|

Notícias

Paiva: Cohab não fala sobre atraso.

foto: Renato Lopes/A CIDADENicola TornatoreOs mutirantes da mais recente etapa do Jardim Paiva, que cumpriram com suas obrigações e estão com as casas prontas, continuam sem ter a mínima idéia de quando poderão finalmente se mudar. A Cohab (Companhia Habitacional de Ribeirão Preto) está sonegando à imprensa informações sobre o que falta para que as casas possam ser entregues à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para que esta proceda a inauguração oficial.Construído em regime de mutirão, com financiamento da CHDU (governo estadual), o Jardim Paiva vem tendo etapas entregues desde 2000. A primeira teve 569 unidades; a segunda, 187; e a terceira, 365 casas.A quarta etapa, com 264 casas, é a que está gerando polêmica agora. A maioria dos mutirantes cumpriu os prazos previamente estabelecidos, estão com suas casas prontas mas não têm a menor idéia de quando vão recebê-las oficialmente, podendo então providenciar a mudança. É que uma minoria dos mutirantes está com as obras atrasadas - falta pintura, instalações elétricas, louça sanitária.A responsabilidade por acompanhar o andamento da obra é da Cohab. O contrato da CDHU é com a Prefeitura Municipal, que designou a Cohab para a parceria. É a Cohab que possui informações sobre o que falta ser concluído para que a etapa possa finalmente ser entregue. É a Cohab quem tem a obrigação de “correr atrás” dos mutirantes relapsos para que estes finalizem suas unidades. E essas informações, de interesse de dezenas de mutirantes que respeitaram o cronograma e concluíram suas casas, estão sendo sonegadas pela Cohab.A reportagem de A CIDADE tentou durante todo o dia de ontem contato com o presidente da Cohab, Marcelo Roselino. Depois de várias tentativas a assessoria da presidência da Cohab informou que Roselino não falará com a imprensa sobre o Jardim Paiva “enquanto não tiver uma resposta a ofício encaminhado à CDHU”. Indagada, a assessoria da Cohab não esclareceu o conteúdo do ofício.O assunto é outro...O escritório regional de Ribeirão Preto da CDHU informou ontem ter recebido, da Cohab, um ofício assinado pelo presidente Marcelo Roselino. Segundo a CDHU, o documento em questão é apenas uma resposta a outro ofício, encaminhado à Prefeitura pela própria CDHU, pedindo o apoio da Cohab no processo de abertura de inscrições de candidatos a unidades em dois empreendimentos verticais (conjuntos de predinhos) em fase final de conclusão.CDHU só inaugura etapa após recebê-la da CohabEm entrevista ontem, o gerente regional da CDHU Milton de Souza Vieira Leite disse que não tem como estimar a data de entrega da etapa de 294 unidades do Jardim Paiva. “Não tem como fazer uma previsão, já que não é atribuição da CDHU acompanhar o andamento das obras. Minha equipe de vistoria vai lá quando a Cohab nos comunicar oficialmente que as casas estão prontas. Aí nosso pessoal vai lá e pode registrar que na unidade x falta uma fechadura, que na unidade y o vitrô está quebrado, solicitando os reparos. Antes, não. O acompanhamento continua sendo da Cohab”, explica.O gerente regional da CDHU destaca que a construção sob o regime de mutirão tem um acompanhamento muito mais complicado. “Se é no regime de empreitada, você tem uma única pessoa, ou empresa, para cobrar. No regime de mutirão você tem de cobrar de cada mutirante, e o ritmo das obras nunca é o mesmo. Por isso é perfeitamente normal que todas as unidades não sejam concluídas ao mesmo tempo”, comenta.O Jardim Paiva I é fruto de um convênio entre o governo estadual e a Prefeitura, que cedeu a área, após desapropriar a Fazenda Baixadão. O convênio original previa dois conjuntos (Paiva I e Paiva II), com 2.095 casas cada um. O Jardim Paiva I já teve 1.121 unidades entregues (etapas de 569, 187 e 365 casas). Agora é a vez da quarta etapa, com 294 unidades, cuja entrega ninguém sabe quando será, uma vez que a Cohab não fornece informações sobre o andamento das obras. Para completar o convênio de 2.095 unidades ficam faltando 680 casas, sem previsão de início de obras.

