EDSON VALENTEA participação do consórcio no plano de quem vai comprar um imóvel cresceu 13% nos últimos cinco anos, na comparação com o financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), segundo dados do Banco Central.As duas formas de compra atraem públicos com objetivos diferentes. Quem tem pressa para se mudar escolhe o financiamento, a não ser que tenha capital para dar um lance no consórcio e obter o crédito nos primeiros meses.O que pesa a favor do consórcio é que, em alguns casos, gasta-se menos com encargos financeiros do que quando se contrata um financiamento no banco. Por outro lado, o comprador pode esperar anos pelo crédito.O consorciado depende da sorte para não receber o dinheiro apenas no fim do prazo. "Se for sorteado muito tarde, será a pior poupança de sua vida", crava Roy Martelanc, 44, professor de administração financeira da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. "Se der um lance ou for sorteado logo, equivalerá ao melhor dos financiamentos."João Crestana, 51, vice-presidente de incorporação imobiliária do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias), lembra que, na hora de escolher a forma de aquisição, é preciso pesar uma eventual despesa de aluguel.Nessa lógica, quem mais busca consórcio é a classe média. "Ela consegue pagar o aluguel e a parcela. Classes mais baixas não, por isso partem para o financiamento bancário", diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac."O consórcio é muito usado para a aquisição do segundo imóvel e da casa na praia", adiciona.
11 de abril de 2006
EDSON VALENTE A mais temida vilã de quem pretende financiar um imóvel --a alta taxa de juros do crédito bancário-- começa, aos poucos, a parecer menos ameaçadora. Segundo economistas e os próprios bancos, ela seguirá em queda graças ao baixo índice de inflação registrado neste ano e à concorrência acirrada entre os bancos.Desde o ano passado, o valor dos juros diminui, enquanto o montante de dinheiro destinado à compra de imóveis aumenta."Vamos entrar em um momento de quedas mais acentuadas e de maior facilidade na obtenção de crédito", afirma o economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade)."Com inflação baixa, os bancos terão competição acirrada na disputa pelo cliente. Chegaremos a taxas de 8% ou 9% ao ano para todo o período de financiamento, e não só para os três primeiros anos [como planos do HSBC, Nossa Caixa e Unibanco já oferecem]."Oliveira prevê que "o grosso" das melhorias despontará em 2007. "Quem puder deve esperar o ano que vem para financiar."O vice-presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), Keyler Carvalho Rocha, 66, diz concordar que as taxas vão diminuir --"ainda são elevadas"--, mas recomenda que o compasso de adiamento seja ponderado com outros fatores."Se esperar muito, não vai comprar nunca, pois todo ano as taxas cairão mais um pouco", avalia. "E o preço do imóvel pode subir."Mais dinheiroOutra boa notícia é que, a cada ano, aumenta o montante disponível para crédito imobiliário.Os empréstimos concedidos utilizando recursos da poupança, para construtoras e mutuários --que abocanham a maior fatia-, cresceram 60% de 2004 a 2005: de R$ 3 bilhões para R$ 4,79 bilhões, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário).Em 2006, o ritmo é o mesmo. No primeiro bimestre, essas aplicações somaram R$ 948,6 milhões, 84% a mais que nos dois primeiros meses de 2005.Carlos Eduardo Duarte Fleury, 47, superintendente-geral da Abecip, lembra que o primeiro bimestre é desaquecido para os negócios imobiliários e que a meta de aplicar R$ 8,65 bilhões com recursos de poupança neste ano deverá ser cumprida. Os bancos precisam empregar 65% desse tipo de recurso em crédito imobiliário.A fome para financiar, forma de vínculo de longo prazo com o cliente, reflete-se em taxas menores e novas linhas de crédito.Assim, os bancos passam a ampliar as faixas de preço abarcadas pelas melhores condições de crédito. "Os privados estão chegando perto dos valores mais baixos viabilizados pela Caixa [Econômica Federal], no patamar de R$ 40 mil ou R$ 50 mil", dimensiona João Crestana, 51, vice-presidente de incorporação imobiliária do Secovi-SP (sindicato da habitação).Obstáculos da classe médiaHoje, o valor médio do imóvel financiado pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), de R$ 80 mil, está bem distante do preço médio do adquirido por consórcio (R$ 54 mil), outra opção muito procurada pela classe média e que tem crescido mais que o financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação).A classe média, por sinal, é o grande público-alvo dos bancos privados hoje, na percepção de Oliveira. Ainda há, porém, obstáculos a serem transpostos para que o dinheiro chegue mais facilmente ao comprador.Para Luiz Antonio Rodrigues, 62, diretor de crédito imobiliário do Itaú, o mais árduo deles é o comprometimento de renda."O cliente tem pouco capital para a entrada, e o percentual de financiamento do valor do imóvel ainda não aumentou."
