mercantil do Brasil, reforça que "a documentação inicial pedida pelo banco é custeada pelo comprador".Ela inclui certidões negativas de débito e a matrícula atualizada do imóvel. "Há mutuário que "enrola" 12 meses para assinar o contrato por conta do ITBI [imposto de 2% sobre o preço do imóvel]", acrescenta.A "via-crúcis" do bolso inclui a escritura, que custa "de 1% a 2% do valor do bem", segundo Carlos Eduardo Duarte Fleury, 47, superintendente-geral da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Folha de S.Paulo - 03/09/06

05 de setembro de 2006

Banco inclui despachante no "pacote" de financiamento.

No "pacotão de agregados" oferecido pelos bancos privados nos planos de financiamento imobiliário, um novo item desponta como arma de marketing na captura do cliente: o serviço de despachante.Para Carlos Eduardo Fleury, 47, superintendente-geral da Abecip, o "despachante bancário", cujo preço bate na casa dos R$ 1.000, não sai mais caro que o valor de mercado desse tipo de profissional.O Real ABN Amro, por exemplo, criou o Real Imóvel Assessoria, que "dispensa idas e vindas entre bancos, imobiliárias e cartórios", informa o material divulgado por sua assessoria de comunicação.O mutuário precisa apenas levar seus documentos "básicos" ao banco, que providencia o resto da papelada necessária e cobra uma taxa fixa de R$ 900, independentemente do valor do imóvel pretendido.Provisão financiadaAlguns bancos incluem o benefício em suas tarifas administrativas, caso do Santander Banespa, que oferece courier e despachante para quem contratar o plano SuperCasa 20, de parcelas fixas.Na contramão de apenas oferecer o serviço, o HSBC lançou uma linha de financiamento que soma ao valor do crédito uma provisão de até R$ 8.000 para as despesas extras."Depois de calculado o valor do imóvel, acrescentamos uma quantia para gastos como registro em cartório, transferência e despesas bancárias", lista Paulo Roberto Steiner, executivo da área de varejo do banco.Mas o HSBC também faz o trabalho de despachante, que sai por R$ 1.000.Outro banco que inclui o capital necessário para "escritura e ITBI" no montante financiado é o Itaú, afirma Luiz Antonio Rodrigues, 62, diretor de crédito imobiliário."Cobramos uma taxa de R$ 450 para tirar todas as certidões e fazer a análise jurídica dos documentos", pontua.

05 de setembro de 2006

Banco inclui despachante no "pacote" de financiamento.

No "pacotão de agregados" oferecido pelos bancos privados nos planos de financiamento imobiliário, um novo item desponta como arma de marketing na captura do cliente: o serviço de despachante.Para Carlos Eduardo Fleury, 47, superintendente-geral da Abecip, o "despachante bancário", cujo preço bate na casa dos R$ 1.000, não sai mais caro que o valor de mercado desse tipo de profissional.O Real ABN Amro, por exemplo, criou o Real Imóvel Assessoria, que "dispensa idas e vindas entre bancos, imobiliárias e cartórios", informa o material divulgado por sua assessoria de comunicação.O mutuário precisa apenas levar seus documentos "básicos" ao banco, que providencia o resto da papelada necessária e cobra uma taxa fixa de R$ 900, independentemente do valor do imóvel pretendido.Provisão financiadaAlguns bancos incluem o benefício em suas tarifas administrativas, caso do Santander Banespa, que oferece courier e despachante para quem contratar o plano SuperCasa 20, de parcelas fixas.Na contramão de apenas oferecer o serviço, o HSBC lançou uma linha de financiamento que soma ao valor do crédito uma provisão de até R$ 8.000 para as despesas extras."Depois de calculado o valor do imóvel, acrescentamos uma quantia para gastos como registro em cartório, transferência e despesas bancárias", lista Paulo Roberto Steiner, executivo da área de varejo do banco.Mas o HSBC também faz o trabalho de despachante, que sai por R$ 1.000.Outro banco que inclui o capital necessário para "escritura e ITBI" no montante financiado é o Itaú, afirma Luiz Antonio Rodrigues, 62, diretor de crédito imobiliário."Cobramos uma taxa de R$ 450 para tirar todas as certidões e fazer a análise jurídica dos documentos", pontua. da Folha de S.Paulo

05 de setembro de 2006

Gastos extras custam até 8% do valor do imóvel.