27 de janeiro de 2005

Shoppings alavancam comércio periférico.

foto: F.L. Piton/A CIDADEFerraz Jr.A movimentação dos três shoppings centers de Ribeirão Preto gera uma economia no comércio instalado no entorno dos empreendimentos, pelo menos para a grande maioria das lojas que decidiram se instalar do lado de fora, e que têm no fluxo de consumidores dos shoppings seu grande público alvo. Isto valoriza os imóveis e os negócios.A proximidade com os shoppings centers, principalmente os mais centrais como Santa Úrsula e RibeirãoShopping deixa as ruas ao redor desses empreendimentos praticamente sem imóveis comerciais para alugar. “O negócio é vantajoso porque o aluguel fora do shopping é muito mais barato”, garante o supervisor de rede da Drogaria São Carlos, Celso Antônio Rodrigues. Instalado na esquina das ruas Garibaldi e Campos Salles, a loja da drogaria ocupa um prédio grande, com estacionamento na porta e paga R$ 2,4 mil de aluguel mensal.O horário de funcionamento acompanha o do Shopping Santa Úrsula, instalado na frente da drogaria. “Cerca de 90% do nosso movimento vem do shopping”, garante. Isso dá ao negócio uma vitalidade que não existiria de outra forma. “Os descontos que damos nos medicamentos são maiores que os oferecidos pelas farmácias do shopping porque pago aluguel menor e tenho mais margem para trabalhar”, analisa. Há um ano no local, Celso afirma que a rede acertou na estratégia. Antes, funcionaram no local uma padaria e outra farmácia.Outra loja que se instalou nas imediações do Santa Úrsula, mesmo antes das obras do shopping terem início, foi a Maniglia Calçados, especializada em calçados Opananken, instalado na rua São José, ao lado do shopping. “Quando tive a notícia de que o shopping ia se instalar onde era o colégio, busquei um ponto para montar o negócio e tirar proveito do público consumidor que transita pelo Santa Úrsula”, analisa o comerciante Roberto Maniglia. Ele calcula que se não tivesse o shopping, seu movimento seria 20% menor.Para atrair o consumidor, adotou estratégias como convênio com o estacionamento do Santa Úrsula e estampou na fachada a vantagem oferecida. “Já tive propostas para me transferir para dentro do shopping mas prefiro ficar onde estou, até porque o aluguel é bem mais barato”, afirma sem revelar quanto paga por mês pelo ponto.De trás do balcão, de onde pode monitorar todo o movimento da loja, a vendedora Adriana Ferreira consegue ainda, dar uma espiada em quem entra e sai pela entrada principal do Santa Úrsula. A loja em que trabalha, a Artes Geraes, na São José esquina com a Campos Salles, tem uma visão privilegiada do movimento e com isso, consegue capitalizar alguns consumidores do shopping em busca de opções para presentes e decorações. “A loja estava situada no Boulevard e há quatro anos se mudou para cá. Valeu a pena”, garante. Ela diz que o movimento em relação ao antigo ponto dobrou ao longo do tempo.Na mesma quadra, a Stela Maria Acessórios, loja de bolsas e acessórios femininos, não teve a mesma sorte. Depois de três anos instalada no local, a proprietária pensa em sair devido às vendas fracas. “O aluguel do ponto é R$ 1,5 mil por mês. É alto para o tamanho do ponto e não sentimos nenhum benefício devido à vizinhança do shopping”, diz Marica Campos de Sá, irmã da proprietária da loja.CorredoresDiferentemente do Santa Úrsula, o movimento no entorno do RibeirãoShopping e do Novo Shopping se acentua devido ao comércio instalado nos corredores de acesso, como as avenidas Presidente Vargas e Costábile Romano, respectivamente. Segundo Valmir Ruiz, da J. Ruiz Imóveis, instalado a duas quadras do Santa Úrsula, esse segundo perfil cria uma demanda maior por lojas comerciais do que as ruas do centro que cercam o shopping do bairro Higienópolis.“O maior problema do comércio no entorno do Santa Úrsula é a falta de estacionamento. Quem vai ao shopping a pé é o jovem, que não consome nas lojas do entorno”, analisa. Segundo Valmir, o valor do imóvel comercial nos corredores de acesso custa entre 15 e 20% mais barato que nos shoppings.Já nos corredores de acesso aos outros dois shoppings, a situação é diferente. Pensando em captar o público classe A que deixa o RibeirãoShopping pela saída principal, a Corazza, loja de decoração e design de interiores se instalou há seis anos no local e não tem do que se queixar. “Cerca de 70% dos clientes que atendemos nos finais de semana são os que chegam ou saem do shopping”, garante a gerente Sandra Zampiero. Ela revela que também recusou convite do shopping para se instalar no empreendimento. “É o tipo de loja que ainda é comércio de rua e não de loja, pelo tempo que damos ao atendimento ao cliente”, analisa. “Sem contar o valor do aluguel”, afirma.Na Costábile Romano, já na esquina com a Presidente Kennedy, uma casa serve de loja para móveis de jardins. Inaugurada há pouco mais de um ano, a loja Star Design sente o fluxo de clientes se formar entre os que freqüentam o Novo Shopping. Estrategicamente instalada para ser vista pelo consumidor que chega da região, os resultados, no entanto, estão aquém do esperado. “Esperávamos um movimento 30% maior”, revela o comerciante Luiz Fernando Afonso Jr.