11 de abril de 2006
Houve um tempo em que o anel viário delimitava a área urbana de Ribeirão Preto. Ali terminava a cidade. E começava a zona rural.Aliás, depois do anel viário iniciava-se, num comprimento de dois quilômetros mais ou menos, a área de expansão urbana. Mas isto foi no passado. Hoje é diferente. A cidade desrespeita o anel viário, antiga linha perimétrica urbana. E prossegue depois dele. Vale dizer: é cidade mesmo depois de se ultrapassar a linha que separa a zona urbana da zona rural.E não é de hoje que isto acontece. O primeiro bairro a extravasar o anel viário, avançando sobre a zona de expansão urbana e adentrando ao que, então, era zona rural, foi a Vila Abranches. Isto no começo dos anos sessenta do século XX. Depois outros bairros imitaram a Vila Abranches. E continuam imitando, sempre recebendo investimentos que se traduzem em compras de terrenos e, depois, em construção de imóveis para diversos fins.A cidade cresce além da via Anhanguera e praticamente transforma esta rodovia em artéria urbana.Um passeio de automóvel pelo anel viário mostra este crescimento, expansão de loteamentos por trás dos quais se percebe a retomada dos investimentos em terrenos recentemente incorporados à paisagem urbana de Ribeirão Preto.Os terrenos postos à vista de quem presta atenção mostram uma modalidade de aplicação de capitais, de recursos financeiros. Evidenciam uma modalidade de investimento, exatamente a mais conservadora. Mas indicam também a expectativa de aplicação na indústria da construção civil, exatamente quando sobre o terreno iniciar-se a edificação de casa, de salão, de edifícios, de galpões para indústria, etc.Ribeirão Preto, dentro de pouco tempo, carecerá de novos limites que definam o espaço urbano e o espaço rural. É que atualmente há muito imóvel na área de expansão urbana - já invadindo o perímetro rural - sendo construção característica de cidade. Antônio Vicente Golfeto
09 de abril de 2006
Renata Fávaro desejava mudar um pouco a sua casa, separar as salas de estar e jantar, que eram integradas no apartamento de três dormitórios. “Queria dividir o espaço, mas sem fechá-lo totalmente”, relembra. A solução surgiu com a proposta do decorador de colocar uma divisória em cortina. Renata, que era casada na época, comenta que o marido resistiu à idéia, mas acabou aprovando o resultado. “Ficou funcional e charmoso”, conclui.O decorador Vinícius de Mello optou por uma cortina em tear nordestino, por ser vazado e dar uma sensação de leveza, deixando passar a luz da varanda. Além de ser rústica e combinar com o perfil da Renata.Versatilidade Para Mello, as divisórias são uma tendência na decoração, tanto em ambientes amplos quanto compactos, pois elas dão flexibilidade ao ambiente.“Quanto menos rígido for o espaço, mais atual e mais bem aproveitado ele será”, comenta. O decorador explica ainda que o uso de divisórias favorece a circulação, a iluminação e a ventilação nos ambientes.Amplos ou compactosNos apartamentos compactos, usar uma divisória pode solucionar o espaço e aumentar a funcionalidade. Uma parede rígida pode se tornar um impedimento, restringindo o uso e comprometendo a liberdade. Já as divisórias podem decorar, acomodar e guardar objetos. Vinícius cita o exemplo de uma divisória de madeira colocada em uma cozinha. De um lado a peça servia como nicho de potes de bolachas e do outro, abrigava um porta correspondências. Em espaços pequenos vãos inúteis podem ser transformados em divisórias funcionais. Já em locais amplos as divisórias integram os ambientes com a sensação de aconchego. As pessoas, apesar de separadas, conseguem se visualizar. Uma solução criativa e bonita, que vem sendo usada tanto em espaços residenciais, quanto comerciais. OFERTA Opções variadas conforme o perfil de cada um Com rodíziosOs