Taxas de juros que caem, oferta de crédito que aumenta. Na empolgação de obter financiamento para comprar a casa própria, é preciso abrir o olho para que gastos "secundários" não surpreendam o bolso com um peso maior que o esperado.Despesas como as de certidões, de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) e com taxas administrativas cobradas pelos bancos devem entrar no planejamento inicial para a aquisição do imóvel --o orçamento costuma crescer, em média, 8% (veja cálculos no exemplo da tabela).Na compra de um usado, a lista de "gastos ordinários" começa com a avaliação do bem."Se há pedido de crédito para um imóvel de R$ 200 mil, o banco manda um perito para checar se esse é realmente o seu valor", explica Fernando Fornícola, 31, diretor administrativo da Aabic (associação de administradoras)."Quem paga pela avaliação é o mutuário, que desembolsa cerca de R$ 300", calcula.O caminho dos dispêndios passa em seguida pela checagem do "nome limpo" do pretendente. "Quando entrega sua documentação no banco, o solicitante gasta, em média, R$ 400 para obter a aprovação de seu cadastro", pontua Fornícola.As taxas administrativas, previstas no contrato, podem surpreender quem não ler com atenção todas as cláusulas."Alguns bancos cobram até uma taxa de risco de crédito", observa Elaine Macedo Shioya, 25, consultora jurídica da Associação Nacional dos Mutuários."Como o imóvel hipotecado já é garantia contra inadimplência, essa tarifa não deveria existir. O mutuário pode pedir que o banco a retire", orienta.CertidõesA analista de pessoal Luciana Kiss, 32, conta que financiou um apartamento em janeiro deste ano, mas ainda não pôde se mudar. Motivo: despesas inesperadas "comeram" o capital guardado para mobiliá-lo."Gastei muito com certidões, pois seu prazo de validade é de 30 dias, e, como a construtora do apartamento demorou muito para liberar outros documentos necessários para fechar o contrato, eu tinha de tirá-las de novo à medida que iam vencendo", relata.Além disso, afirma, a demora no processo fez com que a construtora aumentasse o preço do apartamento, dizendo que ele havia se valorizado.Esse incremento, somado aos R$ 30 "de certidão em certidão", fez com que o "imprevisto" batesse nos R$ 6.000, contabiliza Kiss.Antônio Malaquias, 48, gerente de crédito imobiliário do Banco Mercantil do Brasil, reforça que "a documentação inicial pedida pelo banco é custeada pelo comprador".Ela inclui certidões negativas de débito e a matrícula atualizada do imóvel. "Há mutuário que "enrola" 12 meses para assinar o contrato por conta do ITBI [imposto de 2% sobre o preço do imóvel]", acrescenta.A "via-crúcis" do bolso inclui a escritura, que custa "de 1% a 2% do valor do bem", segundo Carlos Eduardo Duarte Fleury, 47, superintendente-geral da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). da Folha de S.Paulo -03/09/06

05 de setembro de 2006

Urbanização é risco.