27 de janeiro de 2005

O vergalhão e o tubo.

João Cláudio Robusti* O CUB (Custo Unitário Básico) da construção paulista registrou em 2004 um aumento nominal de 9,01%. No mesmo período, o custo da cesta de insumos da construção, cujos preços são utilizados para apurar o CUB, subiu 12,92%, ficando ligeiramente acima da variação do IGP-M no ano, de 12,41%.Desses materiais, mais uma vez os oligopolizados, fabricados por poucas empresas, apresentaram expressivos aumentos de preços. Dois insumos derivados de uma commoditie, o cobre, lideraram a lista: o tubo de cobre e o fio termoplástico, que registraram elevações de 62,91% e 54,17%, respectivamente. Em terceiro lugar figura outra commoditie: o vergalhão de aço, com alta de 42,2% no ano. A elevação de preços desses dois insumos metálicos não se limitou a 2004. Nos últimos quatro anos, para um IGP-M acumulado de 69,03%, o preço do vergalhão de aço subiu 196,4% e do tubo de cobre, 104,4%. Os fabricantes alegam que, num mundo globalizado, o preço das commodities precisa acompanhar as cotações internacionais.Historicamente, os preços dos materiais produzidos por setores oligopolizados invariavelmente pressionam os custos da construção. O fato foi reafirmado por um levantamento da Fundação Getúlio Vargas, divulgado na semana passada.O estudo mostra uma série histórica do INCC (Índice Nacional da Construção Civil), de julho de 1996 a dezembro de 2004. No período, o INCC apresentou uma variação de 108,6%. O subgrupo que sofreu o maior aumento foi o de materiais de construção (114,8%). Em contraposição, ficou abaixo do INCC o subgrupo de custos com a mão-de-obra (101,7%). *Presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Construção

27 de janeiro de 2005

Receita agiliza punição a quem sonegar impostos sobre imóveis.

