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"Surpresas" na vizinhança tiram sono e paisagem

Foi eterna enquanto durou. Justamente por causa da vista, a advogada Silvia Golin, 25, mudou-se, em 1996, para o seu atual apartamento, no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo): as janelas se abririam para o bairro arborizado.Mas ela não esperava que, "do terreno enorme, com dois galpões", bem em frente ao seu prédio, surgisse uma torre de 13 andares.Confiar cegamente em argumentos de venda é um erro bastante comum de quem está à procura de um imóvel. "Estava em dúvida entre uma unidade no oitavo andar e outra no 12º andar", recorda Golin. "Então o corretor afirmou que, no terreno, seria erguido um prédio de oito andares. Comprei o apartamento mais alto, para não perder a vista."Não adiantou. Depois que ela se mudou, começaram a construir um edifício no lugar dos galpões --só que de 13 pavimentos. "Meu apartamento ficou escuro", lamenta. "Tenho vontade de me mudar, pois, do prédio construído, dá para ver tudo dentro de casa. E, provavelmente, o imóvel perdeu um pouco do valor."Além das aparênciasDar adeus à "vista eterna" não é a única surpresa desagradável depois da entrega das chaves. O que dizer daquela danceteria ruidosa que abre ao lado do condomínio uma semana depois da mudança? Ou da descoberta tardia de que é possível comprar peixe fresco na barraca da feira praticamente sem ter de sair de casa?São problemas só percebidos se houver um estudo minucioso, por parte do cliente, do que costuma estar por trás das aparências ou mesmo do discurso do vendedor. Nesses casos, de acordo com advogados imobiliários, vale mais prevenir do que remediar, uma vez que reclamações posteriores geralmente são infrutíferas."O comprador pode até pleitear uma ação, mas as chances de ganhar são pequenas", alerta Fabio Castejón, 35, profissional especializado em direito urbanístico do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. "Dependendo do caso, dá para buscar uma indenização, porém a rescisão do contrato é muito difícil."Segundo a Fundação Procon-SP, o corretor não é obrigado a saber que uma casa noturna faz barulho ou que será construído um arranha-céu no terreno contíguo. Ele responde só pelas condições em que o imóvel é entregue.Não é o que diz José Augusto Viana Neto, 52, presidente do Creci-SP (conselho de corretores): "O corretor tem de informar se há um projeto que pode tirar a vista".

17 de fevereiro de 2004

Locação apresenta estabilidade no início do ano

O mercado de aluguéis residenciais da cidade de São Paulo apresentou estabilidade nos valores de locação no primeiro mês do ano de 2004, revela pesquisa do Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliárias). A sandagem, feita entre 155 imobiliárias, mostrou que a alta dos aluguéis de dezembro para janeiro foi de 0,2%. Considerando os últimos doze meses terminados em janeiro, a Pesquisa Mensal de Valores de Locação Residencial apontou que os aluguéis subiram 5,5%, variação ainda inferior mas próxima à observada nos índices inflacionários nesse mesmo período (o IGP-M foi de 7,2%, o IPC/Fipe, de 6,5% e o IGP-DI, de 6,2%).O Secovi-SP verificou, porém, comportamento distinto quando analisados os dados classificados por número de dormitórios. No segmento de unidades de um quarto, os aluguéis de janeiro foram semelhantes aos de dezembro, enquanto nas moradias de dois ou mais dormitórios os valores apresentaram crescimento em torno da média geral de 0,2%.O desempenho das empresas da amostra consultada foi melhor no início deste ano do que a performance do final de 2003. Para 44% das imobiliárias, o volume locado foi maior em janeiro de 2004 em relação a dezembro.Demanda maior por casas"Esse resultado", ressalta Sergio Luiz Abrantes Lembi, vice-presidente de Locação do Secovi-SP, "é fruto do bom escoamento das casas: 41% dos entrevistados declararam que a quantidade alugada desse tipo de imóvel aumentou neste início de ano".Eliane Sanches Queiroz, sócia-proprietária da Queiroz Imobiliária, que atua há nove anos em bairros da zona norte, confirma os resultados da pesquisa: "A procura por casas realmente esteve bem acelerada em janeiro. Já no final de dezembro essa demanda podia ser notada".Para Eliane, o crescente interesse por este tipo de moradia tem a ver, entre outros fatores, com a crise motivada pelo desemprego. "Tem muita gente voltando a morar com pai, mãe ou outros parentes por falta de dinheiro. Aí surge a necessidade de sair de uma casa pequena para outra maior."José de Araújo da Silva, proprietário da Consi-Lar Imobiliária, empresa que opera em bairros da zona oeste, também diz que o mercado de locação de casas, em janeiro, apresentou sensível evolução."Na minha empresa, 80% da procura por locação tem sido por casas", afirma Silva. Ele diz que a oferta deste tipo de moradia não vem acompanhando o crescimento da demanda. "Se eu tivesse casas para alugar, faria de dez a quinze negócios por dia", diz.Apartamentos Se a procura por casas cresceu, o mesmo não aconteceu com os apartamentos. As respostas mais freqüentes das imobiliárias (45%) que participaram do estudo do Secovi-SP apontaram estabilidade no número de unidades desse tipo locadas nesse período.Essa situação afetou a oferta, que também manteve-se no mesmo patamar do de dezembro do ano passado, segundo a maior parte das empresas consultadas (58%).

