Especialista recomenda atenção com contrato e cuidados com financiamento e juros na hora de fechar negócio. Atenção ao assinar o contrato e cuidado ao fazer um financiamento. Estas são atitudes simples e imprescindíveis para concretizar um bom negócio, dizem os especialistas. No entanto, é uma minoria que está atenta para detalhes que podem fazer toda a diferença e que, se não observados, podem trazem dor de cabeça ao comprador ou investidor de imóveis.
A jornalista Luciana Grili comprou um terreno no Condomínio Villa D Itália e, até a casa ficar pronta, em 2002, Luciana passou por alguns problemas que conseguiu resolver com persistência e orientação. "Levei o contrato para meu irmão que é advogado e conseguimos alterar algumas cláusulas que não estavam totalmente de acordo com a lei", conta. Isso possibilitou que a jornalista conseguisse, por exemplo, mudar o terreno em que seria erguida a construção da casa de aproximadamente 176 metros quadrados. "Insisti em ver as obras e a construtora permitiu. Eu não havia gostado do lugar onde seria a minha casa e eles trocaram por duas vezes, numa boa".
Problemas relacionados ao contrato e às taxas inseridas no valor do imóvel são dois dos mais comuns entre compradores de imóveis. De acordo com o advogado especialista em direito imobiliário, Roberto de Almeida Guimarães, a falta de atenção na hora da assinatura do contrato pode lesionar o cliente, sendo mais difícil recorrer à justiça, nesse caso. "Muitas vezes vemos taxas abusivas de juros no financiamento, chegando a 40 ou 50%, sendo que o permitido por lei é de até 15% ao ano. Mesmo tendo assinado o contrato, o cliente pode recorrer porque esta é uma prática ilegal", afirma.
Sendo uma das formas mais comuns utilizadas para a aquisição de imóveis, o financiamento pode trazer mais segurança para o negócio e, segundo a economista Rosalinda Chedian Pimentel, o cliente deve pensar em duas opções na hora de fechar o negócio: o financiamento próprio pela construtora ou o financiamento pelo banco, sendo esta última a mais recomendável. "O financiamento pela construtora tem taxas altíssimas porque elas pegam empréstimo de bancos e cobram juro em cima de juro", explica. Ainda de acordo com ela, a instituição financeira que oferece menor taxa de juros é a Caixa Econômica Federal, que tem taxas de cerca de 12% ao ano.
A economista acredita que há algumas opções para evitar futuras complicações, que devem ser levadas em consideração antes da concretização da compra. "É interessante fazer uma poupança antes, para depois pegar o mínimo de financiamento possível. Outra opção é usar o fundo de garantia para pagar esse financiamento, ou dar de entrada ou ainda abater as prestações", indica.
Já após o acordo de compra, um dos problemas mais temidos é a inadimplência. O comprador pode ficar até dois meses sem pagar as parcelas, sendo que, depois disso, o imóvel pode ir a leilão. "Os brasileiros têm o hábito de empurrar as dívidas, correndo o risco de perder cem por cento do seu investimento", comenta Rosalinda.
Por outro lado, as construtoras também são responsáveis por alguns dos entraves que atrapalham os negócios. Por causa da burocracia que envolve o processo de liberação da construção do condomínio ou de qualquer outra obra, muitas construtoras acabam "encurtando o caminho", passando a anunciar o produto e até a comercializar as unidades antes mesmo de ter o aval dos órgãos públicos competentes. "Também é importante checar se o condomínio está dentro das normas, regularizado. É só verificar essa informação nos cartórios extra-judiciais", alerta Guimarães.
DICAS PARA UM BOM NEGÓCIO
- Analisar a idoneidade da construtora e do corretor
- Não se deixar levar pela propaganda
- Ler o contrato com o máximo de atenção, inclusive as letras miúdas
- Não se iludir com o show room ou com as casas decoradas
- Tirar fotos do show room e exigir que a casa a ser construída esteja dentro daqueles padrões
- Comparar a via do empreendimento com a que está no registro do Cartório
- Evitar o financiamento próprio; é melhor viabilizá-lo através de um banco de sua confiança
- Fazer uma poupança antes de comprar o imóvel
- Financiar o menor valor possível.
FRANCINE MICHELI
Especial para a Gazeta de Ribeirão