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Arquitetos duelam contra as limitações das metrópoles

Pelo que se pode ver nos trabalhos expostos na Bienal, limitações inerentes a uma grande metrópole em termos de espaço, segurança e paisagem não parecem exercer o mesmo efeito restritivo sobre as idéias dos arquitetos.

Pouca área, por exemplo, não é obstáculo para os expositores. "Como os lotes urbanos estão cada vez menores, verticalizar a construção possibilita um melhor aproveitamento da área", afirma o arquiteto Maxim Bucaretchi, 52, que mostra uma moradia com três pavimentos.

Se não há lugar, é possível até instalar-se sobre outras residências ou espaços livres na cidade. Essa é a proposta da suspensa Casa K, concebida pelo escritório de arquitetura Ultradesign. Ela se parece com um contêiner e pode ser transportada a cada vez que o dono se mudar.

O escritório André Vainer e Guilherme Paoliello Arquitetos também resolveu optar por três pavimentos para aproveitar bem um terreno no Pacaembu que tinha grandes recuos.

"Aberturas extensas ampliam visualmente o interior da casa, porque agregam a paisagem externa", comenta o arquiteto André Vainer, 49.

Pensando nisso, o arquiteto Beto Madureira concebeu, em um terreno elevado, uma casa que proporciona boa visão da cidade, acima da copa das árvores de uma área verde localizada em frente.

A morada mostrada pela arquiteta Monica Drucker ganhou boa vista com a área social e de lazer projetada no primeiro andar, e não no térreo.

Esse artifício também confere melhor iluminação ao ambiente e mais privacidade para os moradores, pois quem passa na rua só tem vista para a garagem.

"No interior, o pé-direito duplo com mezanino favorece a integração dos familiares e a ventilação", completa Drucker.

Segurança

Para quem não quer se sentir exposto abrindo a casa para fora, uma solução é abri-la para o lado de dentro. Assim, o arquiteto Thiago Nieves explica o projeto que idealizou em dupla com o também arquiteto Luiz Alberto Fresl Backheuser para uma cliente que queria conjugar segurança e abertura.

"A residência é fechada por fora, mas os ambientes se voltam para três pátios internos. E, se todas as portas de vidro forem abertas, ganha-se uma área de 125 m2." O fechamento dos pátios será feito com pérgulas (vigamentos vazados de madeira).

A Casa K, que tem aberturas nas extremidades, aposta em um sistema de câmeras e em uma escada retrátil para evitar invasões.

Sustentabilidade

Racionalizar a habitação para consumir menos recursos da metrópole também é uma proposta bastante presente nos trabalhos.

A Casa Autônoma, que deve ficar pronta no final do ano, em Brasília, reúne diversos sistemas sustentáveis, como aquecimento solar, produção de energia a partir do sol e do vento, tratamento da água usada e captação de chuva para reaproveitamento.

O projeto de Aquiles Miyamoto, 40, e Gilson de Carvalho, 37, é outro que aposta em soluções sustentáveis: aquecedor solar e captação de água da chuva.

As placas coletoras no telhado têm serpentinas de cobre pretas, que aquecem a água que será usada no chuveiro e nos lavatórios. "Isso reduz em 35% o consumo de energia", calcula Miyamoto.

Na casa concebida pelos arquitetos Angelo Bucci, Marta Moreira, Fernando de Mello Franco e Milton Braga, outro engenho pode manter o clima interno com boa temperatura sem precisar gastar energia.

"O espelho-d'água na laje ajuda no isolamento térmico e a evitar infiltrações, porque impede que ela sofra dilatação e retração súbitas quando há mudanças de temperatura", explica Bucci, 39.
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