17 de fevereiro de 2004

Lei permite fechar rua ao criar condomínio em SP

O número de condomínios fechados poderá se multiplicar na cidade de São Paulo a partir de agora. Um projeto do vereador Milton Leite (PMDB), sancionado pela prefeita Marta Suplicy (PT), autoriza o fechamento de ruas para a criação desses condomínios, desde que as vias sejam de uso estritamente local (sem ligação com ruas importantes). Hoje, só ruas sem saída podem ser fechadas, segundo especialistas ouvidos pela Folha.A autorização para a criação dos condomínios, com o fechamento das ruas por meio de cancelas e guaritas, depende da aprovação da prefeitura e do apoio de todos os moradores da área. O texto original previa que o apoio de 70% já era suficiente, mas a prefeita vetou essa parte do projeto.A prefeitura tem 60 dias para regulamentar a lei, ou seja, definir como será o processo de fechamento de ruas.O principal argumento em favor da criação desses condomínios é o da segurança. Para os defensores da idéia, a possibilidade de fechar a rua e restringir o tráfego é um mecanismo de combate à violência. Como diz o próprio Milton Leite, "a iniciativa visa dar segurança às pessoas que temem a violência na cidade".Por trás da criação do projeto está a questão específica da Chácara Flora, na zona sul, região de Santo Amaro.A criação de condomínios divide urbanistas consultados pela Folha. A questão da segurança está presente em todos os discursos, mas é nas conseqüências para a cidade que surge a divisão.Para a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Suzana Pasternak, o fechamento de ruas "é muito ruim em termos urbanísticos, porque a cidade tem de ter espaços públicos". A arquiteta diz que, como moradora de São Paulo, entende os argumentos a favor dos condomínios, mas diz que, como urbanista, é "violentamente contra".O vereador Nabil Bonduki (PT), que votou contra o projeto, diz que o texto "dá margem à possibilidade de privatização das ruas", ao permitir o fechamento de vias já existentes. Para o petista, não haveria problemas se o texto se limitasse apenas às novas ruas.Já o arquiteto Cândido Malta, do Defenda São Paulo, é totalmente favorável à idéia. Segundo ele, "o que é chamado de privatização é, na verdade, o contrário, porque é a volta do uso público da rua pelos seus moradores".Malta conta que, quando fez mestrado em Berkeley, nos Estados Unidos, de 1970 a 1972, tomou contato com esse tipo de processo urbanístico. "É uma tendência mundial."

