O consórcio imobiliário pode ser uma alternativa para quem deseja adquirir um imóvel, mas não tem o dinheiro à vista e não quer recorrer a um financiamento. O grande diferencial entre o consórcio e o financiamento são as taxas de juros. Enquanto o financiamento sofre um reajuste médio de 160% sobre o valor do crédito até o final do contrato, nos consórcios esse índice não costuma ultrapassar 30%, somadas taxas de administração e o reajuste anual do valor da cota.
A desvantagem é que, ao fazer um financiamento, o cliente pode ir morar imediatamente no seu imóvel. Já no consórcio, ele precisa esperar ser contemplado.
Procura
Por isso, o consórcio tem sido uma opção mais procurada por quem não tem pressa em adquirir o imóvel. Ou então vê no consórcio uma modalidade de investimento, explica o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Paulo Lins.
“Tem gente que investe em uma carta de crédito e depois vende com um ágio de 20% a 30%”, explica Lins.
Além do sorteio, outra forma de premiação do consórcio é por lance, que pode ser livre ou fixo. A maior parte das operadas trabalha com valor fixo de 20% do valor total da carta de crédito. Outras também oferecem uma segunda opção, de valor um pouco superior, em geral, 30%.
Os lances podem ser uma boa saída para quem opta por consórcio, mas tem pressa em ter o imóvel nas mãos. “Mas isso quando o cliente tem um dinheiro guardado que possa usar para dar o lance”, orienta o representante comercial da Rodobens Consórcio, Carlos Alberto Batista da Silva. O valor do lance é usado para amortizar a dívida.
VALOR
Utilização de recursos do FGTS é outra opção
Para quem não pretende esperar ser contemplado pelo sorteio, outra alternativa é usar o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Um casal, por exemplo, pode usar o benefício dos dois cônjuges e agregar valores. “O FGTS pode ser usado para dar lance ou para complementar o valor da carta de crédito, possibilitando a compra de um imóvel melhor, de preço maior”, explica Silva, do Rodobens Consórcio.
Prazo
O prazo dos consórcios em geral é de 120 meses, mas é possível encontrar variações de 60, 90 e até 174 meses. Os valores do crédito também podem variar bastante. Há operadoras que trabalham com cartas a partir de R$ 15 mil e chegam até R$ 180, R$ 200 mil.
Lance
O designer Mário Cunha utilizou o consórcio imobiliário para adquirir sua casa própria. Ele utilizou um dinheiro que tinha guardado e deu lance para tirar uma carta de crédito de R$ 22,5 mil. Com o restante do dinheiro, ele complementou o valor e acabou comprando um imóvel de R$ 58 mil.
Com isso, Cunha conseguiu reduzir o prazo do consórcio de 144 meses praticamente pela metade. “Já paguei durante um ano e acredito que em mais quatro anos eu consiga quitar a dívida”, calcula ele, que paga hoje uma prestação de R$ 220. A partir de julho, aniversário da cota, o valor será reajustado para R$ 245. “É mais ou menos 10% de aumento por ano”, avalia.
SERVIÇO
Vendedor sugere retirada do valor total do imóvel
Para quem pretende adquirir imóvel através de consórcio e utilizar um dinheiro poupado, os vendedores dão uma dica. É preferível adquirir uma carta de crédito no valor total do imóvel desejado do que um crédito complementar que, somado aos recursos próprios, totalizaria o valor do bem em vista.
“Porque neste caso você pode utilizar o dinheiro para dar o lance e adquirir o imóvel mais rapidamente, sem ter que esperar o sorteio”, diz Silva.
Antes de assinar o contrato, Paulo Lins, da CEF, orienta que o cliente verifique se as parcelas do consórcio se encaixam no seu orçamento.
Para quem paga aluguel, essa matemática deve levar em consideração que além desta despesa haverá ainda a parcela mensal do consórcio.
“É preciso verificar se a pessoa ou a família se encaixa no perfil de consorciado”, conclui Carlos Alberto Silva, da Rodobens.
OPÇÕES
Sites de instituições trazem simulações de valores
Os sites das instituições bancárias e das empresas de consórcio costumam trazer simuladores para auxiliar quem pretende adquirir uma carta de crédito imobiliário.
Através dos simuladores é possível saber o valor mensal das parcelas e o prazo de pagamento, com base no valor total do crédito pretendido.
Veja abaixo três simulações feitas no site da Caixa Econômica Federal.
Simulação de crédito
Valor da carta de crédito: R$ 40.000,00
Prazo de pagamento: 90 meses
Taxa de adm. antecipada(1%): R$ 100,00 x 4
(já incluídos no valor da prestação)
Total Taxa Administração: 15%
Fundo de Reserva: 5%
Seguro Habitacional Compreensivo: 0,03863% do saldo devedor inicial
Valor da 1ª prestação: R$ 633,33
Valor da 2ª a 4ª prestação: R$ 651,88
Valor das demais prestações: R$ 551,88
Valor da carta de crédito: R$ 65.000,00
Prazo de pagamento: 120 meses
Taxa de adm. Antecipada (1%): R$ 162,50 x 4
(já incluídos no valor da prestação)
Total Taxa Administração: 17%
Fundo de Reserva: 5%
Seguro Habitacional Compreensivo: 0,03863% do saldo devedor inicial
Valor da 1ª prestação: R$ 823,33
Valor da 2ª a 4ª prestação: R$ 853,97
Valor das demais prestações: R$ 691,47
Valor da carta de crédito: R$ 90.000,00
Prazo de pagamento: 120 meses
Taxa de adm. antecipada(1%): R$ 225,00 x 4
(já incluídos no valor da prestação)
Total Taxa Administração: 17%
Fundo de Reserva: 5%
Seguro Habitacional Compreensivo: 0,03863% do saldo devedor inicial
Valor da 1ª prestação: R$ 1.140,00
Valor da 2ª a 4ª prestação: R$ 1.182,42
Valor das demais prestações: R$ 957,42
Jornal A Cidade - 15/01/06 |
Anna Regina Tomicioli |