Quem esconder transações como compra, venda e locação de imóveis terá mais chances de ser punido pela Receita após declarar o Imposto de Renda neste ano.O cruzamento de dados com a Dimob (Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias) poderá jogar os sonegadores diretamente na malha fina. Até o ano passado, a maioria não recebeu mais do que uma advertência.A Dimob, instituída em 2003, é obrigatória apenas para empresas que intermedeiam compra, venda, loteamento e locação de imóveis. Elas devem declarar à Receita os nomes dos participantes e os valores das transações.Como a negociação é declarada pelas empresas, pessoas físicas que participam dela não têm como omiti-la. Quem deve impostos pode colocá-los em dia na retificação da declaração, mas deve se apressar: a malha fina é mais ágil que os mecanismos anteriores para detectar irregularidades, punidas com multa.Imposto menor sobre aluguelA declaração incorreta nem sempre é sinal de má-fé. "Por desinformação, o casal divide o valor de uma locação recebido só pelo marido. A imobiliária declara que pagou só para ele, que terá problemas", diz Ricardo Barbosa, 28, diretor da imobiliária Marc.Para evitar dores de cabeça, o casal deve receber em uma conta conjunta e indicar à imobiliária os CPFs dos beneficiados. Os rendimentos precisam ser declarados individualmente, citando o percentual que cada um recebeu.Segundo Lázaro Rosa da Silva, 49, consultor da IOB-Thomson, "os inquilinos mencionam os pagamentos [no quadro Pagamentos e Doações da declaração completa do IRPF]. O proprietário deve acusar seu recebimento".Isso também vale para acordos que não passam por imobiliárias, desde que o inquilino não opte por declaração de isento ou simplificada. Se declarar os gastos e o locador sonegar o imposto, este pode ser pego na malha fina."Para pagar menos imposto sobre vendas e aluguéis, é possível dividir os bens entre membros da família ou criar uma holding imobiliária e declarar o IR com base no lucro presumido", sugere o advogado imobiliário Luiz Kignel.Assim, pode-se pagar menos por não atingir a alíquota máxima do Carnê-Leão, de 27,5% sobre os rendimentos acima de R$ 2.326. O problema, segundo Pedro Fabri, do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, é a incidência de outros tributos e encargos (como o INSS) a serem pagos pelo titular da holding.

19 de janeiro de 2005

Casas de tijolos ‘escondem’ barracos.

foto: F.L. Piton/A CIDADEJucimara de Pauda A favela que fica nas imediações da linha férrea na avenida Dom Pedro I, no bairro Ipiranga, há um ano vem mudando de fisionomia. Cerca de 50 casas de tijolos já foram construídas e agora escondem os imóveis feitos de madeira. A maioria das pessoas é oriunda do bairro Ipiranga, pagava aluguel e alega que foi para a linha férrea porque ficou sabendo que o local estava sendo invadido. Uma área de comércio também se formou com a instalação de vidraçaria, depósito de sucata e bicicletaria. A dona de casa, Roseli de Cássia Rinhardi, mãe de 11 filhos, construiu a casa nas proximidades da linha férrea há 14 anos. Ela explica o porquê do aumento de casas na favela. “Quando vim para cá era tudo mato. Estas casas de tijolos na parte de baixo começaram a ser construídas há um ano. Descobriram o pedaço aqui porque não tinham onde morar e além do mais o aluguel é muito caro”.A faxineira Cleonice Moreira Pereira afirma que construiu a casa onde ela vive com o marido e os dois filhos há um ano. Para a empreitada ganhou 1000 tijolos do sogro e o restante pegou de construções. Ela diz que ficou sabendo do terreno pelos amigos e não revela se comprou ou não o pedaço de terra. “Catei este pedaço de terra para mim, porque todo mundo estava invadindo e então resolvi também pegar um pedaço e fazer a minha casa”. Na frente da residência foi montada a bicicletaria do marido, onde ele conserta de cinco a seis bicicletas por dia.