No milenar Feng Shui (arte e ciência chinesa para criar ambientes
harmônicos), aprendemos a importância da circulação do ar nos ambientes. Naquela
época, não haviam de supor que teríamos que nos preocupar com o C.O.V. que são
os componentes orgânicos voláteis, por exemplo, mas o princípio de manutenção da
saúde já estava correto.
A história toda tem muitos elementos que podemos
citar: como o benzeno, a fumaça de cigarro, vapores de colas, tintas, o
tetracloroetileno, a poeira, o monóxido de carbono e outros. Estes são os
protagonistas de uma saga diária, que nos influenciam silenciosamente e
geralmente não sabemos, mas pesquisas recentes sobre o assunto nos sinalizam a
importância de saber mais sobre o tema.
Muitas agências governamentais já
estão limitando as quantidades dos C.O.V. pelo seu impacto nocivo à saúde e ao
meio ambiente.
Recentemente, o governo canadense apoiou um projeto chamado
Lar Saudável do Futuro, onde se construiu uma casa com materiais que cumprem as
exigências, não causando danos ao meio ou à saúde. Nos E.U.A., Roger Masters, da
Universidade de Dartmouth, afirma que o ar que respiramos dentro de casa ou
escritório pode provocar doenças e induzir a comportamentos
desajustados.
Esta afirmação baseia-se nos efeitos fisiológicos dos C.O.V.,
pois eles inibem a liberação de serotonina, dopamina (neurotransmissores que
regulam nosso comportamento), causando alterações indesejáveis na saúde, bem
como nos expondo à toxicidade.
Hoje, o número de substâncias voláteis nocivas
é tal qual o número de pessoas que sofrem com alergias. Dos contaminantes
domésticos, temos o benzeno que está presente na fumaça de cigarro, portanto é
uma ameaça à saúde fumar em ambientes fechados, pois estas substâncias não são
dispersadas, além do tetracloroetileno, paradicloro, presentes em produtos de
limpeza, bolinhas antitraças, os solventes presentes em tintas e colas, o
monóxido de carbono expelido pelos escapamentos dos automóveis dentro da
garagem, que é particularmente nocivo aos cardíacos, o clorofórmio dispersado em
banhos quentes etc.
Algumas substâncias são cancerígenas e quem mais sofre
neste contexto são os bebês que absorvem cinco vezes mais poeira que os adultos
e porque ficam mais no chão, próximos a tapetes, mais suscetíveis a acúmulo de
fumaça ou vapores, poeira, lar dos ácaros, e o mofo em móveis e paredes.
Com
esta constatação, cabe a todos buscar solução em materiais que causem menos
impacto à saúde e preocupar-se em quanto e quando se tem ar fresco circulando
pelos ambientes.
Um bom projeto de arquitetura e interiores deve preocupar-se
com estes reais problemas, bem como a orientação de Feng Shui, pois somente
sendo saudáveis é que podemos viver a vida em plenitude.
O projeto deve
dimensionar bem as janelas, bem como localizá-las de formas a criar a efetiva
circulação de ar, buscar a insolação matutina nos quartos, materiais corretos
buscando a qualidade de vida e conservação do meio ambiente.
Algumas dicas
práticas são úteis como preferir tintas à base de água, pisos de cerâmica, que
são fáceis de limpar, madeiras sólidas de boa qualidade, vidro e metal, que são
materiais práticos e não dispersam gases, móveis estofados com capas retiráveis
para lavar, janelas amplas e de boa qualidade, os laminados plásticos, materiais
que receberam acabamento na fábrica etc.
Lembre-se que cuidar do seu lar ou
local de trabalho com este enfoque é proteger a saúde e isto é tão importante
como alimentar-se bem e ter rotina de exercícios físicos. O Feng Shui sabiamente
há milênios já nos recomendava!
Publicação Jornal a Cidade -
dez/05
Maitê Orsi
Designer de interiores da All Design de
Ribeirão Preto
size=1>maiteorsi@uol.com.br