Heraldo Campos, da OEA, é contra loteamentos na Zona Leste e defende agricultura sem uso de agrotóxicos. O geólogo Heraldo Campos, da OEA (Organização dos Estados Americanos), é totalmente contra a urbanização da Zona Leste de Ribeirão Preto. Para ele, essa seria uma medida ideal para garantir que a água da chuva reabasteça o Aqüífero Guarani."É pela Zona Leste de Ribeirão Preto que entra a água de chuva para o Aqüífero Guarani. É como se fosse uma grande esponja que absorve essa água, que vai abastecer o reservatório mais ao oeste, no seu caminho subterrâneo natural. Se houver mais impermeabilização do solo, a infiltração vai diminuir", declara.O geólogo lembra também, como justificativa, que estudos revelam que se retira 17 vezes mais água do manancial do que a quantidade reposta pelas chuvas.Campos diz que, há 200 milhões de anos, a Zona Leste de Ribeirão Preto era um grande deserto, semelhante ao do Saara, no norte da África. Com a separação dos continentes, lavas vulcânicas encobriram as dunas de areia que existiam.O geólogo da OEA afirma que a produção agrícola de base orgânica, sem o uso de agrotóxicos seria uma prática ideal nas terras localizadas na zona leste.A desapropriação da fazenda da Barra, pela Justiça, para o assentamento de famílias de sem-terra pode servir de modelo de produção agrícola na Zona Leste, diz Campos. A intenção do Incra, segundo reportagem da Gazeta veiculada na última quinta-feira, é promover uma agricultura sem a utilização de agrotóxicos.Por ser uma "esponja", o solo na região leste da cidade apresenta um grande potencial de poluição das águas subterrâneas, pela infiltração de agrotóxicos ou outras substâncias poluentes. Heraldo Campos é o entrevistado desta semana da Agenda Ribeirão, seção da Gazeta que debate Ribeirão Preto em seus 150 anos.Gazeta de Ribeirão - Explique por que, na sua opinião, a zona leste não deveria mais receber loteamentos.Heraldo Campos - Porque é pela zona leste de Ribeirão Preto que entra a água de chuva para o Aqüífero Guarani. É como se fosse uma grande esponja que absorve essa água, que vai abastecer o reservatório mais ao oeste, no seu caminho subterrâneo natural. Se houver mais impermeabilização do solo nesta zona, a infiltração vai diminuir e o aqüífero não terá a reposição da água que já é retirada em excesso por vários poços profundos. Gazeta - Como era essa região sobre o Aqüífero Guarani há milhões de anos, até chegar como está hoje?Campos - A zona leste é a área de afloramento ou de exposição de rochas sedimentares muito antigas, o chamado deserto Botucatu. Foram antigas dunas de areia, como o deserto do Saara de hoje, que se formaram quando os continentes Africano e Americano estavam juntos há 200 milhões de anos atrás. A partir do inicio da separação dos continentes o extravasamento de lavas, por grandes fraturas, vai recobrindo esse deserto.Gazeta - Você acredita que vai haver, da parte dos poderes públicos, a precaução necessária em relação à preservação do Aqüífero Guarani?Campos - É o que esperamos. O histórico de Ribeirão Preto, com suas instituições e universidades, produziu um