17 de fevereiro de 2004

Prefeitura quer vender mais imóveis para pagar dívidas

Evandro SpinelliA Prefeitura de Ribeirão Preto planeja vender mais imóveis públicos neste ano para conseguir quitar suas dívidas. No total, a administração prevê que a alienação desses bens renda para os cofres públicos cerca de R$ 10 milhões. A prefeitura tem vários imóveis espalhados por toda a cidade que podem ser de interesse do mercado imobiliário. Ainda não foram definidos quais serão colocados à venda, mas é certo que essa operação deve ocorrer ainda no primeiro semestre.Um dos imóveis que entrarão nessa operação será o prédio onde fica a sede do Sassom (Serviço de Assistência à Saúde dos Municipiários), na esquina das ruas Barão do Amazonas e Mariana Junqueira, no Centro.De acordo com o secretário da Fazenda, José Carlos Sica Calixto, o prédio será repassado ao próprio Sassom em troca de uma parte da dívida de R$ 15,4 milhões que a prefeitura tem com o órgão. “Assim acaba com essa história de que o prefeito vai fechar o Sassom”, afirma Sica Calixto.O superintendente do Sassom, Atílio Rossi, diz que ainda não foi informado sobre o possível entrega do imóvel. “Só ouvi falar. Você é a segunda pessoa que me pergunta isso. Ainda não sei de nada oficialmente, mas são eles [a prefeitura] que decidem”, comentou. O cargo de superintendente é de livre escolha do prefeito.O prefeito Gilberto Maggioni (PT) está preocupado com a dívida que a administração direta possui com o Sassom porque cerca de R$ 8 milhões foram gerados em sua própria gestão. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, nenhum prefeito pode gerar dívidas que não possa quitá-las dentro de seu próprio mandato. A pena para o descumprimento desse item é a prisão.Com o repasse do imóvel para o Sassom, parte disso será abatido e o restante poderá ser parcelado, com pagamentos mensais até o final deste ano. O imóvel vale cerca de R$ 2,5 milhões, de acordo com corretores consultados pela reportagem.Com a venda de terrenos públicos, a prefeitura espera obter caixa para realizar obras neste último ano de mandato de Maggioni, que será candidato à reeleição. A LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) determina que todo o dinheiro obtido com a venda de bens –chamada tecnicamente de receitas de capital– só poderá ser usado em obras que resultem em patrimônio para a administração –despesas de capital.Sica Calixto afirma que a prefeitura buscará a alternativa de obter receita com a venda de ativos para que não haja déficit neste ano. De acordo com o secretário da Fazenda, a prefeitura tem um déficit estrutural de R$ 50 milhões por ano. Isso significa que se entrasse no caixa da administração apenas as receitas correntes resultantes do recebimento de impostos e do repasse constitucional de verbas da União e do Estado, a prefeitura fecharia o ano acumulando mais R$ 50 milhões em dívidas.Têm de ser feitos dois movimentos, na opinião do secretário, para solucionar definitivamente esse problema. O primeiro é cuidar de elevar a receita própria, aquele dinheiro que é arrecadado com os impostos municipais, principalmente o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e com o ISS (Imposto Sobre Serviços). A outra ação