rodízios hoje são peças coringa nas divisórias. Com os rodízios, elas apresentam uma flexibilidade maior e podem ser posicionadas de acordo com o uso e a ocasião.FixasNa maioria das vezes é usado o gesso acartonado, o gesso convencional, a madeira ou vidro. “O vidro sendo muito utilizado, devido ao seu efeito de transparência. Ele pode ser semitranslúcido ou translúcido de acordo com o local. Uma excelente solução é mesclá-lo com madeira”, comenta o decorador Vinícius de Mello. Uma opção moderna e contemporânea.RústicasAs fibras naturais entram como principal matéria-prima. Málaca, Junco, Ratan, Palha de Buriti, Takê. Combinam perfeitamente com pessoas despojadas.PainéisEles podem ser confeccionados em madeira, alumínio e tecidos. Geralmente feitos sob encomenda de acordo com o espaço em que será aplicado.Cortinas Na escolha do tecido é possível passear por vários países. Aqui entram as cortinas marroquinas, as indianas. Os Saris Orientais dão um toque especial ao ambiente. “No oriente eles são usados como vestimenta e no ocidente o Sari ganhou face de divisória” explica o decorador Vinícius. Ainda existem os móbiles de pedraria, em moda no momento.VegetaisUma opção criativa para espaços abertos, áreas externas e de lazer. Eucaliptos, bambus e coqueirinhos podem formar uma cerca viva. Apesar de todas essas opções muitas pessoas, inicialmente, ainda resistem ao uso de divisórias em suas casas. Mas são conquistadas pela beleza, funcionalidade e praticidade do resultado. OPÇÕES - Com tantas opções você pode escolher a divisória de acordo com o gosto pessoal o ambiente e o seu bolso. Dependendo do material, do tamanho e do designer da peça, elas podem variar de R$ 300 a R$ 6.000. Algumas encontradas em antiquários ou assinadas por artistas podem superar este valores. Para um ambiente despojado, a cortina de bambu com pedrarias é perfeita, como a da foto. BIOMBOS - Você é o tipo de pessoa que, vez por outra, gosta de mudar a decoração? Um biombo pode ajudá-lo nesta tarefa. Eles são mutáveis e se adaptam a vários ambientes. Os biombos nasceram no antigo oriente, para protegerem do frio. Hoje são objetos de desejo, acessórios que decoram e dividem ambientes. Apesar da sua origem oriental, eles foram absorvidos pela cultura ocidental. Podem ser feitos dos mais diversos materiais, e em suas folhas podem vim estampadas até histórias de civilizações. Clássicos, rústicos, de tecidos, de madeira ou de fibras naturais, os biombos separam espaços sem perder a integração. O biombo na foto ao lado é uma peça antiga e clássica, dos anos 40. Era de uma família tradicional de Ribeirão Preto, e foi adquirido por uma loja em um leilão. Jornal A Cidade - 09/04/2006 - Valeska Mateus
09 de abril de 2006
Higienópolis, região central de Ribeirão, concentra bares, lojas de arte e arquitetos e possui ‘âncora’ na praça 7 Ribeirão tem a sua Vila Madalena. Reduto de diversidade cultural e boemia, o charmoso bairro de Higienópolis é efervescente em todos os períodos do dia. Reúne arquitetos, artistas, ateliês, lojas de decoração e artesanato, escolas de arte, bares, restaurantes e até tribos menos convencionais, como idosos e gays, em um mesmo espaço. Localizado na região central da cidade, o bairro tem como “âncora” a praça 7 de Setembro, que também ficou conhecida por reunir artistas nos finais de semana. A Vila Madalena, em São Paulo, concentra bares, ateliês e casas noturnas. Em um dos cruzamentos do Higienópolis a comparação é inevitável. Dos quatro imóveis na esquina das ruas Prudente de Moraes com Floriano Peixoto, três abrigam bares. O Higienópolis é o sexto dos bairros da série que a Gazeta apresenta em comemoração aos 150 anos de Ribeirão, dia 19 de junho. A comerciante e socióloga Maria Conceição Spinelli, 48, conta que se mudou de São Paulo para Ribeirão