farto material ao longo dos anos, como relatórios técnicos e teses acadêmicas. Isto já é o suporte suficiente para as ações políticas no sentido da proteção que merece ter o Aqüífero Guarani, responsável 100% pelo abastecimento do município. Gazeta - A fazenda da Barra, desapropriada pela Justiça para reforma agrária, vai destinar 35% de sua área para reserva legal e praticar a agricultura orgânica. Seria um modelo de produção agrícola para terras naquela região do município?Campos - Sem dúvida. Se pudesse ter um percentual ainda maior para esse tipo de agricultura seria ainda melhor. O Aqüífero Guarani pelas suas características naturais, principalmente nas áreas de recarga direta onde o arenito Botucatu é aflorante, é muito frágil e vulnerável à contaminação. A utilização indiscriminada de agroquímicos é preocupante e deve ser repensada. Condições técnicas para essa mudança de hábito a região tem. É preciso ter vontade e coragem política para uma nova atuação nessa área. Gazeta - Qual a situação hoje do Aqüífero Guarani?Campos - É preocupante, porque se retira dele 13 vezes mais água do que a chuva consegue repor pela precipitação e posterior infiltração. Na zona central da cidade a profundidade do que seria o nível natural da água subterrânea já está além dos 60 metros. Isso quer dizer que os poços têm que ser cada vez mais profundos e, conseqüentemente, mais caros.Gazeta - Quais as medidas que estão em curso para a proteção desse manancial de água e quais são os órgãos envolvidos nessa iniciativa?Campos - As medidas para o disciplinamento e o controle da retirada das águas do Aqüífero Guarani são discutidas em Ribeirão Preto no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo. O Comitê é o fórum apropriado e democrático, para as ações que levam à gestão do aqüífero. Como exemplo disso, é não permitir novas perfurações de poços, a não ser para substituição de poços do abastecimento público, na zona central da cidade. Os órgãos envolvidos nessa iniciativa são vários, tanto da esfera municipal como estadual, além da participação da sociedade civil. Alguns deles: DAEE, DAERP, CETESB e Instituto Geológico .Gazeta - Como é o diálogo entre os quatro países que estão sobre o aqüífero? Campo - É bom. O Aqüífero Guarani tem que ser fraternalmente compartilhado na sua utilização pelos quatro países, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e administrado respeitando a soberania dos povos que habitam essa região do Cone Sul. O papel da OEA é de articular técnica e politicamente as ações para a gestão internacional conjunta, para que possamos ter o Aqüífero Guarani servindo as atuais e as futuras gerações.RAIO-XNome: Heraldo CamposFormação acadêmica: Geólogo (UNESP, 1976), mestre (USP, 1987), doutor (USP, 1993) e pós-doutor em Hidrogeologia (Universidade Politécnica da Catalunha, 2000). Estado Civil: casadoFilhos: TheoProfissão: GeólogoCargo: Facilitador Local do Projeto Piloto Ribeirão Preto (OEA)Hobby: Caminhadas Livro: O último que li: "Do golpe ao Planalto, uma vida de repórter", de Ricardo Kotscho Música: Rock & RollUm líder: O geógrafo Aziz Ab"Saber

