As novas regras para oferta de seguro habitacional entraram em vigor ontem, mas os primeiros resultados no bolso dos consumidores só devem aparecer no período de seis meses a um ano. Os benefícios podem vir em forma de barateamento ou da inclusão coberturas alternativas. Por enquanto, a maior diferença pode estar na pesquisa de preços.
Pela determinação do Banco Central e da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a partir de agora, no momento da contratação de um financiamento imobiliário os bancos devem oferecer aos contratantes ao menos duas alternativas de seguro habitacional (que entra no valor da prestação): a própria e a de uma seguradora na qual a instituição não tenha participação. Além destas duas, o consumidor pode pesquisar outras alternativas e ficar com a que mais interessar.
Na avaliação de Armando Virgílio, superintendente da Susep, as novas regras devem baixar para 2% a representação do seguro habitacional na prestação da casa própria. Hoje, afirma ele, 10% do total da parcela mensal corresponde ao seguro. “Conforme a idade do mutuário a equivalência pode chegar a 20%”, diz Virgílio. O seguro habitacional, incluído nas prestações mensais da compra de imóveis novos ou usados, deve cobrir obrigatoriamente danos físicos do imóvel (DFI), como enchentes e explosões, e morte ou invalidez permanente (MIP) do mutuário principal, o que quita automaticamente o saldo devedor do financiamento.
Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), acredita que as mudanças no produto irão estimular a concorrência no mercado, mas os resultados não serão imediatos. Santos afirma que só haverá novidades à medida em que as seguradoras sentirem que o mercado seja terreno fértil para suas ofertas. “Acredito que os progressos apareçam dentro de um ano ou algo assim”, avalia.
Santos afirma que não necessariamente a evolução do mercado para o seguro habitacional se dará sob a forma de redução de preços. “Outra maneira de atrair consumidores é oferecer coberturas adicionais às obrigatórias”, diz. O diretor da Faap fala, por exemplo, de alguma garantia para perda da renda ou assistência a outro bem do contratante.
Santos afirma que a atuação do consumidor na pesquisa de preços será fundamental para que o novo mercado cresça. Ele lembra que os interessados devem verificar, além dos preços, as coberturas e ?principalmente? as exclusões, isto é, quando a cobertura não pode ser reivindicada. ?O melhor é procurar a ajuda de corretores que conheçam o mercado?, indica.
Leoncio Arruda, presidente do Sindicato dos Corretores do Estado de São Paulo (Sincor-SP), afirma que se as regras forem seguidas à risca o mercado tem tudo para avançar. ?Se as instituições não forçarem os consumidores a aceitarem suas propostas de seguro como condição para o financiamento as novas regras terão êxito?, observa.
Arruda também não crê em queda de preços a curto prazo, uma vez que o mercado terá um tempo de maturação, mas avalia que dentro de seis meses pode haver novidades que beneficiem, inclusive, o bolso dos futuros mutuários. O presidente do Sincor-SP recomenda que no momento da pesquisa de um produto que se molde a suas necessidades, o consumidor busque corretores para ajudá-lo.
PARCERIAS - As regras entraram em vigor ontem, mas algumas instituições financeiras já anunciaram parcerias com seguradoras para oferecer aos consumidores novas alternativas de seguro habitacional.
O Bradesco fez parceria com a Aliança do Brasil, empresa que conta com a participação do Banco do Brasil. Aos interessados que procurarem o banco em busca de crédito imobiliário serão oferecidos produtos da Aliança e da Bradesco Seguros. O grupo Santander firmou parceria com a Tokio Marine, que também atuará ao lado do banco Itaú.
A Caixa Econômica Federal, que detém cerca de 70% do mercado de seguro habitacional, por ser também a principal agente de crédito imobiliário no País, firmou parceria com a Sulamerica Seguros. A exemplo do Bradesco e do Santander, o site da Caixa já conta com simuladores adaptados às novas regras, que permitem aos interessados verificarem valores de financiamentos com produtos das parceiras. No caso da Caixa, o valor do seguro oferecido pela Sulamerica é menor que o da Caixa Seguros, braço da empresa para o mercado securitário. Procurada para comentar o preço maior, a Caixa não se manifestou.
No caso dos outros bancos, seus valores são menores que os oferecidos pelas seguradoras parceiras.
Jornal da Tarde 19-02-10