em busca de uma vida tranqüila para sua família. Quando chegou aqui disse ter procurado por um bairro que se parecesse com a capital. "Quando encontrei esse lugar fervilhando de gente diferente tive certeza de que aqui seria a minha morada. Olho ao redor e vejo um ambiente democrático, cosmopolita", conta se referindo aos punks, roqueiros, mulheres da sociedade e pessoas humildes que sentam na praça para descansar. Maria Conceição é dona de uma loja de artesanato, a jeito de Maria, em frente à praça. Junto com ela, a amiga e artista Claudinéia Teixeira Lima Pires, 28, administra o trabalho. A arte extrapola as lojas e a praça Sete de Setembro é o palco para apresentações musicais e feiras nos finais de semana. A área foi planejada e construída na década de 50 e ficou reconhecida pelo nome da rua onde fica. Mas, oficialmente, se chama Aureliano de Gusmão, um ex-vereador de Ribeirão, de 1902. A praça é uma área verde valiosa onde os adultos fazem caminhadas, os adolescentes se encontram e as crianças brincam. A maioria dos moradores da região está na faixa etária entre 20 e 54 anos. O dado reforça a quantidade de produção cultural e artística ribeirãopretana. O comerciante Rogério Restini, 32, do Serjão lanches, diz que o lugar começou como um bar que só servia cerveja. PARTICIPE A participação do leitor é fundamental para o sucesso de "Bairros de Ribeirão". Idéias, críticas, problemas, casos e histórias curiosas devem ser enviados para redacao@gazetaderibeirao.com.br, ou pelo telefone 2101-3012. Bairro é reduto de charme A Vila Madalena que inspira a região do Higienópolis, em Ribeirão, é um dos bairros mais charmosos de São Paulo. Lá estão concentrados bares, restaurantes e casas noturnas conhecidos e ue mantém a tradição de receber pessoas interessantes, artistas e gente descolada. Também na Vila Madalena estão ateliês e estúdios de artistas renomados, músicos, fotógrafos e designers. Com tanto glamour, o metro quadrado de área construída na Vila Madalena é um dos mais valorizados da capital. Basicamente constituído por casas e algumas vilas a Vila Madalena tem recebido alguns investimentos em imóveis verticais. O trânsito no bairro costuma ficar complicado durante as noites, especialmente nos finais de semana. (Gazeta de Ribeirão) Praça tem árvores raras e até saguis A praça que tem um nome, mas é popularmente conhecida por outro, tem tesouros da fauna pendurados nos galhos e da botânica fincados no chão. De acordo com a engenheira agrônoma da Divisão de Parques e Jardins da Secretaria de Infra-Estrutura, Lícia Brasil Cesarino Vecchi, 44, o local tem um volume de área verde significativo. Cerca de 16 mil metros quadrados com árvores raras e nobres, segundo ela. Entre as espécies, estão a peroba rosa, a sapucaia, a figueira, a pau-ferro, a seringueira, a farinha seca e o jacarandá mimoso. Lícia conta que a peroba rosa e a sapucaia são nativas, estão em extinção e são de grande representação ambiental e histórica. "Essas árvores não podem ser cortadas de forma alguma", conta Lícia. Para compartilhar da área verde periquitos e pássaros conversam no fim da tarde na copa das árvores. Recentemente elas também passaram a ter novos habitantes, os sagüis, que não tem explicação definida sobre a sua origem. Além disso a praça tem também um trenzinho que faz a alegria das crianças nas manhãs dos finais de semana. (Gazeta de Ribeirão) PERSONAGENS Josué Muller de Olveira, 51, sorveteiro. É dono da sorveteria do Jô. Está há 21 anos no local. "O nosso sorvete fica exposto e isso aguça a curiosidade do cliente que pode fazer a degustação. Além disso, primamos pela qualidade a um preço acessível". Maria Conceição Spinelli, 48. Socióloga virou comerciante e vende artesanato. "A nossa filosofia é vender um produto que não é encontrado aqui. Para