A internet virou aliada de condomínios de São Paulo para encurtar as longas discussões das assembleias. Antes da reunião, um sistema on-line permite a condôminos comentar e discutir propostas do síndico durante um período determinado por ele.
A votação, porém, continua sendo presencial. Quem não pode ir vota por procuração ou no site --desde que tenha certificação digital. A implantação do sistema demanda aprovação de 2/3 dos moradores em assembleia presencial e registro no estatuto do condomínio.
No Residencial das Ilhas, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), a dificuldade para reunir os condôminos nas reuniões levou a síndica Silmara Reis, 36, a testar o sistema com 40 moradores no final do ano passado, após a aprovação da proposta em assembleia.
"Quem tem que trabalhar e não pode participar, por exemplo, tem a opção de votar por meio de uma procuração e acompanhar a discussão pela internet como se fosse em um fórum", afirma.
De acordo com a síndica, não houve gastos com a implantação, mas há uma taxa mensal de manutenção de R$ 29,90, rateada entre os moradores. "Fazemos parcerias com os condôminos que atuam no setor de vendas e serviços. Eles anunciam no site e pagam um valor simbólico para ajudar no caixa", explica.
MAIS PARTICIPAÇÃO
Segundo Carlos Henrique Cêra, diretor de produtos da Superlógica, empresa que criou o projeto da assembleia virtual, a participação dos condôminos passou de 10% para 70% com a tecnologia. "Em um minuto, o morador registra sua opinião sobre a discussão na internet."
Apesar das vantagens, a tecnologia esbarra na burocracia, diz Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário). "Pode haver troca de comentários, mas a presença física é crucial para a gestão do condomínio", comenta.
Para ele, entre os desafios que essa tecnologia deve superar estão a legitimação do voto e a democratização do acesso à internet.