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Projeto é fundamental para aproveitamento de terreno irregular

Há uma crença no mercado imobiliário que diz que o ponto é o principal quando se trata de fazer um bom negócio. Ou seja: se o terreno está bem localizado, outros fatores negativos poderão não ter grande impacto na hora de ocupar o espaço. Mas caso o terreno tenha dimensões irregulares, como usufruir daquele local?


Para o arquiteto Edison Lopes foi um desafio projetar um centro de conveniência em um terreno irregular. "Hoje em dia, temos que levar em consideração diversas variáveis para construir em São Paulo. Temos que prever uma vaga de estacionamento a cada 35 m2, além de vagas para motos, ambulância e carga e descarga. A legislação também prevê que 15% da área seja permeável, para ajudar a prevenir alagamentos", conta.


Além disso, Lopes ainda tinha que respeitar um recuo adicional devido ao alargamento da rua. Dos 2.700 m2 do terreno, só foi possível construir em 2.000 m2.


"Tudo isso é um tempero para fazer um projeto bacana. Mas, para aproveitar bem um terreno "diferente", é importante que haja um profissional ali para fazer algo interessante, que seja viável, que respeite a lei e que seja o que o cliente quer", aponta.


Regras

Para o professor de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie Sami Bussab, os terrenos com maior dificuldade de construção são aqueles em formato de triângulo.


"Aí começa a ficar bem mais difícil de construir ou comercializar, principalmente se o terreno não tem grandes dimensões", pondera.


Nesses casos, Bussab acredita que o melhor seria haver uma comissão especial para apresentar esse tipo de trabalho na prefeitura. "Um projeto em um terreno muito irregular merece análise especial por parte do município --que conta com muita gente especializada no assunto", defende.


Contatada pela reportagem, a assessoria de imprensa da secretaria das subprefeituras afirmou que não há variação de recuos para terrenos com perímetro irregular, desde que se respeite a lei de zoneamento e que não invada o passeio.


Opções


O arquiteto Marcelo Rosset dá algumas dicas para quem comprou um terreno estreito e longo e pretende construir ali. "Se o zoneamento do local permitir, é possível fazer uma casa geminada --assim, só há um recuo lateral a ser respeitado", sugere.


Para Caio Portugal, vice-presidente de desenvolvimento imobiliário e meio ambiente do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário), esse tipo de imóvel fica com seu uso comprometido se for comercial.


"Em função dos recuos, um terreno desse tipo fica provavelmente menos atrativo ao mercado, já que, dependendo do local, não conseguirá se verticalizar tanto", pontua.


Já Luis Sérgio Coelho, professor de construção civil e urbanismo da FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que o maior problema de terrenos recortados é conhecer o código de obras do local.


"Não importa o formato do terreno, desde que a construção seja acompanhada de perto por um profissional que conheça a legislação".


MARIANA DESIMONE- colaboração para a Folha de S.Paulo

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