apreciar o valor do artesanato, só mesmo as pessoas de bom gosto que freqüentam a região". Vera Gaetani, 68, aposentada. Ela e a irmã moram em frente à praça Sete de Setembro há cerca de 50 anos e se dizem privilegiadas por isso. "Eu fui criada nessa região e esse lugar me traz boas lembranças o tempo todo". Manoel Martins, 62, taxista. Trabalha no ponto de táxi da praça há 30 anos e se diz conhecido dos idosos da região. "As pessoas que transporto são, em sua maioria, idosas, de um bom nível social e não podem mais dirigir, por isso contam comigo". Germano Travitzki Neto, 59, decorador. Ele tem uma casa no Jardim Recreio, para onde só vai aos finais de semana. "Durante a semana fico aqui. Nesse bairro respiro decoração, cultura e urbanismo". ANGELA PEPE
08 de abril de 2006
O setor da construção civil avançou mais rapidamente no primeiro bimestre do ano e recuperou com pequena folga as perdas em termos de emprego sofridas ao longo de 2005.Em janeiro e fevereiro, foram criadas 36,6 mil novas vagas (+2,6%) em nível nacional. No final de fevereiro, a construção civil no país empregava 1,432 milhão de trabalhadores formais, 3.000 a mais do que o melhor resultado de 2005, de outubro passado.Em 2006, as empresas da área esperam crescimento de até 5,1%, muito acima da média registrada nos últimos 15 anos.Esses e outros dados gerais do setor devem ser apresentados hoje pelo Sinduscon, que representa as empresas do setor."As várias esferas de governo estão tirando as travas neste ano eleitoral, dando um sinal claro às empresas de que se pode acreditar em um crescimento real", afirma João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon.Para 2006, o setor espera investimentos com verbas públicas de R$ 18,7 bilhões para a área habitacional. Um terço dos recursos virá das cadernetas de poupança, e o restante, do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da CEF (Caixa Econômica Federal).Apesar da expectativa de mais emprego e atividade no setor, o Brasil aumentou em mais de 20% o seu déficit habitacional ao longo dos últimos dez anos.Enquanto o país cresceu em média 2,3% ao ano nos últimos 15 anos terminados em 2004, o setor de construção teve um desempenho médio de apenas 1,2%.Para Eduardo Zaidan, da Zaidan Engenharia, apesar da expectativa "moderadamente otimista" para 2006, o governo Lula "não foi bom" para o setor. "Para a área ir bem, é preciso boa gestão em vários setores da economia", afirma.Em uma escala de 0 a 100, pesquisa realizada entre os empresários da construção mostra um grau de otimismo em torno de 50. "Estamos com a água entre a boca e o nariz", afirma Zaidan."Vôos de galinha"O empresário Mauricio Bianchi, da BKO Engenharia, afirma, por exemplo, que o Brasil "só tem crescido para cima", referindo-se aos lançamentos de edifícios empreendidos pelo setor imobiliário nas grandes cidades."Em termos de obras para esgoto, pavimentação e energia elétrica, não tem acontecido quase nada", afirma. Segundo Bianchi, mesmo na área habitacional o setor vem vivendo, assim como a economia como um todo, "vôos de galinha" periódicos.Por região, o nível de emprego na construção apresentou melhores desempenhos no Norte e no Nordeste, 1,5% e 1,7%, respectivamente. O pior resultado foi na região Sul, com aumento de 0,7%.Segundo Bianchi, há cerca de 15 anos a construção civil tinha o dobro dos funcionários de hoje. A maior parte do enxugamento deu-se pela redução da atividade e crises no setor, mas também houve ganhos significativos de produtividade.Em 1995, por exemplo, empresas consideradas produtivas despendiam cerca de 40 homens/hora por m2 construídos. Hoje, a relação é de 32 homens/hora em empresas como a BKO Engenharia. Em obras em que o uso de materiais pré-moldados é intensivo, essa relação já caiu para 16 homens/hora por m2.