é reduzir as despesas correntes, como aluguéis.Só que, para reduzir as despesas, Sica Calixto acredita serem necessários investimentos. Por isso a decisão de vender patrimônio.A prática de se desfazer de patrimônio para resolver o seu problema financeiro não é nova na prefeitura. Começou em 1995, quando o então prefeito Antônio Palocci Filho (PT), atual ministro da Fazenda, resolveu abrir o capital da Ceterp (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto S.A.). Entraram cerca de R$ 50 milhões no caixa que foram gastos em obras em 1996, ano de campanha eleitoral.O sucessor de Palocci, o tucano Luiz Roberto Jábali, fez o mesmo. Vendeu o restante da Ceterp e recebeu R$ 208 milhões. A maior parte desse dinheiro foi gasta em 2000, ano eleitoral, também em obras. Jábali também quitou dívidas antigas com funcionários, como licenças-prêmio.O secretário da Fazenda criticou o fato de que, com esse dinheiro em caixa, o desequilíbrio financeiro da prefeitura tenha permanecido. “Quando acabou a Ceterp ninguém se preocupou em acabar com o déficit estrutura de R$ 50 milhões.”Palocci voltou à prefeitura em 2001 e não vendeu nenhum patrimônio. Em compensação, renunciou ao cargo em 2002 deixando de herança para Maggioni, seu sucessor e afilhado político, um déficit de R$ 57 milhões.No ano passado, na iminência de fechar o ano com um déficit de R$ 58 milhões, conforme apontado pelo economista Alberto Borges Matias, Maggioni vendeu para o IPM (Instituto de Previdência dos Municipiários) um terreno na avenida Treze de Maio por R$ 16,9 milhões. Somando isso ao que conseguiu receber concedendo anistia de juros e multas a contribuintes inadimplentes e à redução de despesas comandadas pela Casa Civil, conseguiu terminar 2002 “só” com R$ 16,5 milhões de déficit.Para Sica Calixto, é até bom para a prefeitura se desfazer de seus imóveis. “Terreno público abandonado só serve para duas coisas: para vender ou para ser invadido.”Receitas extrasAlém de buscar receita com a venda de terrenos, Gilberto Maggioni também quer ter de volta um dinheiro que, segundo a prefeitura, está parado no governo federal.Esses recursos seriam referentes a compensações a que a prefeitura tem direito por assumir a aposentadoria de servidores municipais a serem pagas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e pela Caixa Econômica Federal, por meio do PIS/Pasep. A administração municipal ainda acredita ter direito de receber recursos do salário-educação.Se esse dinheiro virá ou não, nem mesmo a prefeitura sabe, mas aposta nisso. Tanto é que contratou a Fundação Getúlio Vargas para cuidar do assunto. O contrato com o órgão, de acordo com o secretário da Administração, José Rita Moreira, é “de risco”.“Eles só recebem se conseguirem recuperar algum dinheiro”, afirmou. A FGV recebe uma comissão de 3% pelo que conseguir trazer para a prefeitura. “Eles já trouxeram mais ou menos R$ 1 milhão do PIS/Pasep e tem muito mais lá.”Sica Calixto afirma que, neste ano, a prefeitura não concederá novas isenções para os contribuintes inadimplentes com o objetivo de elevar sua receita. Segundo ele, as únicas medidas adotadas para aumentar o caixa da administração será essa busca de recursos dos governos estadual e federal.