“Vou pegando este serviço para não ficar parado, porque o povo daqui é muito pobre, nem sempre consegue pagar. Aqui eu trabalho para comer e beber”, diz Luiz Eduardo Pereira.Ele reclama da falta de água no bairro. “A luz nós puxamos do posto, mas água tem muito pouca. Temos que lutar devagar para vencer aos poucos”.Rosemeire Borges mora nas imediações da linha férrea desde maio do ano passado junto com os três filhos. Ela comprou o terreno de moradores mais antigos do lugar. “Eu paguei R$ 60. Comprei o material em 6 vezes de R$ 117 e R$ 200 de entrada. A minha casa foi uma das primeiras construídas aqui. Eu também trouxe a minha irmã que construiu a casa dela do lado da minha. Pelo menos a gente não paga aluguel.” Quanto à possibilidade de ter que deixar a casa construída clandestinamente ela desabafa emocionada. “Morro de medo de a gente ter que sair aqui. Mas acho que no futuro vão arrumar uma casa para a gente na Cohab, porque quero melhorar de vida”.O catador de papelão Orlando Gomes Vieira, morador da favela há 10 anos, se diz surpreso com o número de casas construídas nos últimos doze meses. “Cresceu cerca de 80% e tudo casa feita com tijolos e blocos. São casas boas com piso frio e forro. Tem casa que quando a gente entra nela nem percebe que está na favela de tão bem feitinha. Isto aqui está ficando chique”.Terrenos são comercializadosOs “novos proprietários” da favela localizada na linha férrea da avenida Dom Pedro I, adquiriram a área de antigos moradores do local. Os preços variam de R$ 60 até R$ 500.No local já existe também a especulação imobiliária. Casas recém construídas já estão com placas anunciando que estão à venda. Segundo informações dos vizinhos elas podem ser compradas por preços que variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil.O pedreiro Manoel Mendes de Souza, 33 anos, mora com a esposa e as duas filhas logo no início da linha férrea na avenida Dom Pedro I. A casa dele foi uma das primeiras feitas de tijolos. “A de madeira não tem segurança”, explica. Depois de ficar desempregado durante seis meses não tinha como pagar aluguel e por isto resolveu comprar o terreno no lugar.“Paguei R$ 150 em um terreno de 9,5m por 4,4m. Fiz três cômodos e um banheiro”.Souza também já construiu outras casas no lugar. “Eu fiz três casas aqui para amigos. Cobro R$ 800 porque elas são simples de construir”.O amigo dele, Paulo Ferreira, também é pedreiro, e até sugere uma solução para o problema.“Tem uma porção de terreno com a base das casas pronta, no Jardim Paiva. Eu penso em invadir, comprar o material e fazer a casa no terreno vazio que está cheio de mato. Depois de fazer eu vou procurar a Cohab para pagar. Eu preciso ter um lugar para morar. Tem tanta terra e casa vazia sobrando e a gente não tem onde morar.”A secretária de Cidadania e Ação Social, Adair Cáceres Pessini, esteve no local há dois meses e fez uma constatação. “Lá tem de tudo, desde horta, depósito de papel e papelão, vidraçaria até bicicletaria. Estamos levantando todas as favelas, mas ainda não temos diagnóstico real da situação. Por enquanto ainda não sabemos o que vamos fazer nesta área da cidade”, explicou.