08 de abril de 2006
O volume de créditos da poupança para o segmento passou de 25% para 33% no primeiro trimestre deste ano. Mercado espera que até o final de 2006, metade dos R$ 8 bilhões de financiamentos previstos vá para os usados A participação dos imóveis usados nos financiamentos via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) aumentou de 25% para 33% no primeiro trimestre deste ano. De acordo com o diretor executivo do Secovi-SP, Celso Luiz Petrucci, em 2005, 75% dos recursos do SBPE foram aplicados na compra de imóveis novos, mas os primeiros meses de 2006 estão registrando um ligeiro aumento no investimento nos usados. A expectativa é de que o fluxo de créditos para o segmento cresça ainda mais ao longo deste ano. Petrucci acrescentou que em 2005 as aplicações de recursos da caderneta de poupança no mercado imobiliário atingiram R$ 4,8 bilhões. A expectativa do Secovi-SP é que para este ano seja aplicado em torno de R$ 8 bilhões. Esta expectativa é baseada nas aplicações dos primeiros dois meses de 2006, que já atingem quase R$ 1 bilhão. “A previsão é a de que destes R$ 8 bilhões, a metade seja destinada à construção e a outra metade para aquisição de imóveis usados. Política financeira O presidente nacional da ABMH (Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação), Amauri Bellini, acredita que o aumento de investimentos é relativo, pois a linha de financiamentos concedida pelos agentes financeiros atinge uma fatia muito baixa do mercado. Segundo ele, os imóveis usados têm custos menores e por este motivo houve direcionamento para determinada classe de compradores. “Financiamento de imóveis pela Caixa Econômica Federal ou os revendidos em feirões, são os mais acessíveis”, observa. Bellini ressaltou que o comprador deixou de procurar o financiamento, porque a longo prazo ele se torna de risco, devido aos juros, à correção monetária e à falta de atrelamento com a política econômica salarial. “No ato da compra o salário é compatível com o valor da prestação, mas depois o mutuário fica com a corda no pescoço”. O presidente da ABMH disse ainda que parte da população está optando pela aquisição de terrenos ou à participação em cooperativas e consórcios, além do financiamento direto com a construtora. Para ele, se o governo alterar a política financeira empregada no sistema financeiro habitacional, por intermédio de uma nova regra de financiamento o cenário pode mudar ainda mais. Já para as pessoas que pretendem adquirir a casa própria, ele alerta que é necessário muita pesquisa, cautela e atenção como solicitar do vendedor certidões negativas, fiscais e criminais e outras do imóvel desejado, além de dar atenção redobrada ao registro do bem. “O comprador não pode esquecer de registrar o imóvel adquirido”, lembra Bellini. (LM)
08 de abril de 2006
foto: Matheus Urenha/A CIDADEMaurício e Patrícia Ribeiro se casaram há um ano. Morar num cantinho próprio era um desejo que agora se torna realidade. Acabam de comprar uma casa em um condomínio fechado de Ribeirão Preto. Mas foi preciso recorrer ao financiamento imobiliário. O casal pesquisou bastante até decidir a melhor maneira de comprar o imóvel. Com algumas economias guardadas, eles resolveram pagar cerca de 15% do valor da casa direto para a construtora. O restante foi financiado em 20 anos na CEF (Caixa Econômica Federal).