02 de setembro de 2006

E agora, quem paga a conta?

foto: F.L. PITONEm novembro de 2004, quando se mudou para uma casa alugada na Vila Tibério, em Ribeirão Preto, Sérgio Santos (nome fictício) não imaginava que iria enfrentar problemas com o proprietário do imóvel. A residência foi escolhida por conta da localização. “É perto da escola do meu filho e minha esposa insistiu para alugarmos”, conta Santos. Mas na época em que visitou o imóvel, Santos resistiu. Segundo ele, a manta da piscina já havia ultrapassado o limite da vida útil, de 10 anos, e tinha vários remendos. A condição para alugar o imóvel era que houvesse uma redução no valor, mas o proprietário não aceitou. A imobiliária propôs então consertar a piscina, que apresentava descolamento da manta em uma das quinas. “Foi feito um serviço de manutenção que solucionou, por hora, o problema. Mas a manta ficou fina e muito esticada”, diz Santos. Há quatro meses a quina da manta rasgou e provocou vazamento. “Cinco mil litros vazaram da piscina. Não posso usá-la, mas continuo tendo de pagar o piscineiro, para mantê-la limpa e evitar criadouros do mosquito da dengue”, reclama o inquilino. O orçamento menor: R$ 3.140,00. De quem é essa conta? O proprietário se recusa a trocar a manta ou a reduzir o aluguel. Santos não acha justo pagar por um imóvel com piscina e não poder ususfruir deste benefício e, tão pouco, arcar com os custos sozinho. Discussões e controvérsias como essa são comuns entre locatários e locadores, sobre os gastos da moradia.Muitas vezes os casos acabam na Justiça.Para evitar a via Judicial, Santos está tentando um acordo com a imobiliária. Ele se dispõe a pagar o conserto, desde que o valor seja descontado, mensalmente, do aluguel. Mas a proposta não ainda não foi aceita e ele pretende ingressar na Justiça com uma ação para executar a reforma ou diminuir o aluguel. Segundo o advogado especialista em Direito Civil, José Carlos Fortes Guimarães Júnior, em muitas situações a solução é rescindir o contrato. “Em casos em que a pessoa alugou um imóvel e perdeu características dele, como o uso da piscina, e ele não é o culpado pelo estrago, ele pode pedir a rescisão do contrato”, afirma Júnior.O contrato de locação é regido pela Lei do Inquilinato de 1991. “Mas ela não especifica a atribuição das contas, como quem deve pagar o IPTU ou o condomínio. Isso deve constar no contrato”, ressalta o advogado. “O locatário é obrigado a pagar o que está previsto em contrato, caso contrário quem paga é o proprietário”, completa.As taxas extraordinárias do condomínio são do locador, pois são despesas que não fazem parte da rotina do edifício. As de manutenção e as ordinárias - habituais- são atribuição do inquilino. “Uma reforma estrutural no prédio deve ser paga pelo dono do imóvel”, cita Júnior. O diretor de imobiliária Roberto Alves Côrrea explica que os boletos de ‘chamada de capital’ , ou seja, de verba destinada a conservação estrutural do imóvel como, por exemplo, para pintura de fachada do edifício devem ser entregues para o dono.Para ele a dúvida sobre as contas de moradia acontece por falta de informação dos inquilinos. “Eles desconhecem os deveres e direitos em relação ao imóvel”, comenta.Segundo Corrêa, é muito comum nos períodos de chuvas o locatário ligar reclamando que a calha entupiu e que surgiu um vazamento. “Eles querem que o proprietário solucione, mas só é responsabilidade dele se for um problema na construção. Se o motivo foi a falta de limpeza e manutenção, a conta é do inquilino”, fala o diretor.Outra questão que gera polêmica é o pagamento do fundo de reserva. Segundo Corrêa a dúvida existe porque em muitos edifícios ele é destinado tanto para despesas ordinárias quanto para melhorias no imóvel e vem incluso no condomínio.A Lei não aponta de quem é o dever do fundo de reserva. É preciso avaliar de que forma ele está sendo utilizado. “Se ao final da locação o inquilino tiver pago e o fundo não foi usado, ele pode pedir o reembolso ao proprietário”, explica o advogado.Ambos alertam que o melhor caminho é tentar uma negociação ou acordo, evitando a disputa judicial.BENFEITORIASLei faz distinção entre tipos de reformasA lei do Inquilinato faz distinção entre reformas e modificações denominadas ‘úteis’ e as ‘voluptuárias’. “Toda reforma exige a comunicação ao proprietário e consentimento dele. Nem sempre ele tem condições de ressarcir o locatário”, ressalta o advogado.As modificações ‘úteis’ são benfeitorias necessárias ou que acrescem valor ao imóvel, como a construção de uma edícula. Nestes casos a Lei prevê que o proprietário indenize o inquilino. “Mas a maioria dos contratos atuais já possuem cláusula que as benfeitorias ficam para o dono do imóvel, sem direito de reembolso”, comenta Júnior. Já nas reformas ‘voluptuárias’ , que não são essenciais, como a pintura das paredes, citando um exemplo, o inquilino não poderá pedir ao locador que lhe pague as despesas.O advogado comenta que a melhor forma de evitar problemas é especificar tudo no contrato.

29 de agosto de 2006

Tributo progressivo sobre vazios urbanos.