19 de janeiro de 2005

Perspectiva do setor imobiliário revela otimismo para 2005.

Ferraz Jr.O mercado de vendas e locações de imóveis em Ribeirão Preto deve ter um ano mais aquecido do que foi em 2004, segundo empresários do setor. O otimismo, no entanto, é moderado. Na melhor das hipóteses, o mercado deve sentir o reflexo do crescimento de cerca de 4% na economia brasileira. Na pior, haverá um equilíbrio no desempenho do setor em relação ao ano passado.Segundo Walter Roberto Maria, diretor da Dínamo Imóveis Administração Ltda., houve estabilidade nas locações ao longo do ano passado, sem crescimento substancial no volume de imóveis negociados. “Foi um ano equilibrado, mas a tendência é de aquecimento nesse ano”, analisa. Ele acredita que os bons números que marcaram a economia em 2004 terão reflexos no setor.O diretor de vendas da Magna Imóveis e Administração Ltda., Amim Magna, também acredita que este ano será melhor do que o que passou. “As vendas do comércio em geral no final do ano passado foram as melhores em muitos anos, o que me leva a acreditar que os bons negócios deverão continuar com o consumidor entusiasmado”, explica. Embora sem falar em números, Amim afirma que a movimentação de compra e venda de imóveis no ano passado foi pior do que em 2003. “O investidor saiu de cena, se retraiu”, garante.Para ele, as vendas realizadas no ano passado foram apenas para consumidores. “Quem adquiriu imóveis no ano passado foi o consumidor que tem pouco poder de compra e se vale de artifícios como financiamentos para respaldar o negócio”, analisa. Ele espera o retorno ao mercado do investidor para este ano.Na área de locação, a expectativa é de que o aquecimento possa se manter ao longo do ano no mesmo ritmo que se verifica neste mês quando a movimentação de estudantes universitários que se formam e desocupam imóveis se mistura com a dos que chegam para freqüentar faculdades e escolas, o que garante bons negócios. “Mesmo que seja sazonal, a movimentação que ocorre todos os anos de janeiro a março, este ano, terá uma ligeira melhora em relação ao ano passado”, afirma José Luiz Zanato, diretor de locação da Magna.Mesmo otimista, ele se mostra cauteloso com as projeções para 2005. “É preciso que a economia de Ribeirão Preto se aqueça para que o setor sinta esse reflexo”, afirma. A expectativa dele é que a nova administração municipal possa atrair indústrias e empresas no Distrito Industrial. “Só com a geração de emprego, a abertura de lojas no comércio, a reforma e ampliação do aeroporto, por exemplo, poderão trazer novos inquilinos para a cidade”, analisa.Alguns fatores menores podem também garantir um aquecimento nas locações, mesmo que pequena, segundo Antonio Maçonetto, da Maçonetto Empreendimentos Imobiliários. “A não negociação de valores de aluguéis por parte dos proprietários levará alguns inquilinos a trocar de imóveis”, analisa. Para ele, esta é uma época também em que ocorrem transferências de funcionários de empresas que esperam as férias escolares para fazerem suas mudanças.RedeA Fortes Guimarães, empresa de Ribeirão Preto e integrante da Rede de Imobiliárias do Interior, com parceria em imobiliárias de 40 cidades da região, espera um ano melhor do que já foi bom. “Em 2004 nossas vendas cresceram 12% e esperamos para este ano chegar a 20%”, analisa João Paulo Rossi Fortes Guimarães, diretor de venda da empresa.Ele acredita que o crescimento será de toda a região. Segundo João Paulo, no ano passado, as vendas estiveram predominantemente vinculadas às condições de pagamentos, com os consumidores se valendo de financiamentos, mas o mercado terá de volta o investidor. “O açúcar terá um bom ano e quando isso acontece, sobra dinheiro no mercado”, afirma.A cultura de investimento imobiliário, característica do consumidor da região, foi deixada de lado pelos ganhos das aplicações financeiras. “Como o investimento especulativo está deixando de ser atraente, aos poucos o investidor em imóveis retorna à sua origem”, conclui.CUB sobe 0,41% em dezembroO CUB (Custo Unitário Básico) da construção civil paulista teve aumento de 0,41% em dezembro, em comparação a novembro. O CUB é o índice oficial, calculado pelo SindusCon-SP (Sindicato da Construção), que reflete a variação mensal dos custos do setor, para utilização nos reajustes dos contratos da construção civil.O aumento em dezembro foi “puxado” pela elevação dos preços dos materiais de construção, que subiram em média 1,10%. Já os custos das construtoras com mão-de-obra caíram 0,17%. A média ponderada entre essas variações resultou no CUB de 0,41%. Em 2004, o CUB registrou alta de 9,01%. Apresentou maior “peso” no aumento do ano a elevação dos preços de materiais de construção, que subiram em média 12,92%. Os custos das construtoras com mão-de-obra tiveram reajuste de 5,82% no mesmo período.No mês passado, o CUB padrão da construção civil paulista (H8-2N) foi de R$ 882,36 por metro quadrado.Dos 70 insumos da construção cujos preços são pesquisados mensalmente pelo SindusCon-SP, 31 tiveram em dezembro variação superior à do IGP-M, que foi de 0,74%.Entre os maiores aumentos de preços no mês, destacaramse os seguintes:- caixa d’água fibrocimento (+10,14%)- fio termoplástico (+8,82%)- caixilho de ferro cantonado (+7,93%)- tubo de PVC rígido rosca água (+4,77%)- prego (+4,14%)- areia média lavada (+3,36%)- cal hidratada (+3,02%)- vidro temperado 10 mm (+2,94%)- tinta látex branca PVA (+2,81%)- tijolo cerâmico 8 furos (+1,75%)- aço CA 50 (+1,23%)- bloco de concreto de vedação (+1,06%)Em Ribeirão Preto os preços acompanharam a tendência de lata verificada em dezembro.Telha romana – R$ 570/milheiroTelha francesa – R$ 750/milheiroTelha portuguesa – R$ 600/milheiroTijolo comum – R$ 130/milheiroTijolo baiano (8 furos) – R$ 217/milheiroTijolo baiano (9 furos) – R$ 270/milheiroCano Tigre 4 pol. R$ 8,05/metroTubo de esgoto 2 pol 50 mm – R$ 5,24/metroTubo de água 50 mm – R$ 7,89/metroTubo de água ¾ - R$ 2,16/metroFonte: Irajá Materiais de Construção.