06 de fevereiro de 2004

Famílias deixam acampamento do MST

Nicola TornatoreSeis meses após sua instalação em Ribeirão Preto, o acampamento do MST (Movimento dos Sem-terra) aguarda a prometida indicação pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de uma área para a montagem de um acampamento definitivo ao mesmo tempo em que assiste a uma debandada de famílias que estão desistindo do sonho de ganhar um lote de terra.Quando técnicos do Incra estiveram em Ribeirão Preto para o cadastro das famílias então instaladas no sítio Braghetto, em fins de agosto do ano passado, a contagem indicou a presença de 427 famílias. Seis meses depois, são menos de 300 as famílias acampadas. “As dificuldades do dia-a-dia fizeram com que muitas famílias deixassem o acampamento”, explica Sirlei Moreira, 34 anos, militante do MST e membro da coordenação do acampamento “Mário Lago”, agora localizado numa área da Prefeitura no Parque dos Flamboyants, na zona leste da cidade.Quando da invasão do sítio Braghetto, em 2 de agosto de 2003, cerca de 20% das famílias que participaram da montagem das primeiras barracas tinha origem em cidades da região, onde o MST realizou reuniões preparatórias, arregimentando pessoas dispostas a participar da luta pela terra. O acampamento foi montado no sítio Braghetto, ao lado da fazenda da Barra, que com seus 1.600 hectares é o verdadeiro alvo do MST. Nos primeiros dias as informações do próprio movimento davam conta que o processo de desapropriação da fazenda estava bastante adiantado e que o decreto de desapropriação para fins de reforma agrária seria publicado pelo governo federal em poucos dias.A perspectiva de conseguir, em pouco tempo, um lote de terra atraiu o acampamento mais famílias, principalmente as compostas por trabalhadores rurais que perderam o emprego no campo e se transformaram em favelados urbanos, sobrevivendo de bicos. Em fins de agosto o MST decidiu “fechar” o acampamento – ou seja, a partir daquela data não foram mais aceitas novas famílias.As informações de que o processo de desapropriação da fazenda Barra estava adiantado, porém, não procediam. O MST não tinha conhecimento de uma liminar que os proprietários (Robeca Participações e I.C.I. Participações) da fazenda haviam obtido no TRF (Tribunal Regional Federal), suspendendo o processo de desapropriação.PressãoAo constatar que a desapropriação da fazenda da Barra não seria alcançada em curto prazo, o MST começou a se mobilizar para conseguir um novo local para o acampamento, uma vez que já havia sido assinado, na Justiça, um acordo para que as famílias deixassem o sítio Braghetto até 10 de dezembro. Numa ação ousada e destinada a pressionar o Poder Público, os sem-terra invadiram em 20 de novembro o parque “Maurílio Biagi”, onde fica o prédio da Câmara Municipal. Ao redor do novo acampamento foram penduradas faixas com críticas ao ex-prefeito e ministro da Fazenda Antonio Palocci. Uma semana depois a Prefeitura Municipal autorizou o acampamento a se instalar numa área localizado no Parque dos Flamboyants, em meio a criticas de moradores do bairro, temerosos de que o acampamento se transforme numa favela e nunca mais deixe o terreno, reservado originalmente para a implantação de uma praça pública.“Quando os técnicos do Incra estiveram aqui em Ribeirão Preto eles pediram um prazo de seis meses para nos indicar uma área alternativa, onde possamos montar um acampamento definitivo enquanto esperamos pela desapropriação da fazenda da Barra. Esse prazo de seis meses termina agora, no final do mês”, informa Sirlei Moreira. Até agora a superintendência estadual do Incra em São Paulo não se manifestou oficialmente. O coordenador do acampamento “Mário Lago”, Edivar Lavratti, membro da direção estadual do MST, está em Brasília e não foi encontrado pela reportagem.Ocupação tem segurança 24 horas e restrições ao álcoolMontado atualmente num terreno da Prefeitura no Parque dos Flamboyants, o acampamento do MST em Ribeirão Preto foi batizado de “Mário Lago” em homenagem ao falecido ator, compositor e militante da esquerda. As normas de funcionamento interno são das mais rígidas, e em alguns momentos chegam a lembrar regras militares. A segurança é 24 horas, em esquema de revezamento, e foi montada até uma guarita, para proteger os “vigias” em dias de chuva. Apesar do receio dos moradores do bairro, que temem a desvalorização de seus imóveis caso o acampamento demore para deixar o local, até a presidente da associação de moradores, Maria Ferreira de Souza, reconhece que a segurança nas imediações do acampamento melhorou muito. “Depois das dez da noite as pessoas tinham medo de andar pelas ruas. Agora até minha filha chega de ônibus à meia-noite despreocupada, já que eles têm um esquema de segurança 24 horas”, comenta Maria Souza.Internamente o acampamento é dividido em núcleos de 20 famílias cada. Cada núcleo tem o seu encarregado e regras gerais a serem seguidas. O consumo de bebidas alcoólicas é controlado e uma espécie de “toque de recolher” informal vigora às 23h – a partir desse horário ninguém pode, por exemplo, ouvir música em alto volume.Os barracos, que inicialmente eram quase todos feitos de plástico preto, vem sendo melhorados, na medida em que o tempo passa e as famílias constatam que a espera será maior do que a imaginada. Hoje os barracos cobertos por plástico preto já são minoria – a maior parte é de placas de madeira compensada e mesmo chapas de zinco. Alguns barracos já têm portas e janelas e até piso cimentado. Foram construídas fossas sépticas e quase todas as famílias plantam alguma coisa, aproveitando a estação das chuvas. Hortas, milho e até feijão-de-vara podem ser encontrados por todo o acampamento. Também são muitas as criações da galinha.Sirlei Moreira, da coordenação do acampamento, informa ainda que o MST exige que de todas os candidatos a um lote de terra que apresentem atestado de antecedentes criminais. “Quem deve algo para a Justiça não tem como ficar em nosso meio”, resume Moreira.