Antônio Vicente Golfeto Ribeirão Preto sempre foi um fenômeno da terra. Na primeira etapa de sua existência, pela pujança de sua agricultura, RP tornou-se a capital mundial do café. Exatamente por causa da qualidade da sua terra roxa e mesmo da ousadia de seus produtores rurais, na época chamados apenas de fazendeiros.O ITU (Imposto Territorial Urbano) progressivo foi instituído no Brasil por meio do Estatuto das Cidades, diploma legal que, dentre outras coisas, pretende valer-se do referido tributo para disciplinar a expansão urbana.A mens legis, para nos valermos de uma expressão muito utilizada por advogados e juristas, estabelece que quando o terreno urbano fica sem construção, vazio por dez anos ou mais, o poder público municipal pode estabelecer a cobrança do Imposto Territorial Urbano de modo progressivo, crescendo sistematicamente a alíquota ano após ano. Assim, o proprietário ficaria ante duas opções: ou ofereceria o imóvel a quem quisesse adquiri-lo ou construiria sobre ele. Há até uma terceira alternativa. No caso, o proprietário aceitaria pagar o imposto progressivo. É o fisco fazendo confisco.Toda cidade que se preze tem, nos dias de hoje, um estoque não desprezível de residências (apartamentos, casas térreas) ou imóveis não residenciais, vazios. As atividades econômicas da empresa pequena e mesmo a de tamanho micro estão desaceleradas. De maneira que não há perspectiva de retomada dos negócios. Para que, então, fazer-se a construção? Constrói-se ou para uso próprio ou para locação, embora existam os que investem para venda. Nos três casos é preciso haver racionalidade. Nos dois últimos casos, é preciso haver perspectiva de retorno. Que não existe, diga-se a verdade. Terceiro: o brasileiro investe em imóveis por falta de alternativas. No mercado financeiro os papéis apresentam remunerações ridículas. E declinantes, na esteira da queda da Selic. E no mercado de capitais – ações, debêntures conversíveis em ações, fundos de ações – a nossa cultura ainda contra-indica. A governança corporativa não inspira confiança. As cidades brasileiras têm vazios urbanos – e Ribeirão Preto não foge à regra – por outras causas, dentre as quais a falta de alternativas para investimento é a maior, embora não a única. Não é com o Imposto Territorial Urbano progressivo que se vai conseguir resolver esta questão. A rigor, a concentração de riquezas poderá até aumentar.Resolver problema aumentando ou criando imposto nos faz lembrar da CPMF e da Confins. O argumento era um mas o objetivo era outro: mais dinheiro para fazenda pública.