13 de janeiro de 2005

Caixa reduz juros para empréstimo com recursos do FGTS.

 Os trabalhadores de baixa renda que forem à Caixa Econômica Federal tomar um empréstimo com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a aquisição da casa própria serão beneficiados com juros mais baixos. A partir de segunda-feira a Caixa dá início à operação da linha de financiamento com juros reduzidos aprovada pelo Conselho Curador do FGTS no final do ano passado. A taxa de juros do financiamento cai de 8% para 6% ao ano e a taxa de administração dos contratos será reduzida de R$ 25,00 para R$ 18,00 ao mês. A superintendente Nacional de Habitação da Caixa, Vera Lúcia Vianna, explicou que a redução dos juros e da taxa de administração só vale para o crédito associativo, ou seja, o financiamento que é pego de forma coletiva pelos trabalhadores para a construção de um prédio de apartamentos ou um condomínio. O Conselho Curador do FGTS destinou R$ 500 milhões para o financiamento à produção de unidades para as famílias com renda de até R$ 1 mil e outros R$ 500 milhões para as famílias com renda entre R$ 1 mil e R$ 1.560,00. Individualmente cada família poderá pegar até R$ 35 mil para a construção da sua casa. O prazo do financiamento pode se estender por até 20 anos. Outra novidade é que a Caixa decidiu implementar nessa e em outras linhas de crédito, inclusive a voltada para a construção da casa própria pela classe média, uma importante mudança sobre o encargo financeiro que é cobrado durante o período de construção do imóvel. Segundo Vera Vianna, a instituição cobrava até agora, 30 dias após a liberação da primeira parcela do financiamento para o mutuário, a prestação completa, o que incluía juros, seguros e amortização sobre o valor total do empréstimo. A partir de agora o mutuário só pagará, durante a fase de produção da obra, juros e seguro sobre a parcela liberada. De acordo com a superintendente da Caixa a economia nos primeiros meses será enorme para os mutuários que, dessa forma, terão condições de continuar pagando o aluguel sem dificuldades enquanto sua casa está sendo construída.

10 de janeiro de 2005

Déficit de RP chega a 10 mil casas.

