Enquanto construtoras limitam a 1% o desperdício de materiais com uma gestão profissionalizada, reformas residenciais, geralmente geridas pelos proprietários do imóvel ou profissionais sem gerenciamento, podem desperdiçar até 40% do total de materiais, de acordo com o engenheiro civil Ubiraci Espinelli Lemes de Souza. "Cerca de 60% da construção civil brasileira não tem gestores habilitados. Essa gestão é essencial mesmo em reformas residenciais."
As perdas podem gerar ou não entulho e são resultado de uma obra mal planejada, que incorpora mais materiais que o necessário. Uma parede reta, com falha no revestimento de massa, pode consumir bem mais material que o necessário.
A perda com entulho geralmente é resultado de manejo de materiais com imperícia. "Cortados de forma errada, pisos e revestimentos acabam quebrando. Um erro comum é misturar o gesso à água por mais tempo que o necessário", exemplifica Souza.
Apesar da perda com o entulho trazer o inconveniente de encaminhá-lo a aterros e transbordos, a perda incorporada muitas vezes é maior que a perda com entulho, cita o engenheiro.
"Materiais moldados, como argamassa, gesso e componentes de alvenaria, além de concreto e madeira, utilizada em moldagem de estruturas, concentram as maiores perdas."
Se houver desperdício, nem tudo está perdido. É possível reutilizar essas sobras de materiais na própria obra. Um exemplo são as sobras de blocos de concreto, que podem constituir uma nova argamassa. Como estão endurecidos, basta moê-los novamente. Caso opte pela reciclagem, o entulho pode ser usado como base para pavimentação urbana.
Souza aconselha a não comprar materiais apenas pelo menor preço em vez de buscar custo-benefício. "Na periferia de São Paulo, existem fábricas de bloco de péssima qualidade. Os materiais são menos resistentes e vendidos em tamanhos menores. O que poderia ser construído com 13 blocos por metro quadrado acaba utilizando 22, seja porque quebrou ou desmanchou, e a parede tem de ser construída novamente."
Considere ainda conservar materiais. Evite pilhas com mais de 2 metros de altura, que permitam que os materiais sejam arremessados e corram o risco de quebra. Sacos de cimento devem ser isolados da chuva em local coberto, sem encostar na parede ou no chão.
Jornal da Tarde -04/05/2009