“Fizemos a opção por comodidade. Desta forma, as parcelas ficam mais acessíveis, diluídas em 240 vezes”, comenta Maurício. “Além disso, tivemos a facilidade da aprovação do crédito, devido à parceria da construtora com a Caixa” completa. Planejamento rigorosoJá que comprar um imóvel à vista nem sempre é possível, planejamento e pesquisa são fundamentais na hora de decidir pelo financiamento. Para evitar prejuízos e dores de cabeça, o comprador deve ficar atento às linhas de crédito e ao contrato. Assim agiu o casal Luciano Real Cavalheiro e Camila Cavalheiro. Os dois foram minuciosos na avaliação da compra do imóvel. Ficaram na dúvida entre quitar 50% do imóvel à vista e financiar o resto, entrar num consórcio ou financiar 100% do valor. -“Durante seis meses fizemos cálculos e analisamos os benefícios de cada uma das opções para não ter prejuízos”, comenta o marido. Ele afirma que no consórcio o valor seria menor, já que não há juros, somente a correção. Mas a espera para ser contemplado pode levar anos.Decisão ponderadaMesmo dispondo de metade do dinheiro do imóvel, o casal decidiu financiar o valor total. Na decisão, interferiram a taxa de juros cobrada, de 10% ao ano, e as facilidades oferecidas. “Agora, ainda tenho uma reserva para eventualidades e terei um rendimento maior aplicando o dinheiro no mercado de ações”, observa Cavalheiro.MERCADONúmero de prestações e taxa de juros são decisivosNa decisão entre financiar direto com a construtora ou com uma instituição financeira, geralmente o que pesa é a taxa de juros praticada ou o número de prestações. Os bancos oferecem taxas que variam entre 6 % e 12% de juros ao ano. Já as construtoras oferecem, em média, taxas de 1% ao mês. Uma dica dos economistas é planejar o valor das prestações para que não comprometa mais de 25% da renda familiar. Isso acaba sendo um fator decisivo na escolha do financiamento. As incorporadoras ou construtoras oferecem prazos de pagamento, em média, em até 60 meses. Já os bancos chegam a fracionar em 20 anos. Observação“Quando o financiamento é feito direto na construtora é importante observar a idoneidade da empresa” observa João Batista Ferreira, diretor regional do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Mas utilizar o menor prazo é sempre a melhor opção. Assim os juros embutidos serão menores.Atenção ao contratoObservar as cláusulas de um contrato de venda e compra de imóvel pode evitar prejuízos e gastos inesperados no futuro.Uma das causas mais freqüentes de Ações Judiciais envolvendo financiamento de imóveis diz respeito ao reajuste das parcelas.“A cláusula sobre o valor e a forma de reajuste precisa estar clara no contrato”, afirma o advogado e especialista em Direito Imobiliário, Roberto de Almeida Guimarães. A lei 10.931 de 2004 estabelece que só pode haver reajuste anual em financiamentos acima de 36 parcelas. Quem não conseguir mais continuar pagar as parcelas do financiamento do imóvel, por conta do reajuste, pode cair na armadilha da inadimplência.DICAÉ preciso observar o contrato com muita atenção• O valor das parcelas, as correções e as formas de reajuste • O prazo de entrega do Imóvel, quando a compra é feita ainda na planta• As multas previstas em casos de inadimplência ou atraso no pagamento das parcelas • As multas em casos de rescisão contratual. E a possibilidade de transferência do financiamento, se for necessário vender o imóvel. Valeska Mateus
02 de abril de 2006