Rose RubiniO sonho da casa própria está cada vez mais distante para o eletricista Almir José Cassaroti da Cunha. Inscrito no projeto de habitação popular desenvolvido pela Prefeitura de Ribeirão Preto, através da Cohab (Companhia de Habitação Popular) e da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), ele aguarda desde 2000 para ter realizado o sonho da família. Cunha seria uma das 2.095 famílias beneficiadas com a casa própria, na primeira fase de construção do conjunto habitacional Jardim Paiva, conhecido popularmente como fazenda “Baixadão”. A área foi desapropriada em 1999 com a finalidade de suprir o déficit habitacional da cidade, hoje estimado em torno de 10 mil moradias.Longe de ter o sonho realizado, ele espera a prefeitura, com nova gestão desde o último dia 1º, possa agilizar o sistema de construção das casas, na época o principal entrave para sua família. “A obra é tocada em mutirão e eles exigem no mínimo 32 horas de trabalho semanal no canteiro de obras. Como vamos trabalhar no local se temos que trabalhar fora para sustentar a casa e o que ganhava na época não dava para pagar um pedreiro?”, desabafa ele. Sem condições de pagar aluguel, Cunha morou por muito tempo de favor na casa de parentes e hoje divide uma casa no bairro Heitor Rigon com um dos irmãos. A esposa de Cunha trabalha como acompanhante de idosos e reforça a renda familiar, segundo ele estimada em torno de R$ 800. “Parece muito, mas para uma família de cinco pessoas acaba sendo pouco e não daria para pagar aluguel, as contas, alimentação, educação dos filhos, entre outras prioridades”. A exemplo de Cunha, centenas de outras famílias vivem o mesmo drama ou pior, tendo que pagar aluguel, enquanto poderiam estar morando em suas próprias casas. A área total de 100 alqueires foi desapropriada pela Prefeitura em 1999, mas a construção do conjunto popular, com casas térreas, de aproximadamente 40 m2 de área construída, foi paralisada em 2001 e retomada com a entrega de 569 unidades em fevereiro de 2002. Infelizmente, hoje o que se vê no local é o completo abandono e descaso com o dinheiro público, pois os radiers (base da casa), feitos na época estão se deteriorando com o tempo. O mato praticamente encobriu tudo e as tubulações de esgoto e água estão em péssimas condições.Dinheiro perdidoO projeto, na época, sugeria uma economia razoável de dinheiro à Cohab, gestora do projeto habitacional no Jardim Paiva, ao optar por construir as 2.095 bases das casas. Como o projeto não seguiu um cronograma de edificação e entrega, hoje, o mato tomou conta dos 680 radiers restantes da primeira fase e, em algumas bases, ossadas de animais mortos e até árvores crescem no local. O engenheiro civil e diretor regional do SindusCon (Sindicato da Construção), José Batista Ferreira, que avaliou as condições das bases, conclui: elas não estão em boas condições. “Radiers são placas de concreto armado, construídas sobre um solo compactado. Elas vão abrigar a estrutura da casa e já são preparadas para receber as tubulações de alimentação de água e esgoto que vão servir a casa, além de já funcionar como contrapiso”, explica. Batista observa que mesmo com a invasão do mato e árvores próximas, a estrutura do concreto está em boas condições, mas faz um alerta sobre as esperas da rede hidráulica. “A tubulação em PVC está em sua maioria quebrada e aberta, permitindo a entrada de animais, água, entre outros objetos e isto pode já ter entupido a canalização. Por isto para retomarem a construção das casas terão que quebrar a base para refazer as tubulações”, conclui. Ele detectou ainda que as esperas em PVC da rede de esgoto em frente às bases encontram-se deterioradas. Na última sexta-feira, Marcelo Roselino, diretor presidente da Cohab esteve visitando o conjunto habitacional. Segundo informações da assessoria de imprensa o órgão deverá agilizar as obras, retomando em breve o cronograma de obras. Cesta custa em média R$ 11 milEste é o valor médio financiado pelo CDHU ao mutuário que irá construir sua casa própria em sistema de mutirão, como observa o gerente regional do órgão, Milton Vieira de Souza Leite. Ele ressalta que a decisão de se construir inicialmente todas as bases foi da Prefeitura através da Cohab. As últimas 365 casas foram entregues em maio de 2004 e ele antecipa que não tem data definida para recomeçar as obras de construção das unidades restantes. Alegando que o local não está abandonado e sim aguardando a decisão da administração, ele destaca que antes da retomada do projeto, técnicos irão até o terreno para fazer uma análise técnica das bases. “Dependendo do tipo de vegetação do local, o enraizamento do mato pode até movimentar as placas de concreto (radier) e neste caso não é aconselhável usar o material existente. Se as bases estiverem condenadas teremos que refazer tudo”, afirma. SistemaO gerente explica que as casas estão sendo construídas em sistema de mutirão, que reduz o custo final da obra, utilizando a mão-de-obra do mutuário. “No caso do conjunto do Jardim Paiva, a verba é liberada pelo governo estadual através do programa “Pró-Lar” de auto-construção, onde a CDHU executa as obras de infra-estrutura e financia uma cesta básica de material de construção, entre R$ 11 a R$ 12 mil ao mutuário que vai levantar e terminar a casa em sistema de mutirão”. Com um déficit habitacional em torno de 10 mil unidades, Leite reconhece a urgência na retoma dos projetos habitacionais populares. “Estes programas atendem a famílias com renda de um a 10 salários mínimos, com parcelas a partir de R$.. 39. E agora a retoma das obras para conclusão da primeira fase vai ficar a cargo da nova administração”, explica. “Como órgão financiador, o que nos compete neste processo é acompanhar a execução do projeto”, finaliza o gerente.

10 de janeiro de 2005

0
|
0