29 de agosto de 2006

O prazer de desfrutar da luz do sol na medida correta

foto: WEBER SIANAcordar com os raios solares do amanhecer incidindo no seu quarto ou ter o prazer de ver a luz da manhã entrando pela sala de estar. Desejo comum a muitas pessoas, que tem sido valorizado nos projetos arquitetônicos.“As pessoas querem cada vez mais casas abertas, que possibilitem a visualização das áreas externas e a presença da luz da natureza”, comenta o arquiteto Sérgio Coelho.A proposta de incidência da luz natural é pensada no conjunto do projeto. A primeira coisa a ser avaliada é a orientação da casa em relação à posição do sol, partindo então para a definição das aberturas. Cada ambiente tem funções e necessidades de iluminação diferentes, tudo isso é analisado na concepção do projeto.“A claridade da luz da natureza amplia o ambiente e o uso de painéis de vidro aumentam o campo visual, proporcionando integração das pessoas”, avalia o arquiteto.A preocupação com a valorização da iluminação natural é uma tendência mundial, até mesmo por conta da importância em economizar energia elétrica. “A luz do sol é fundamental”, declara Coelho.Os projetos que permitem entrada da luz natural possibilitam um gasto menor de energia. São condizentes com a necessidade da preservação ambiental. Para o professor do departamento de Física da USP de Ribeirão Preto, Luciano Bachmann, que integra o grupo de fotobiofísica da universidade, em outros países, principalmente na Europa, os arquitetos aproveitam ao máximo a incidência da luz natural nos ambientes.“As pessoas são mais conscientes em relação ao aproveitamento de energia. Os painéis de vidro ao final dos corredores e vãos ou clarabóias nas coberturas são comuns para diminuir o uso de iluminação artificial durante o dia”, fala.Mas segundo o arquiteto, o excesso de luz do sol também pode ser prejudicial, tanto quanto a sua falta. “Na nossa cidade, grandes aberturas são uma questão complicada, pois podem provocar um efeito estufa”, fala Coelho.Isso acarretaria um uso excessivo de ar-condicionado, destruindo o conceito de economia.A luz excessiva e direta desbota os móveis e tecidos, ou seja, provoca um desgaste das peças da decoração. A luz indireta é a ideal.Assim quando as edificações que cercam o terreno só favorecem a posição do sol da tarde, o arquiteto conta que para valorizar a incidência da luz do sol são criadas aberturas, mas usa-se de artifícios para evitar a insolação como, por exemplo, a natureza para fazer sombreamento. “É muito agradável abrir a janela e se deparar com o verde, por isso é o recurso mais usado. Em muitos projetos iniciamos o plantio no começo da construção. Quando a pessoa se muda já existe a proteção da vegetação”, comenta o arquiteto.Marquises, beirais, pergolados também estão na lista dos ‘protetores’ da incidência de luz. Eles exercem a função de pára-sol. Persianas também ajudam a filtrar o sol em alguns cômodos da casaO arquiteto fala que outro benefício da luz natural é o efeito higienizador do ambiente. “O sol direcionado a uma pia de cozinha, por exemplo, promove a secagem e evita fungos”, explica o arquiteto.BENEFÍCIOSA luz do sol regula o humor e até mesmo o biorritmoA presença de luz influencia no estado de ânimo da pessoa e no humor. “A incidência da luz da natureza provoca alterações orgânicas e regula o nosso biorritmo”, comenta o professor Luciano Bachmann. Ele participa do grupo de fotobiofísica da USP, que estuda os efeitos da interação da luz com o sistema biológico humano. “Nosso organismo evolui para vivermos na luz do dia”, define Bachmann.“Por conta da civilização 24 horas em que vivemos, às vezes invertemos o dia com a noite”, completa. Segundo o professor quando exposto à luz nosso organismo produz substâncias que estão relacionados às emoções e que regulam o humor.A sua presença pode garantir uma sensação de bem-estar e uma integração maior com o espaço. “A luz do sol também é essencial para a produção de melanina e a fixação de cálcio pelo organismo”, ressalta. Ela regula nosso relógio biológico definindo os estágios de vigília e de sono.Se ficamos num ambiente com pouca incidência de luz nosso organismo tende a entender como momento de sono, o que atrapalha desempenho.“Com a presença da luz natural nosso organismo acompanha as fases do dia, com a noção exata das passagens de um período para o outro”, relata Bachmann.CONCEITOLuz da natureza interfere na fisiologia humanaA arquiteta e lighting designer Esther Stiller é um dos principais nomes em projetos de iluminação artificial no país. Esther explica que cada comprimento de onda da luz visível tem influências diferentes na fisiologia humana. A luz da natureza apresenta diversas tonalidades durante o dia. Pela manhã é mais amarelada, ao meio-dia mais azul e ao entardecer e à noite, laranja e vermelha.“A variação da luz durante 24 horas, é um importante fator da saúde humana”, fala Esther.Os comprimentos de onda azuis inibem a produção de melatonina, hormônio que provoca o ‘adormecimento’ do corpo humano.Como os espectros azuis ativam o metabolismo, facilitando a atividade muscular e cerebral, a presença desta luz é excelente em ambientes de trabalho.Já os comprimentos de onda vermelhos, ao contrário, facilitam o relaxamento, a introversão e a diminuição das funções do metabolismo. A melatonina é um hormônio que só se produz com ausência de luz. “Essa substância é responsável pela baixa do metabolismo, inclusive baixa da temperatura e dos batimentos cardíacos”, descreve a arquiteta. A melatonina garante a reposição de células que o organismo necessita fazer todos os dias, no período noturno.“Quando se muda frequentemente de fuso horário ou se troca o dia pela noite a saude é agredida, pois a modulação dos ciclos do dia é desobedecida”, fala a arquiteta.Esther comenta que por conta desta relação direta com a fisiologia humana, na concepção do projeto de iluminação é analisada a finalidade do ambiente. Nos seus projetos de iluminação artificial a arquiteta avalia as “impressões” psicológicas advindas dos contatos com clientes para compará-las à luz da natureza. “Uso luz morna, adequada a ambientes introspectivos, e luz branca, adequada a reuniões ativas”, exemplifica Esther.

29 de agosto de 2006

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