06 de fevereiro de 2004

Relator é contra hidrômetro individual em apartamentos

O deputado federal Ronaldo Vasconcellos (PTB-MG), relator do projeto de lei 1755/03, que prevê a individualização dos hidrômetros entre as unidades habitacionais de um edifício, apresentou parecer pela rejeição do PL na Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior.Vasconcellos alega que o assunto é de competência municipal e aponta dificuldades técnicas para a instalação dos hidrômetros individuais. "A medida acarretará maior complexidade e custo das instalações, limitará o emprego de aparelhos que exigem grande pressão de água e impedirá a utilização de aquecedores centrais", afirma.Atualmente, o consumo de água em edifícios é aferido em hidrômetro único.O PL que tramita na Câmara é de autoria do deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA). De acordo com a proposta, os projetos de construção de novos edifícios devem prever a instalação dos equipamentos necessários à medição do consumo individual.Os edifícios já existentes teriam prazo de cinco anos para fazer a adaptação.Madeira argumenta que o rateio das despesas de água entre todos os moradores do edifício, através da taxa de condomínio, é injusto em relação aos que consomem menos. Além disso, na opinião do deputado, o rateio estimula o desperdício de água, já que qualquer tipo de excesso é diluído na conta comum.Segundo Sebastião Madeira, a medição individual é usada em países como Itália e Alemanha. No Brasil, a medida vem sendo adotada em Pernambuco, onde o consumo nos edifícios com hidrômetros individuais caiu em até 25%."Esse sistema permitirá a economia de bilhões de litros de água potável e de centenas de milhões de reais nas despesas dos prédios com contas de água", justifica o parlamentar. A matéria, que tramita em regime conclusivo, ainda será apreciada pelas comissões de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias; e de Constituição e Justiça e de Redação. Se aprovada, segue para o Senado.

06 de fevereiro de 2004

Projeto proíbe penhora de bens de fiador de aluguel

A penhora de bens de família por obrigações como fiador em contrato de aluguel pode ser proibida. É o que defende o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que apresentou à Câmara o projeto de lei 1458/03 sobre o assunto.De acordo com o autor da proposta, o projeto pretende corrigir uma injustiça, já que hoje o bem do locatário está protegido, mas não o do seu fiador."É razoável penhorar o único imóvel de uma família onde residam, em decorrência de uma dívida contraída por terceiro? É compatível com o ideal de justiça proteger o bem do locatário e não o do fiador?", questiona o parlamentar.O projeto tramita em conjunto com o PL 4728/98, do ex-deputado José Machado, que proíbe o oferecimento do único imóvel, que serve de abrigo à família do fiador, como garantia de aluguel.Tramitam apensados a este outros cinco projetos sobre o mesmo assunto.Todas as propostas estão na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, a penúltima na escala da Câmara. A comissão designou como relator da matéria o deputado Jairo Carneiro (PFL-BA).Mas, se a matéria for aprovada, pode seguir para o Senado sem passar pelo plenário da Câmara, o último "estágio". Os deputados só devem apreciar o assunto se houver recurso de parlamentares com esse objetivo.

05 de fevereiro de 2004

Aluguel na praia mais caro durante Carnaval

Novamente, o aluguel de imóvel na praia durante o Carnaval vai custar mais que nas férias de verão, mostra pesquisa feita pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) com 129 imobiliárias de 12 cidades do litoral. A diferença chega a 39,46% no caso de apartamentos de três dormitórios situados nos municípios do litoral central, como Guarujá e Santos.Em janeiro, o aluguel médio de um apartamento desse tipo custava R$ 210 por dia. Agora, os proprietários estão pedindo R$ 292,86. "É normal essa variação, pois a procura sempre cresce nas temporadas de Carnaval", explica o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto.Segundo ele, "a oferta de imóveis por locação, porém, é muito grande e variada e quem pesquisar certamente vai encontrar uma casa ou apartamento que lhe agrade e a um valor justo".A pesquisa do conselho de corretores divide o litoral em três regiões --sul, norte e centro-- e ouve as imobiliárias credenciadas nessas cidades.Segundo os dados apurados, é na região sul --formada por cidades como Itanhaém e Peruíbe-- que está o aluguel mais barato. Os proprietários locais pedem em média R$ 78,33 pela diária do apartamento tipo quitinete. Já a diária mais cara encontrada pela pesquisa foi a de casas de quatro dormitórios no litoral norte (onde estão Ubatuba e Caraguatatuba). Ali, são cobrados R$ 557,14 em média por dia.OscilaçõesA pesquisa revelou ainda que as variações de valores da temporada de janeiro e para o Carnaval variam de 13%, 17% a 29%, conforme o tipo de imóvel e a localização. Há casos de oscilações mais comedidas, como a de 5,24% para as casas de três dormitórios no litoral norte e de 3,29% para as de quatro quartos nas praias do centro.Em compensação, quem procurar por um apartamento de um dormitório nas praias do norte poderá encontrar opções por valor de locação semelhante ao de janeiro, quando foram alugados por R$ 101 em média. Para o período de 21 a 24 de fevereiro, os proprietários agora pedem R$ 102, uma alta de 0,99%.

05 de fevereiro de 2004

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