Rio de Janeiro - No século passado, as cidades assistiram a mudança de endereço de atividades portuárias e industriais. Armazéns, galpões e depósitos ficaram no abandono, sob ação da corrosão do tempo. Hoje, essa arquitetura peculiar, ampla e com estrutura em ferro cede, no entanto, seus espaços para atividades culturais, serviços e até para moradia. Nos projetos de decoração do Casa Cor 2009, arquitetos se inspiram no estilo dos armazéns para dar novas roupagens aos ambientes da Tribuna Popular do Jockey Club.
O gênero rústico e o tom inacabado são revelados nas cores neutras, nos objetos decorativos, na iluminação e nos materiais utilizados para criação de móveis e estruturas de acesso aos ambientes.
“Acho que pode ser uma nova tendência. Com a revitalização da Zona Portuária do Rio, a atmosfera dos galpões está inspirando projetos de decoração, valorizando esses espaços de pé-direito alto, sem divisórias tradicionais. No Casa Cor, percebe-se a transferência desta atmosfera para a ambientação, para os móveis e também para a iluminação”, diz Patrícia Meyer, organizadora do evento.
No estúdio atelier, os arquitetos Mário Santos, Eliane Amarante e Denise Niemeyer se aproveitaram da volumetria do ambiente e das cores fechadas. Objetos decorativos em ferro fundido e iluminação baixa fazem parte da decoração. Um quadro azul assinado por Burle Marx faz um contraponto com o tom do espaço. O ambiente é composto por dois andares. No primeiro fica a sala e no segundo, um mezanino guarda o quarto e banheiro. O acesso ao espaço superior é feito por uma escada de madeira com corrimão de ferro.
Um antigo almoxarifado foi transformado em restaurante pela arquiteta Solange Medina. Na parede, tijolos maciços, enquanto o piso é revestido por um laminado de madeira. O teto merece atenção especial pelo seu gradeado de ferro e as mãos francesas.
“Aproveitei todos os elementos do almoxarifado na decoração, que estão dispostos de uma maneira displicente, sem preocupação com a estética, mas sim, com a arquitetura. A mistura desses elementos com as mesas de aço, cadeiras de palha e com o piso deu um resultado que nos remete ao Cais do Porto restaurado”, explica Solange Medina.
Containeres de madeira ganharam nova leitura no estúdio do estudante, projetado por Ângela Leite Barbosa que foram transformados em mesas, estantes, cama e pia. Além disso, são facilmente desmontáveis e transportáveis. Nas paredes, a arquiteta optou pelo tom neutro, o que remete o observador ao espaço dos galpões. A roldana da porta divisória entre a sala e o quarto ficou exposta, propositadamente, para dar esse toque do inacabado, próprio dos armazéns.