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Material de construção fica até 27% mais caro

O reaquecimento da economia ao longo de 2010 afetou os preços do materiais de construção e acabamento de imóveis no varejo. Dados do Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (ICV-Dieese) mostram que o aumento acumulado entre janeiro e julho deste ano atingiu 6,1% ante variação negativa de 1% registrada no mesmo período do ano passado. No caso da areia, a alta chegou a 27%.


Para Cláudio Felizoni, coordenador do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-Fia), o aumento é fruto da recuperação da demanda, que levou os varejistas a elevarem os preços. Felizoni destaca que entre 2004 e 2010, a participação das famílias com ganhos mensais até R$ 500 na massa de rendimentos da economia nacional aumentou de 35% para 50%.


Segundo Felizoni, a elevação significa que consumidores desse grupo passaram a comprar mais e, no caso de material de construção, a demanda para essa faixa de renda estava reprimida. Além disso, afirma o coordenador da Fia, cerca de 70% do comércio do setor é feito aos poucos, em pequenas quantidades e boa parte em estabelecimentos comerciais de bairro, que em geral não têm o mesmo fôlego para negociar preços com as grandes redes.


Felizoni acredita que esse consumo de pequenos compradores, o chamado “comércio formiguinha”, seja fruto de uma tentativa de economizar nos gastos com o frete, que pode representar até 5% do valor final da operação, segundo o produto transportado e o local da entrega.


A coordenadora do ICV do Dieese, Cornélia Porto, também atribui o aumento de preços à recuperação da economia. Segundo o levantamento, que mede a inflação na capital, as maiores altas foram registradas nos preços da areia, que subiu 27,6% no acumulado dos sete meses, e do tijolo, cuja elevação foi de 9,2%. “São produtos básicos nos quais o aumento acaba refletindo mais”, afirma.


Nenhum dos dois produtos está na lista de itens cujas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foram reduzidas pelo governo em abril de 2009. O aumento de preços, porém, também pegou produtos incluídos na lista de IPI menor, entre eles o cimento, cuja alíquota era 5% e foi zerada, e as tintas, cujo imposto de 4% também foi suspenso. As baixas têm previsão para vigorar até dezembro.


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Adriano Gomes, professor de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), confirma que os aumentos são reflexo da recuperação da economia. ?Com a melhora, o comércio aproveita para recompor parte de seu lucro?, diz.


Gomes não acredita que uma evolução dos preços, mesmo com o fim da redução do IPI, desestimule a procura. ?Parte dos aumentos ocorreu em produtos que tiveram redução em 2009?, diz.


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