Uma simples pintura no chão transformou o terraço do famoso edifício Copan,
no centro de São Paulo, em pista de corrida. Com muita vontade e poucos
recursos, o síndico Affonso Celso de Oliveira também conseguiu dar nova cara à
área antes utilizada somente para reuniões de condomínio. Agora, ela funciona
como espaço para aulas de ioga e de dança.
Esse é apenas um exemplo de
como, com mudanças simples, espaços comuns pouco utilizados podem voltar a ser
habitados pelos condôminos, que de quebra ganham uma área de lazer.
No
caso das mudanças realizadas no Copan, o custo para os moradores foi
praticamente zero. "Não gastamos quase nada. Quem quer freqüentar as aulas paga
o que pode ao professor", conta Oliveira.
A preocupação em relação ao
aumento da taxa de condomínio breca grande parte das mudanças que poderiam ser
feitas nos prédios, especialmente naqueles onde os idosos formam a maior parte
dos moradores. Segundo síndicos, eles se recusam a investir em espaços que não
vão usar.
Mas o investimento pode valer a pena, pois, segundo
especialistas, geralmente o condomínio e o apartamento se valorizam com a
reforma das áreas comuns.
No prédio onde mora a gerente Rosa Slemian, na
zona oeste de São Paulo, não houve resistência quando surgiu a idéia de
transformar um grande jardim, localizado próximo à piscina e até então pouco
utilizado, em playground e churrasqueira.
"Na época, cerca de dez anos
atrás, quase todos os moradores tinham filhos ou netos", explica a gerente. De
acordo com Slemian, o condomínio encareceu um pouco no período de obras, que
durou cerca de cinco meses, mas depois voltou ao patamar anterior. "O importante
é que o espaço passou a ser realmente utilizado."
Todas as
idadesO condomínio do professor universitário Jozimas Lucas, na zona
oeste, também passou por um processo de revitalização. Primeiro, os moradores
utilizaram o espaço de uma garagem quase sem uso para construir outra. Com a
obra, os 128 apartamentos dos dois prédios do condomínio ganharam uma nova
vaga.
Sobre a nova garagem foi feito um espaço de "quase 700 m2 de área
de lazer", calcula Lucas. O projeto foi feito pelo arquiteto paisagista George
Gavalas.
Em oito meses, uma quadra, antes abandonada, foi ampliada e hoje
é usada para a prática de várias modalidades esportivas. O condomínio ganhou
ainda uma praça com chafariz e um parquinho com brinquedos de
madeira.
Por causa das obras, o valor do condomínio, que era de R$ 550,
subiu para R$ 700 durante as obras. Mas esse aumento, conta Lucas, não foi
motivo de queixas dos moradores.
"Todos sentem as mudanças, pois o espaço
rejuvenesceu. Hoje ele é freqüentado por pessoas de todas as idades", relata. O
próximo passo no condomínio é transformar duas salas em videoteca e
brinquedoteca.
As adaptações de jardins em playgrounds e de salões em
salas de ginástica são as mais comuns. Porém, outras mais inovadoras também vêm
ganhando espaço.
Segundo Angélica Arbex, supervisora de marketing da
Lello Condomínios, prédios com grande número de adolescentes estão transformando
salas vazias em espaço de ensaio para bandas e áreas ociosas em pistas de skate.
"Esses edifícios têm perfil de classe média e estão espalhados por toda a
cidade", caracteriza.
Folha de S.Paulo - 09/01/06